A IMPORTÂNCIA DA TERNURA.
A ternura nos permite descobrir que Deus
semeou em nosso interior algo que nos torna originais, fecundos,
compreendendo-nos com a linguagem do coração.
Eu me pergunto, com certa frequência, do
que mais temos necessidade hoje em dia. É desconcertante que não se
possa avançar quando há problemas urgentes que não podem adiar mais
possíveis soluções.
Se usamos somente argumentos ideológicos, vemos que estes nos mantêm
ancorados em esquemas fixos que impedem de reconhecer que o outro pode
ter parte de razão. Então, o diálogo é cada vez mais difícil e a relação
entre as pessoas se torna áspera. Do que mais precisamos hoje em dia?
Quando se vive com a tensão de quem não encontra espaço para respirar, ou a vida
se reduz a ir passando cada dia sem maior relevância, quando não
sabemos preencher de conteúdo humano e espiritual as horas que
investimos em tempos vazios, é bom saber colocar uma chave de leitura
aos acontecimentos que vivemos e às palavras que pronunciamos ao longo
do dia. Precisamos ter a humildade de deixar-nos surpreender.
Deve haver uma chave que nos permita perceber que, por trás de tudo isso, há uma pessoa humana, com um coração
de carne, capaz de amar. Por isso, no fundo de tudo o que fazemos e
dizemos, está a possibilidade e também o dever de descobrir as múltiplas
capacidades das quais dispomos para ser bons e fazer o bem.
Hoje, precisamos sobretudo de ternura. Essa que
carregamos dentro de nós e que tantas vezes mantemos escondida, para não
parecer que nos envergonhamos de mostrar o que somos, ou talvez por
preguiça, porque é mais cômodo e não nos compromete.
A ternura nos faz descobrir, partindo da fé, que Deus
semeou em nosso interior algo que nos torna originais e fecundos, que
permite que nos entendamos com a linguagem do coração.
Falar da importância da ternura significa acreditar na
primazia do amor, na oferta sincera do diálogo, em propiciar âmbitos de
confiança, em favorecer espaços nos quais possamos construir e criar
redes de entendimento e esperança.
Assim, poderemos perceber que um mistério de amor se aproximou da nossa vida. Então, a ternura poderia chegar a ser nosso mais autêntico rosto imperado pelo amor.
(Artigo de Dom Sebastià Taltavull, publicado originalmente no site do Arcebispado de Barcelona)
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