quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A IMPORTÂNCIA DA TERNURA.

A ternura nos permite descobrir que Deus semeou em nosso interior algo que nos torna originais, fecundos, compreendendo-nos com a linguagem do coração.

 

 Eu me pergunto, com certa frequência, do que mais temos necessidade hoje em dia. É desconcertante que não se possa avançar quando há problemas urgentes que não podem adiar mais possíveis soluções.
Se usamos somente argumentos ideológicos, vemos que estes nos mantêm ancorados em esquemas fixos que impedem de reconhecer que o outro pode ter parte de razão. Então, o diálogo é cada vez mais difícil e a relação entre as pessoas se torna áspera. Do que mais precisamos hoje em dia?
Quando se vive com a tensão de quem não encontra espaço para respirar, ou a vida se reduz a ir passando cada dia sem maior relevância, quando não sabemos preencher de conteúdo humano e espiritual as horas que investimos em tempos vazios, é bom saber colocar uma chave de leitura aos acontecimentos que vivemos e às palavras que pronunciamos ao longo do dia. Precisamos ter a humildade de deixar-nos surpreender.

Deve haver uma chave que nos permita perceber que, por trás de tudo isso, há uma pessoa humana, com um coração de carne, capaz de amar. Por isso, no fundo de tudo o que fazemos e dizemos, está a possibilidade e também o dever de descobrir as múltiplas capacidades das quais dispomos para ser bons e fazer o bem.
Hoje, precisamos sobretudo de ternura. Essa que carregamos dentro de nós e que tantas vezes mantemos escondida, para não parecer que nos envergonhamos de mostrar o que somos, ou talvez por preguiça, porque é mais cômodo e não nos compromete.

A ternura nos faz descobrir, partindo da fé, que Deus semeou em nosso interior algo que nos torna originais e fecundos, que permite que nos entendamos com a linguagem do coração.
Falar da importância da ternura significa acreditar na primazia do amor, na oferta sincera do diálogo, em propiciar âmbitos de confiança, em favorecer espaços nos quais possamos construir e criar redes de entendimento e esperança.

Assim, poderemos perceber que um mistério de amor se aproximou da nossa vida. Então, a ternura poderia chegar a ser nosso mais autêntico rosto imperado pelo amor.



(Artigo de Dom Sebastià Taltavull, publicado originalmente no site do Arcebispado de Barcelona)

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