São Paulo teve uma experiência
impressionante com Jesus. Ele relata na segunda Carta aos coríntios.
Primeiro começa dizendo que “foi arrebatado ao paraíso e lá ouviu
palavras inefáveis, que não é permitido a um homem repetir”. Depois,
relata o seguinte: “para que a grandeza das revelações não me levasse ao
orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me
esbofetear e me livrar do perigo da vaidade. Três vezes roguei ao Senhor
que o apartasse de mim. Mas ele me disse: Basta-te minha graça, porque é
na fraqueza que se revela totalmente a minha força. Portanto, prefiro
gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de
Cristo”. (2 Cor 12,4-10).
Ninguém sabe ao certo o que era “esse
espinho na carne” de São Paulo, mas certamente era algo que muito o
incomodava. Alguns dizem que era uma doença nas vistas, outros dizem que
ele tinha contraído malária; enfim, era algo que o fazia sofrer.
O mais interessante é que Paulo pediu a
Jesus que retirasse dele esse espinho, mas o Senhor disse: Não! E ele
entendeu porquê: para que “a grandeza das revelações não me levasse ao
orgulho”, uma vez que ele tinha sido “arrebatado ao paraíso e lá ouviu
palavras inefáveis, que não é permitido a um homem repetir”. Paulo podia
ficar vaidoso, então o Senhor o impedia com o espinho na carne. Conosco
também acontece o mesmo, especialmente quem se destaca.
Certamente cada um de nós tem esse
espinho na carne, que pode ser de fundo físico ou espiritual. Certa vez
eu experimentei um espinho desses, na alma, é pior do que no corpo.
Sentia-me com uma brasa na alma ou uma flecha no coração. Roguei também
ao Senhor, insistentemente, que me livrasse daquele espinho, mas Ele não
me livrou. Então comecei a procurar a causa do Senhor me manter naquela
situação. Deixei minha alma em silêncio, para tentar ouvir a Sua voz.
No silêncio da dor da alma, parece que
uma voz falava no meu intimo: “Quanto maior for o sofrimento oferecido a
Deus, com amor, mais nós o agradamos, mais temos méritos diante Dele e
mais se apressa a nossa santificação”. Então entendi que o Senhor
providenciava a minha salvação. Deixava-me naquele purgatório terreno, o
tempo que for necessário, para me purificar. Lembrei-me do
Eclesiástico: “prepara a tua alma para a provação, humilha teu coração,
espera com paciência, sofre as demoras de Deus, não te perturbes no
tempo da infelicidade. Na dor permanece firme, na humilhação tem
paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata e os
homens agradáveis a Deus pelo cadinho da humilhação” (Eclo 2,1-6).
E a voz continuava a me dizer: “A prata e
o ouro só ficam purificados no fogo quando começam a refletir neles o
Rosto do ourives”.
Entendi que nossa purificação só termina quando o Rosto de Deus brilha em nossa alma; antes as escórias têm de serem queimadas.
Mas, muitas delas não as vemos; e por isso achamos que não as temos, mas Deus as vê, e quer remove-las de nós. Paciência!
São Paulo disse aos romanos que “Deus nos predestinou para sermos conforme a imagem do Seu Filho” (Rom 8,29). É a meta de Deus para cada filho, ver o Rosto de Jesus em nós. Então, nossa purificação só terminará – como o ouro e a prata – quando Jesus estiver formado em nós. Isto começa aqui e pode ser concluído na eternidade, no Purgatório.
São Paulo disse aos romanos que “Deus nos predestinou para sermos conforme a imagem do Seu Filho” (Rom 8,29). É a meta de Deus para cada filho, ver o Rosto de Jesus em nós. Então, nossa purificação só terminará – como o ouro e a prata – quando Jesus estiver formado em nós. Isto começa aqui e pode ser concluído na eternidade, no Purgatório.
Não desanimemos e nem desesperemos, é uma
grande e bela obra de Deus. Todos os santos passaram por isso para
chegar ao céu. No silêncio da meditação Deus me ensinava que é na
paciência com este espinho na carne que temos a oportunidade de rezar
mais.
Como disse João Paulo II, “quanto mais se
sofre, mais é necessário rezar”. Além disso, é uma grande oportunidade
de oferecer a dor pelos outros: a saúde e a salvação dos entes queridos,
o sufrágio das almas do Purgatório, as lutas da Igreja, a santificação
do clero, etc. É nisso que Deus nos liberta de nós mesmos, de nossos
egoísmos, vanglória, apegos desordenados, busca de prazeres,
maledicências, iras, invejas…
Entendendo a importância disso, São Paulo
disse aos coríntios: “de mim mesmo não me gloriarei, a não ser das
minhas fraquezas. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas,
nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por
amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte”
(2Cor 12,5).
É em nossa fraqueza que Deus vem em nosso
auxilio com a sua graça. Basta-te a minha graça! Não entendemos bem
porque Ele permite esse espinho em nossa carne; mas Ele nos conhece e
nos ama, sabe qual é o remédio que nossa alma precisa.
É o Médico que deve prescrever o remédio, e não o doente.
Prof. Felipe Aquino
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