Francisco se destacou como Pessoa do Ano de 2013 na conservadora "Time", mas também na "The Advocate", publicação da comunidade LGBT.
No final de 2013, o Papa Francisco foi eleito “Pessoa do Ano” por duas revistas muito diferentes e afastadas politicamente: a Time, de cunho conservador, e The Advocate, muito influente na comunidade LGBT dos EUA. Como pode ser isso?
Esta é a pergunta que se fez Kenneth D. Whitehead, ex-diplomático católico que escreve na revista “Crisis”. O autor, americano que serviu seu país na Europa, foi diretor de “A voz da América” na edição árabe e se especializou em temas do Vaticano II, busca refletir sobre esta eleição, “uma espécie de prova nacional sobre a proeminência e importância de uma figura pública” nos EUA.
Ainda que, na era da internet e das novas mídias, a importância de ser eleito Pessoa do Ano por uma revista impressa, como a Time, tenha diminuído (mais ainda desde que a Newsweek desapareceu do horizonte do papel, a nomeação do Papa Francisco não deixa de ser notória.
Whitehead recorda, em seu artigo da revista “Crisis”, que o Papa Francisco não é o primeiro pontífice destacado pela Time. João XXIII e João Paulo II foram eleitos como Pessoa no Ano em 1962 e 1994, respectivamente; no entanto, “não deixa de ser surpreendente que o Papa Francisco tenha sido escolhido com menos de um ano na cátedra de São Pedro”.
O “concorrente” do Papa na revista Time foi Edward Snowden, ex-analista da inteligência americana que expôs o país ao mostrar um vasto número de códigos de luta antiterrorista obtidos de forma ilegal.
Francisco e Snowden estavam acompanhados da orgulhosa lésbica Edith Windsor, pelo presidente da Síria, Bashar Al-Assad e pelo senador Ted Cruz, também nomeados pela Time.
Por que a revista decidiu escolher o Papa Francisco? Por vários motivos, explica Whitehead, em relação ao artigo da Time: porque ele mesmo se colocou no centro das conversas da nossa época saúde, pobreza, fraternidade, justiça, transparência, modernidade, globalização, papel das mulheres, natureza do casamento e tentações do poder.
Por outro lado, em meados de dezembro, uma publicação da Liga Lésbico-Gay, The Advocate, também escolheu o Papa como sua Pessoa do Ano favorita. Certamente, explica Whitehead, ela o fez pelas célebres declarações do Papa Francisco em sua viagem de volta do Brasil, após a JMJ: “Se um gay busca Deus de boa vontade, quem sou eu para julgá-lo?”.
A razão de ficar apenas com o conceito de não julgar os homossexuais, segundo Whitehead, e de não reparar no que significa “buscar Deus com boa vontade”, se dá porque o movimento reivindicatório dos direitos dos homossexuais “precisa ser aceito, normalizado e legitimado”, sem que nenhuma dimensão moral entre em jogo para isso.
Obviamente, tanto a Time quanto The Advocate se apoiaram no “efeito Francisco” para criar falsas expectativas, tanto pela queda na popularidade da edição impressa (que, com o Papa na capa, voltou a ser vista em todos os lugares) como pela busca de legitimação moral do movimento pelos direitos da comunidade LGBT.
Ambas as revistas, conclui Whitehead, “parecem ter escolhido a pessoa correta, mas, quase com certeza não o fizeram pelos motivos corretos”.
Esta é a pergunta que se fez Kenneth D. Whitehead, ex-diplomático católico que escreve na revista “Crisis”. O autor, americano que serviu seu país na Europa, foi diretor de “A voz da América” na edição árabe e se especializou em temas do Vaticano II, busca refletir sobre esta eleição, “uma espécie de prova nacional sobre a proeminência e importância de uma figura pública” nos EUA.
Ainda que, na era da internet e das novas mídias, a importância de ser eleito Pessoa do Ano por uma revista impressa, como a Time, tenha diminuído (mais ainda desde que a Newsweek desapareceu do horizonte do papel, a nomeação do Papa Francisco não deixa de ser notória.
Whitehead recorda, em seu artigo da revista “Crisis”, que o Papa Francisco não é o primeiro pontífice destacado pela Time. João XXIII e João Paulo II foram eleitos como Pessoa no Ano em 1962 e 1994, respectivamente; no entanto, “não deixa de ser surpreendente que o Papa Francisco tenha sido escolhido com menos de um ano na cátedra de São Pedro”.
O “concorrente” do Papa na revista Time foi Edward Snowden, ex-analista da inteligência americana que expôs o país ao mostrar um vasto número de códigos de luta antiterrorista obtidos de forma ilegal.
Francisco e Snowden estavam acompanhados da orgulhosa lésbica Edith Windsor, pelo presidente da Síria, Bashar Al-Assad e pelo senador Ted Cruz, também nomeados pela Time.
Por que a revista decidiu escolher o Papa Francisco? Por vários motivos, explica Whitehead, em relação ao artigo da Time: porque ele mesmo se colocou no centro das conversas da nossa época saúde, pobreza, fraternidade, justiça, transparência, modernidade, globalização, papel das mulheres, natureza do casamento e tentações do poder.
Por outro lado, em meados de dezembro, uma publicação da Liga Lésbico-Gay, The Advocate, também escolheu o Papa como sua Pessoa do Ano favorita. Certamente, explica Whitehead, ela o fez pelas célebres declarações do Papa Francisco em sua viagem de volta do Brasil, após a JMJ: “Se um gay busca Deus de boa vontade, quem sou eu para julgá-lo?”.
A razão de ficar apenas com o conceito de não julgar os homossexuais, segundo Whitehead, e de não reparar no que significa “buscar Deus com boa vontade”, se dá porque o movimento reivindicatório dos direitos dos homossexuais “precisa ser aceito, normalizado e legitimado”, sem que nenhuma dimensão moral entre em jogo para isso.
Obviamente, tanto a Time quanto The Advocate se apoiaram no “efeito Francisco” para criar falsas expectativas, tanto pela queda na popularidade da edição impressa (que, com o Papa na capa, voltou a ser vista em todos os lugares) como pela busca de legitimação moral do movimento pelos direitos da comunidade LGBT.
Ambas as revistas, conclui Whitehead, “parecem ter escolhido a pessoa correta, mas, quase com certeza não o fizeram pelos motivos corretos”.
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