quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

ENTENDA POR QUE É PRECISO TER CUIDADO COM OS OBJETOS SAGRADOS.


Terços, escapulários e imagens não são "amuletos": os objetos consagrados a Deus não substituem a relação com Ele.
É a Palavra de Deus que nos permite crescer e melhorar nossa relação com Ele no caminho da vida.

Ao longo desse processo, há um costume generalizado, infelizmente, que se dá muitas vezes por falta de formação, e consiste em "divinizar" certos objetos. Em outras palavras, acabamos dando a certos objetos um poder que eles não têm; esquecemos de Deus e ficamos com as coisas que O representam ou que nos remetem a Ele.

Quando entramos em nossas igrejas, encontramos imagens, por exemplo. Uma das tentações que se tem é acreditar que delas emana um poder salvador e, por isso, muitos se aproximam delas, as tocam e fazem o sinal da cruz. Não há nada de mal nisso, mas é preciso recordar que as imagens, em si, não têm poder algum; não existem objetos com poder. O único poder procede da pessoa de Deus, não das coisas que foram consagradas a Ele.

A Bíblia nos ensina isso (cf. 1 Samuel, 4, 1-11). Os israelitas eram pessoas muito religiosas, mas tinham inimigos demais ao seu redor, entre eles os filisteus. Mesmo tendo a proibição de fazer imagens de qualquer coisa do céu ou da terra e prestar-lhe culto, houve um momento em que, sem perceber, acabaram prestando culto e reverência a duas coisas: o templo de Jerusalém e a arca da aliança.

Isso lhes dava segurança e os fazia pensar que nada de ruim aconteceria ao seu povo enquanto estas duas relíquias estivessem com eles. Os israelitas não perceberam que, pouco a pouco, a arca e o templo se tornaram objetos deificados, chegando quase a ser considerados como amuletos. "É o templo do Senhor, o templo do Senhor", repetiam, quase como um mantra de proteção.

As batalhas nas quais os israelitas se envolveram muitas vezes iam precedidas pela arca; o livro do Êxodo (25, 10ss) mostra como eles acreditavam que a arca era a "presença" de Deus, com toda a sua divindade. Mas, nesta batalha contra os filisteus, quando a arca foi levada de Siló, os israelitas não apenas foram duramente derrotados, senão que a arca foi sequestrada. Mas não era ela o próprio Deus no meio do seu povo em batalha? Não. Era um objeto sagrado, mas não era Deus.

O que tinha acontecido? Os israelitas haviam abandonado Deus para ficar comodamente com as coisas que o representavam, acreditando que os objetos poderiam salvá-los; trocaram o Deus das coisas pelas coisas de Deus. A arca se tornou um amuleto de salvação para eles.

Nenhum objeto religioso nos dá a salvação nem a vitória contra o pecado e a tentação. O que nos dá a vitória na batalha é a obediência irrestrita, o culto autêntico ao Deus dos céus.

Muitos anos depois, também o templo seria destruído duas vezes, para nunca mais ser reconstruído. A arca desapareceria e eles compreenderam que só Deus tem o poder de salvar e curar.

Hoje, é necessário voltar às fontes dessa salvação, recordar que qualquer relíquia, imagem ou coisa sobre a qual se tenha pronunciado uma bênção não substitui de forma alguma nossa relação com Deus, e que não há nada em absoluto que possa nos salvar, a não ser o amor de Deus por meio de Jesus Cristo.

A vida sacramental (Batismo, Confissão, Eucaristia – esta última sendo presença real de Jesus na terra) são as verdadeiras ferramentas pelas quais o Senhor quer chegar a cada pessoa, a cada um dos seus filhos, pois, por meio delas, é o próprio Deus quem se aproxima com ternura para fazer de nós criaturas novas e salvas em seu nome. A isso podemos acrescentar a leitura assídua da Palavra, a vida em comunidade e o cumprimento fiel dos preceitos divinos.

Os melhores altares para a divindade são aqueles que levantamos na alma e que têm como pedestal um coração contrito e humilde. As imagens são apenas imagens: não contêm Deus, nenhuma delas é Deus, elas apenas O representam.

Somente a Eucaristia é Deus e, diante dela, todo joelho deve se dobrar, no céu, na terra e no abismo, e toda língua deve proclamar que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus.





Juan Ávila Estrada

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