A liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum recorda a cada cristão a
grave responsabilidade de ser, no tempo histórico em que vivemos,
testemunha consciente, ativa e comprometida desse projeto de
salvação/libertação que Deus Pai tem para os homens.
O Evangelho apresenta-nos dois exemplos opostos de como esperar e preparar a última vinda de Jesus. Louva o discípulo que se empenha em fazer frutificar os “bens” que Deus lhe confia; e condena o discípulo que se instala no medo e na apatia e não põe a render os “bens” que Deus lhe entrega (dessa forma, ele está a desperdiçar os dons de Deus e a privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito).
Na segunda leitura, Paulo deixa claro que o importante não é saber quando virá o Senhor pela segunda vez; mas é estar atento e vigilante, vivendo de acordo com os ensinamentos de Jesus, testemunhando os seus projetos, empenhando-se ativamente na construção do Reino.
A primeira leitura apresenta, na figura da mulher virtuosa, alguns dos valores que asseguram a felicidade, o êxito, a realização. O “sábio” autor do texto propõe, sobretudo, os valores do trabalho, do compromisso, da generosidade, do “temor de Deus”. Não são só valores da mulher virtuosa: são valores de que deve revestir-se o discípulo que quer viver na fidelidade aos projetos de Deus e corresponder à missão que Deus lhe confiou.
O Evangelho apresenta-nos dois exemplos opostos de como esperar e preparar a última vinda de Jesus. Louva o discípulo que se empenha em fazer frutificar os “bens” que Deus lhe confia; e condena o discípulo que se instala no medo e na apatia e não põe a render os “bens” que Deus lhe entrega (dessa forma, ele está a desperdiçar os dons de Deus e a privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito).
Na segunda leitura, Paulo deixa claro que o importante não é saber quando virá o Senhor pela segunda vez; mas é estar atento e vigilante, vivendo de acordo com os ensinamentos de Jesus, testemunhando os seus projetos, empenhando-se ativamente na construção do Reino.
A primeira leitura apresenta, na figura da mulher virtuosa, alguns dos valores que asseguram a felicidade, o êxito, a realização. O “sábio” autor do texto propõe, sobretudo, os valores do trabalho, do compromisso, da generosidade, do “temor de Deus”. Não são só valores da mulher virtuosa: são valores de que deve revestir-se o discípulo que quer viver na fidelidade aos projetos de Deus e corresponder à missão que Deus lhe confiou.
LEITURA I – Prov 31,10-13.19-20.30-31
Leitura do Livro dos Provérbios. Quem poderá encontrar uma mulher virtuosa?
O seu valor é maior que o das pérolas.
Nela confia o coração do marido, e jamais lhe falta coisa alguma.
Ela dá-lhe bem-estar e não desventura, em todos os dias da sua vida.
Procura obter lã e linho e põe mãos ao trabalho alegremente.
Toma a roca em suas mãos, seus dedos manejam o fuso.
Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente.
A graça é enganadora e vã a beleza; a mulher que teme o Senhor é que será louvada.
Dai-lhe o fruto das suas mãos, e suas obras a louvem às portas da cidade.
O seu valor é maior que o das pérolas.
Nela confia o coração do marido, e jamais lhe falta coisa alguma.
Ela dá-lhe bem-estar e não desventura, em todos os dias da sua vida.
Procura obter lã e linho e põe mãos ao trabalho alegremente.
Toma a roca em suas mãos, seus dedos manejam o fuso.
Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente.
A graça é enganadora e vã a beleza; a mulher que teme o Senhor é que será louvada.
Dai-lhe o fruto das suas mãos, e suas obras a louvem às portas da cidade.
AMBIENTE
O “Livro dos Provérbios” apresenta várias coleções de ditos, de
sentenças, de máximas, de provérbios (“mashal”) onde se cristaliza o
resultado da reflexão e da experiência (“sabedoria”) de várias gerações
de “sábios” antigos (israelitas e alguns não israelitas). O objetivo
desses provérbios é definir uma espécie de “ordem” do mundo e da
sociedade que, uma vez apreendida e aceite pelo indivíduo, o levará a
uma integração plena no meio em que está inserido. Dessa forma, o
indivíduo poderá viver sem traumas nem sobressaltos que destruam a sua
harmonia interior e o incapacitem para dar o seu contributo à
comunidade. Ficará, assim, de posse da chave para viver em harmonia
consigo mesmo e com os outros, e assegurará uma vida feliz, tranquila e
próspera.
O livro apresenta-se como tendo sido composto por Salomão (cf. Prov 1,1), o rei “sábio”, conhecido pelos seus dotes de governação, pelos seus dons literários, por numerosas sentenças sábias (cf. 1 Re 3,16-28; 5,7; 10,1-9.23) e que se tornou uma espécie de “padrão” da tradição sapiencial… Na realidade, não podemos aceitar, de forma acrítica, essa indicação: a leitura atenta do livro revela que estamos diante de colecções de proveniência diversa, compostas em épocas diversas. Alguns dos materiais apresentados no livro podem ser do séc. X a.C. (época de Salomão; no entanto, isso não implica que venham do próprio Salomão); outros, no entanto, são bem mais recentes.
O texto que nos é hoje proposto aparece no final do Livro dos Provérbios. Apresenta-se literariamente como um “poema alfabético” (poema em que a primeira letra de cada verso segue a ordem das letras do alfabeto: a primeira palavra do primeiro verso começa com a letra “alef”, a primeira palavra do segundo verso começa com a letra “bet” e assim sucessivamente). Tema do poema: a mulher virtuosa.
Provavelmente, o Livro dos Provérbios foi usado como manual para a formação de jovens que frequentavam as escolas de “sabedoria”. Este poema, situado no final do livro, poderia ser a “instrução final”: antes de abandonar a escola e depois de haver assimilado os ensinamentos dos “sábios”, o aluno era instruído acerca da eleição da esposa.
O livro apresenta-se como tendo sido composto por Salomão (cf. Prov 1,1), o rei “sábio”, conhecido pelos seus dotes de governação, pelos seus dons literários, por numerosas sentenças sábias (cf. 1 Re 3,16-28; 5,7; 10,1-9.23) e que se tornou uma espécie de “padrão” da tradição sapiencial… Na realidade, não podemos aceitar, de forma acrítica, essa indicação: a leitura atenta do livro revela que estamos diante de colecções de proveniência diversa, compostas em épocas diversas. Alguns dos materiais apresentados no livro podem ser do séc. X a.C. (época de Salomão; no entanto, isso não implica que venham do próprio Salomão); outros, no entanto, são bem mais recentes.
O texto que nos é hoje proposto aparece no final do Livro dos Provérbios. Apresenta-se literariamente como um “poema alfabético” (poema em que a primeira letra de cada verso segue a ordem das letras do alfabeto: a primeira palavra do primeiro verso começa com a letra “alef”, a primeira palavra do segundo verso começa com a letra “bet” e assim sucessivamente). Tema do poema: a mulher virtuosa.
Provavelmente, o Livro dos Provérbios foi usado como manual para a formação de jovens que frequentavam as escolas de “sabedoria”. Este poema, situado no final do livro, poderia ser a “instrução final”: antes de abandonar a escola e depois de haver assimilado os ensinamentos dos “sábios”, o aluno era instruído acerca da eleição da esposa.
MENSAGEM
Quais são então, na perspectiva dos “sábios” de Israel, as características da mulher virtuosa?
Antes de mais, é a mulher que gere bem a casa e não deixa que nada falte. Ao constatar a boa ordem em que tudo caminha, por ação da esposa, o coração do marido descansa e confia (vers. 11-12).
Depois, é a mulher diligente, que trabalha a lã e o linho para que os seus familiares tenham agasalhos suficientes e que se encarrega de todos os trabalhos domésticos (vers. 13 e 19).
É, ainda, a mulher de coração generoso, que tem piedade do infeliz e que partilha generosamente o fruto do seu trabalho com o pobre que pede auxílio (vers. 20).
É, finalmente, a mulher que não se preocupa com a sua aparência, mas se preocupa em viver no temor do Senhor. Viver no “temor do Senhor” significa respeitar os mandamentos, obedecer a Jahwéh, aceitar com humildade e confiança a sua vontade, os seus planos e os seus projetos (vers. 30-31).
O retrato da mulher aqui esboçado está muito longe da noiva/esposa do Cântico dos Cânticos, que oferece ao amado a sua presença, o seu corpo e o seu amor. O ideal de mulher aqui apresentado é o da mãe de família que dirige com eficiência, com dedicação e com empenho a sua casa rural e que é co-responsável com o marido na administração da casa, dos bens e da propriedade.
Antes de mais, é a mulher que gere bem a casa e não deixa que nada falte. Ao constatar a boa ordem em que tudo caminha, por ação da esposa, o coração do marido descansa e confia (vers. 11-12).
Depois, é a mulher diligente, que trabalha a lã e o linho para que os seus familiares tenham agasalhos suficientes e que se encarrega de todos os trabalhos domésticos (vers. 13 e 19).
É, ainda, a mulher de coração generoso, que tem piedade do infeliz e que partilha generosamente o fruto do seu trabalho com o pobre que pede auxílio (vers. 20).
É, finalmente, a mulher que não se preocupa com a sua aparência, mas se preocupa em viver no temor do Senhor. Viver no “temor do Senhor” significa respeitar os mandamentos, obedecer a Jahwéh, aceitar com humildade e confiança a sua vontade, os seus planos e os seus projetos (vers. 30-31).
O retrato da mulher aqui esboçado está muito longe da noiva/esposa do Cântico dos Cânticos, que oferece ao amado a sua presença, o seu corpo e o seu amor. O ideal de mulher aqui apresentado é o da mãe de família que dirige com eficiência, com dedicação e com empenho a sua casa rural e que é co-responsável com o marido na administração da casa, dos bens e da propriedade.
ATUALIZAÇÃO
Considerar as seguintes questões:
• Mais do que uma mulher virtuosa ideal, o “sábio” autor do texto que
nos é proposto exalta todos aqueles – mulheres e homens – que conduzem a
sua vida de acordo com os valores do trabalho, do empenho, do
compromisso, da generosidade, do “temor de Deus”. São estes valores, na
opinião do autor, que nos asseguram uma vida feliz, tranquila e
próspera. Numa época em que a cultura do “deixa andar”, da
desresponsabilização, do egoísmo se afirma cada vez mais, este texto
constitui uma poderosa interpelação… Na verdade, por que caminhos é que
chegamos à vida e à felicidade?
• O nosso texto sugere também uma reflexão sobre as nossas
prioridades… Da mulher virtuosa diz-se que não se preocupa com os
valores efêmeros (a aparência), mas que se preocupa com os valores
eternos (o “temor de Deus”). Quais são as prioridades da nossa vida?
Quais são os valores em que apostamos a nossa existência? Os nossos
valores fundamentais são valores que nos trazem felicidade duradoura?
• A referência à generosidade para com o pobre e o necessitado é
questionante… Como é que consideramos e tratamos aqueles irmãos que nos
batem à porta, a pedir um pedaço de pão, um pouco de atenção, ou ajuda
para deslindar um qualquer problema burocrático? Temos o coração aberto
aos irmãos e pronto para ajudar, ou fechamo-nos à caridade, à partilha,
ao dom?
• A referência ao “temor de Deus” como valor primordial na vida da
mulher ou do homem “sábio” e virtuoso também merece a nossa
consideração. No Antigo Testamento, o “temor de Deus” é a qualidade do
homem ou da mulher que ama Deus, que procura conhecer os seus planos e
projetos e que cumpre – com obediência radical e com total confiança – a
vontade de Deus. Esta dependência de Deus – diz-nos um “sábio” de
Israel – não diminui a nossa liberdade, nem atenta contra a nossa
realização; pelo contrário, é condição essencial para a realização plena
do homem.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 127
Refrão: Ditoso o que segue o caminho do Senhor.
Feliz de ti que temes o Senhor e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos, serás feliz e tudo te correrá bem.
Comerás do trabalho das tuas mãos, serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa será como videira fecunda, no íntimo do teu lar; teus filhos serão como ramos de oliveira, ao redor da tua mesa.
Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor: vejas a prosperidade de Jerusalém, todos os dias da tua vida.
De Sião te abençoe o Senhor: vejas a prosperidade de Jerusalém, todos os dias da tua vida.
LEITURA II – 1 Tes 5,1-6
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses Irmãos: Sobre o tempo e a ocasião, não precisais que vos escreva, pois vós próprios sabeis perfeitamente que o dia do Senhor vem como um ladrão nocturno.
E quando disserem: «Paz e segurança», é então que subitamente cairá sobre eles a ruína, como as dores da mulher que está para ser mãe, e não poderão escapar.
Mas vós, irmãos, não andeis nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão, porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia: nós não somos da noite nem das trevas.
Por isso, não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios.
E quando disserem: «Paz e segurança», é então que subitamente cairá sobre eles a ruína, como as dores da mulher que está para ser mãe, e não poderão escapar.
Mas vós, irmãos, não andeis nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão, porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia: nós não somos da noite nem das trevas.
Por isso, não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios.
AMBIENTE
Já vimos, no passado domingo, que um dos problemas fundamentais para
os tessalonicenses residia na compreensão dos acontecimentos ligados à
parusia (regresso de Jesus, no final dos tempos).
Paulo e as primeiras gerações cristãs acreditavam que o “dia do Senhor” (o dia da intervenção definitiva de Deus na história, para derrotar os maus e para conduzir os bons à vida plena e definitiva) surgiria num espaço de tempo muito curto e que os membros da comunidade ainda assistiriam ao triunfo final de Jesus. No entanto, os dias foram passando e, provavelmente, faleceu algum membro da comunidade. Por isso, os tessalonicenses perguntavam: qual será a sorte dos cristãos que morreram antes da segunda vinda de Cristo? Como poderão eles sair ao encontro de Cristo vitorioso e entrar com Ele no Reino de Deus se já estão mortos?
A estas questões Paulo respondeu já no texto que nos foi proposto no passado domingo… Mas, no texto de hoje, Paulo continua a sua reflexão sobre o “dia em que o Senhor virá” e sobre a forma como os cristãos o devem preparar.
Paulo e as primeiras gerações cristãs acreditavam que o “dia do Senhor” (o dia da intervenção definitiva de Deus na história, para derrotar os maus e para conduzir os bons à vida plena e definitiva) surgiria num espaço de tempo muito curto e que os membros da comunidade ainda assistiriam ao triunfo final de Jesus. No entanto, os dias foram passando e, provavelmente, faleceu algum membro da comunidade. Por isso, os tessalonicenses perguntavam: qual será a sorte dos cristãos que morreram antes da segunda vinda de Cristo? Como poderão eles sair ao encontro de Cristo vitorioso e entrar com Ele no Reino de Deus se já estão mortos?
A estas questões Paulo respondeu já no texto que nos foi proposto no passado domingo… Mas, no texto de hoje, Paulo continua a sua reflexão sobre o “dia em que o Senhor virá” e sobre a forma como os cristãos o devem preparar.
MENSAGEM
A primeira questão que o nosso texto põe é a da eventual data do “dia
do Senhor”. Paulo tem alguma indicação concreta acerca disso? É
possível prever uma data?
Não. Paulo está convicto de que esse acontecimento se dará proximamente; no entanto, a data exata continua desconhecida e imprevista.
Por isso, os crentes devem estar atentos para não serem surpreendidos. Para descrever a “surpresa de Deus”, Paulo utiliza duas imagens bem significativas: Deus surpreende-nos como um ladrão que chega de noite, quando ninguém está à espera (vers. 2); e Deus é como as dores de parto que surgem de repente (vers. 3). Em consequência, a vida cristã deve estar marcada por uma atitude de preparação e de vigilância.
Para além da questão da data, o que é importante é que os cristãos vivam de forma coerente com a opção que fizeram no dia do seu Batismo. Os crentes têm de viver de maneira diferente dos não crentes, pois os horizontes de uns e de outros são diferentes… Os não crentes vivem mergulhados na noite e nas trevas, estão adormecidos, atordoam-se com a bebida; vivem no presente, absolutamente despreocupados em relação ao futuro, de olhos postos no horizonte terreno. Os crentes são filhos da luz e do dia, estão vigilantes, mantêm-se sóbrios; vivem de olhos postos no futuro, à espera que chegue a vida verdadeira, plena, definitiva que Deus lhes vai oferecer.
Na verdade, a vida dos crentes é mais bela e significativa, porque está cheia de esperança. No entanto, é preciso dar corpo à esperança esperando, fiéis e vigilantes a chegada do Senhor.
Não. Paulo está convicto de que esse acontecimento se dará proximamente; no entanto, a data exata continua desconhecida e imprevista.
Por isso, os crentes devem estar atentos para não serem surpreendidos. Para descrever a “surpresa de Deus”, Paulo utiliza duas imagens bem significativas: Deus surpreende-nos como um ladrão que chega de noite, quando ninguém está à espera (vers. 2); e Deus é como as dores de parto que surgem de repente (vers. 3). Em consequência, a vida cristã deve estar marcada por uma atitude de preparação e de vigilância.
Para além da questão da data, o que é importante é que os cristãos vivam de forma coerente com a opção que fizeram no dia do seu Batismo. Os crentes têm de viver de maneira diferente dos não crentes, pois os horizontes de uns e de outros são diferentes… Os não crentes vivem mergulhados na noite e nas trevas, estão adormecidos, atordoam-se com a bebida; vivem no presente, absolutamente despreocupados em relação ao futuro, de olhos postos no horizonte terreno. Os crentes são filhos da luz e do dia, estão vigilantes, mantêm-se sóbrios; vivem de olhos postos no futuro, à espera que chegue a vida verdadeira, plena, definitiva que Deus lhes vai oferecer.
Na verdade, a vida dos crentes é mais bela e significativa, porque está cheia de esperança. No entanto, é preciso dar corpo à esperança esperando, fiéis e vigilantes a chegada do Senhor.
ATUALIZAÇÃO
Na reflexão, ter em conta os seguintes dados:
• A questão fundamental que os cristãos devem pôr, a propósito da
segunda vinda do Senhor, não é a questão da data, mas é a questão de
como esperar e preparar esse momento. Paulo deixa claro que o que é
preciso é estar vigilante. “Estar vigilante” não significa ficar a olhar
para o céu à espera do Senhor, esquecendo e negligenciando as questões
do mundo e os problemas dos homens; mas significa viver, no dia a dia,
de acordo com os ensinamentos de Jesus, empenhando-se na transformação
do mundo e na construção do Reino.
• A certeza da segunda vinda do Senhor dá aos crentes uma perspectiva
diferente da vida, do seu sentido e da sua finalidade… Para os não
crentes, a vida encerra-se dentro dos limites estreitos deste mundo e,
por isso, só interessam os valores deste mundo; para os crentes, a
verdadeira vida, a vida em plenitude, está para além dos horizontes da
história e, por isso, é preciso viver de acordo com os valores eternos,
os valores de Deus. Assim, na perspectiva dos crentes, não são os
valores efêmeros, os valores deste mundo (o dinheiro, o poder, os êxitos
humanos) que devem constituir a prioridade e que devem dominar a
existência, mas sim os valores de Deus. Quais são os valores que eu
considero prioritários e que condicionam as minhas opções?
• A certeza da segunda vinda do Senhor aponta também no sentido da
esperança. Os cristãos esperam, em serena expectativa, a salvação que já
receberam antecipadamente com a morte de Cristo, mas que irá
consumar-se no “dia do Senhor”. Os crentes são, pois, homens e mulheres
de esperança, abertos ao futuro – um futuro a conquistar, já nesta
terra, com fé e com amor, mas sobretudo um futuro a esperar, como dom de
Deus.
ALELUIA – Jo 15,4a.5b
Aleluia. Aleluia.
Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós, diz o Senhor.
Quem permanece em Mim dá fruto abundante.
Quem permanece em Mim dá fruto abundante.
EVANGELHO – Mt 25,14-30
Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seus discípulos: 14“Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. 15A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou.
16O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles e lucrou outros cinco.
17Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois.
18Mas aquele que havia recebido um só saiu, cavou um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu patrão.
19Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados.
20O empregado que
havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo:
‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco, que
lucrei’. 21O
patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na
administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar
da minha alegria!’
22Chegou também o
que havia recebido dois talentos, e disse: ‘Senhor, tu me entregaste
dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. 23O
patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na
administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar
da minha alegria!’.
24Por fim, chegou
aquele que havia recebido um talento, e disse: ‘Senhor, sei que és um
homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste.
25Por isso, fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’.
26O patrão lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e ceifo onde não semeei? 27Então, devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence’.
28Em seguida, o patrão ordenou: ‘Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! 29Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Aí haverá choro e ranger de dentes!’”.
AMBIENTE
Mais uma vez, o Evangelho apresenta-nos um extrato do “discurso
escatológico” (cf. Mt 24-25), onde Mateus aborda o tema da segunda vinda
de Jesus e define a atitude com que os discípulos devem esperar e
preparar essa vinda.
A catequese que Mateus apresenta neste discurso tem em conta as necessidades da sua comunidade cristã. Estamos no final do séc. I (década de 80). Os cristãos, fartos de esperar a segunda vinda de Jesus, esqueceram o seu entusiasmo inicial… Instalaram-se na mediocridade, na rotina, no comodismo, na facilidade. As perseguições que se adivinham provocam o desânimo e a deserção… Era preciso reaquecer o entusiasmo dos crentes, redespertar a fé, renovar o compromisso cristão com Jesus e com a construção do Reino.
É para responder a este contexto que Mateus reelabora o “discurso escatológico” de Marcos (cf. Mc 13) e compõe, com ele, uma exortação dirigida aos cristãos. Lembra-lhes que a segunda vinda do Senhor está no horizonte final da história humana; e que, até lá, os crentes devem “pôr a render os seus talentos”, vivendo na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com a construção do Reino.
A parábola que hoje nos é proposta fala de “talentos” que um senhor distribuiu pelos servos. Um “talento” significa uma quantia muito considerável… Corresponde a cerca de 36 quilos de prata e ao salário de aproximadamente 3.000 dias de trabalho de um operário não qualificado.
A catequese que Mateus apresenta neste discurso tem em conta as necessidades da sua comunidade cristã. Estamos no final do séc. I (década de 80). Os cristãos, fartos de esperar a segunda vinda de Jesus, esqueceram o seu entusiasmo inicial… Instalaram-se na mediocridade, na rotina, no comodismo, na facilidade. As perseguições que se adivinham provocam o desânimo e a deserção… Era preciso reaquecer o entusiasmo dos crentes, redespertar a fé, renovar o compromisso cristão com Jesus e com a construção do Reino.
É para responder a este contexto que Mateus reelabora o “discurso escatológico” de Marcos (cf. Mc 13) e compõe, com ele, uma exortação dirigida aos cristãos. Lembra-lhes que a segunda vinda do Senhor está no horizonte final da história humana; e que, até lá, os crentes devem “pôr a render os seus talentos”, vivendo na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com a construção do Reino.
A parábola que hoje nos é proposta fala de “talentos” que um senhor distribuiu pelos servos. Um “talento” significa uma quantia muito considerável… Corresponde a cerca de 36 quilos de prata e ao salário de aproximadamente 3.000 dias de trabalho de um operário não qualificado.
MENSAGEM
A “parábola dos talentos” conta que um “senhor” partiu em viagem e
deixou a sua fortuna nas mãos dos seus servos. A um, deixou cinco
talentos, a outro dois e a outro um. Quando voltou, chamou os servos e
pediu-lhes contas da sua gestão. Os dois primeiros tinham duplicado a
soma recebida; mas o terceiro tinha escondido cuidadosamente o talento
que lhe fora confiado, pois conhecia a exigência do “senhor” e tinha
medo. Os dois primeiros servos foram louvados pelo “senhor”, ao passo
que o terceiro foi severamente criticado e condenado.
Provavelmente a parábola, tal como saiu da boca de Jesus, era uma “parábola do Reino”. O amo exigente seria Deus, que reclama para Si uma lealdade a toda a prova e que não aceita meias tintas e situações de acomodação e de preguiça. Os servos a quem Ele confia os valores do Reino devem acolher os seus dons e pô-los a render, a fim de que o Reino seja uma realidade. No Reino, ou se está completamente comprometido, ou não se está.
Depois, Mateus pegou na mesma parábola e situou-a num outro contexto: o da vinda do Senhor Jesus, no final dos tempos… A vinda do Senhor é uma certeza; e, quando Ele voltar, julgará os homens conforme o comportamento que tiverem assumido na sua ausência.
Nesta versão da parábola, o “senhor” é Jesus que, antes de deixar este mundo, entregou bens consideráveis aos seus “servos” (os discípulos). Os “bens” são os dons que Deus, através de Jesus, ofereceu aos homens – a Palavra de Deus, os valores do Evangelho, o amor que se faz serviço aos irmãos e que se dá até à morte, a partilha e o serviço, a misericórdia e a fraternidade, os carismas e ministérios que ajudam a construir a comunidade do Reino… Os discípulos de Jesus são os depositários desses “bens”. A questão é, portanto, esta: como devem ser utilizados estes “bens”? Eles devem dar frutos, ou devem ser conservados cuidadosamente enterrados? Os discípulos de Jesus podem – por medo, por comodismo, por desinteresse – deixar que esses “bens” fiquem infrutíferos?
Na perspectiva da nossa parábola, os “bens” que Jesus deixou aos seus discípulos têm de dar frutos. A parábola apresenta como modelos os dois servos que mexeram com os “bens”, que demonstraram interesse, que se preocuparam em não deixar parados os dons do “senhor”, que fizeram investimentos, que não se acomodaram nem se deixaram paralisar pela preguiça, pela rotina, ou pelo medo.
Por outro lado, a parábola condena veementemente o servo que entregou intactos os bens que recebeu. Ele teve medo e, por isso, não correu riscos; mas não só não tirou desses bens qualquer fruto, como também impediu que os bens do “senhor” fossem criadores de vida nova.
Através desta parábola, Mateus exorta a sua comunidade no sentido de estar alerta e vigilante, sem se deixar vencer pelo comodismo e pela rotina. Esquecer os compromissos assumidos com Jesus e com o Reino, demitir-se das suas responsabilidades, deixar na gaveta os dons de Deus, aceitar passivamente que o mundo se construa de acordo com valores que não são os de Jesus, instalar-se na passividade e no comodismo, é privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito.
O discípulo de Jesus não pode esperar o Senhor de mãos erguidas e de olhos postos no céu, alheado dos problemas do mundo e preocupado em não se contaminar com as questões do mundo… O discípulo de Jesus espera o Senhor profundamente envolvido e empenhado no mundo, ocupado em distribuir a todos os homens seus irmãos os “bens” de Deus e em construir o Reino.
Provavelmente a parábola, tal como saiu da boca de Jesus, era uma “parábola do Reino”. O amo exigente seria Deus, que reclama para Si uma lealdade a toda a prova e que não aceita meias tintas e situações de acomodação e de preguiça. Os servos a quem Ele confia os valores do Reino devem acolher os seus dons e pô-los a render, a fim de que o Reino seja uma realidade. No Reino, ou se está completamente comprometido, ou não se está.
Depois, Mateus pegou na mesma parábola e situou-a num outro contexto: o da vinda do Senhor Jesus, no final dos tempos… A vinda do Senhor é uma certeza; e, quando Ele voltar, julgará os homens conforme o comportamento que tiverem assumido na sua ausência.
Nesta versão da parábola, o “senhor” é Jesus que, antes de deixar este mundo, entregou bens consideráveis aos seus “servos” (os discípulos). Os “bens” são os dons que Deus, através de Jesus, ofereceu aos homens – a Palavra de Deus, os valores do Evangelho, o amor que se faz serviço aos irmãos e que se dá até à morte, a partilha e o serviço, a misericórdia e a fraternidade, os carismas e ministérios que ajudam a construir a comunidade do Reino… Os discípulos de Jesus são os depositários desses “bens”. A questão é, portanto, esta: como devem ser utilizados estes “bens”? Eles devem dar frutos, ou devem ser conservados cuidadosamente enterrados? Os discípulos de Jesus podem – por medo, por comodismo, por desinteresse – deixar que esses “bens” fiquem infrutíferos?
Na perspectiva da nossa parábola, os “bens” que Jesus deixou aos seus discípulos têm de dar frutos. A parábola apresenta como modelos os dois servos que mexeram com os “bens”, que demonstraram interesse, que se preocuparam em não deixar parados os dons do “senhor”, que fizeram investimentos, que não se acomodaram nem se deixaram paralisar pela preguiça, pela rotina, ou pelo medo.
Por outro lado, a parábola condena veementemente o servo que entregou intactos os bens que recebeu. Ele teve medo e, por isso, não correu riscos; mas não só não tirou desses bens qualquer fruto, como também impediu que os bens do “senhor” fossem criadores de vida nova.
Através desta parábola, Mateus exorta a sua comunidade no sentido de estar alerta e vigilante, sem se deixar vencer pelo comodismo e pela rotina. Esquecer os compromissos assumidos com Jesus e com o Reino, demitir-se das suas responsabilidades, deixar na gaveta os dons de Deus, aceitar passivamente que o mundo se construa de acordo com valores que não são os de Jesus, instalar-se na passividade e no comodismo, é privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito.
O discípulo de Jesus não pode esperar o Senhor de mãos erguidas e de olhos postos no céu, alheado dos problemas do mundo e preocupado em não se contaminar com as questões do mundo… O discípulo de Jesus espera o Senhor profundamente envolvido e empenhado no mundo, ocupado em distribuir a todos os homens seus irmãos os “bens” de Deus e em construir o Reino.
ATUALIZAÇÃO
Na reflexão, considerar os seguintes dados:
• Antes de mais, é preciso ter presente que nós, os cristãos, somos
agora no mundo as testemunhas de Cristo e do projeto de
salvação/libertação que o Pai tem para os homens. É com o nosso coração
que Jesus continua a amar os publicanos e os pecadores do nosso tempo; é
com as nossas palavras que Jesus continua a consolar os que estão
tristes e desanimados; é com os nossos braços abertos que Jesus continua
a acolher os imigrantes que fogem da miséria e da degradação; é com as
nossas mãos que Jesus continua a quebrar as cadeias que prendem os
escravizados e oprimidos; é com os nossos pés que Jesus continua a ir ao
encontro de cada irmão que está sozinho e abandonado; é com a nossa
solidariedade que Jesus continua a alimentar as multidões famintas do
mundo e a dar medicamentos e cultura àqueles que nada têm… Nós,
cristãos, membros do “corpo de Cristo”, que nos identificamos com
Cristo, temos a grave responsabilidade de O testemunhar e de deixar que,
através de nós, Ele continue a amar os homens e as mulheres que
caminham ao nosso lado pelos caminhos do mundo.
• Os dois “servos” da parábola que, talvez correndo riscos, fizeram
frutificar os “bens” que o “senhor” lhes deixou, mostram como devemos
proceder, enquanto caminhamos pelo mundo à espera da segunda vinda de
Jesus. Eles tiveram a ousadia de não se contentar com o que já tinham;
não se deixaram dominar pelo comodismo e pela apatia… Lutaram,
esforçaram-se, arriscaram, ganharam. Todos os dias, há cristãos que têm a
coragem de arriscar. Não aceitam a injustiça e lutam contra ela; não
pactuam com o egoísmo, o orgulho, a prepotência e propõem, em troca, os
valores do Evangelho; não aceitam que os grandes e poderosos decidam os
destinos do mundo e têm a coragem de lutar objetivamente contra os
projetos desumanos que desfeiam esta terra; não aceitam que a Igreja se
identifique com a riqueza, com o poder, com os grandes e esforçam-se
por torná-la mais pobre, mais simples, mais humana, mais evangélica; não
aceitam que a liturgia tenha de ser sempre tão solene que assuste os
mais simples, nem tão etérea que não tenha nada a ver com a vida do dia a
dia… Muitas vezes, são perseguidos, condenados, desautorizados,
reduzidos ao silêncio, incompreendidos; muitas vezes, no seu excesso de
zelo, cometem erros de avaliação, fazem opções erradas… Apesar de tudo,
Jesus diz-lhes: “muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em
coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do
teu Senhor”.
• O servo que escondeu os “bens” que o Senhor lhe confiou mostra como
não devemos proceder, enquanto caminhamos pelo mundo à espera da
segunda vinda de Jesus. Esse servo contentou-se com o que já tinha e não
teve a ousadia de querer mais; entregou-se sem luta, deixou-se dominar
pelo comodismo e pela apatia… Não lutou, não se esforçou, não arriscou,
não ganhou. Todos os dias há cristãos que desistem por medo e cobardia e
se demitem do seu papel na construção de um mundo melhor. Limitam-se a
cumprir as regras, ou a refugiar-se no seu cantinho cómodo, sem força,
sem vontade, sem coragem de ir mais além. Não falham, não cometem
“pecados graves”, não fazem mal a ninguém, não correm riscos; limitam-se
a repetir sempre os mesmos gestos, sem inovar, sem purificar, sem nada
transformar; não fazem, nem deixam fazer e limitam-se a criticar
asperamente aqueles que se esforçam por mudar as coisas… Não põem a
render os “bens” que Deus lhes confiou e deixam-nos secar sem dar
frutos. Jesus diz-lhes: “servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde
não semeei e recolho onde não lancei; devias, portanto, depositar o meu
dinheiro no banco e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era
meu”.
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