O cristão luta porque sabe que ao seu lado estão os santos e a providência divina.
A luz dos povos de que fala o Concílio Vaticano II só pode ser Jesus,
porque somente Ele é capaz de iluminar as consciências humanas,
trazendo-as de volta para a sua finalidade última: o encontro com Deus.
A tarefa de todo cristão, por conseguinte, consiste em fazer com que
essa luz "brilhe diante dos homens", a fim de que "vejam as vossas boas
obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus" (Cf. Mt 5, 16).
A fé cristã constitui o grande baluarte da civilização.
É com base em sua doutrina que se evidencia a identidade do ser humano,
principalmente no que diz respeito à vida, à família e à educação; os
três princípios inegociáveis da dignidade humana que formam, por assim
dizer, o "caminho para a consecução do bem comum e da paz"01.
Foi precisamente a defesa desses princípios, além, é óbvio, do
enraizamento no coração da Igreja - que fez com que os homens extraíssem
dos sacramentos a graça necessária para o combate às misérias deste
mundo - o alvorecer da cristandade, tida pelo historiador Daniel-Rops
como "talvez o período mais rico, mais fecundo e, sob muitos aspectos,
mais harmonioso de todos"02.
Em que pese o esforço irrepreensível dos cristãos ao longo desses dois
milênios de história - às vezes até entregando suas vidas em nome da
verdade última que é a salvação eterna -, deve-se salientar, em
contrapartida, que no cerne de todo esse progresso encontra-se uma profunda esperança na providência divina.
Deus é o Senhor da história, o princípio e o fim. Com efeito, a batalha
cotidiana do cristianismo alinha-se ao mistério do homem que semeia de
manhã e dorme à noite - como na parábola evangélica -, não ao juízo cego
de quem, crendo nas ideologias, faz de si mesmo o estandarte da própria
glória e, por conseguinte, da própria condenação. Uma vez que "a razão
essencial para o sucesso da missão cristã não vem de fora mas de
dentro, não é obra do semeador e nem sequer principalmente do solo, mas
da semente"03, por mais adversidades que existam em seu caminho, o autêntico cristão nunca desfalecerá pois reconhece-se apenas como "um pobre e humilde servo da vinha do Senhor". É d’Ele a última palavra.
Neste sentido, a vitória dos pró-vida sobre a cultura da morte no Brasil - sepultando, na tarde desta terça-feira, 17/12,
as ameaças à vida contidas no Código Penal, o totalitarismo gay do PLC
122 e a ideologia de gênero do Plano Nacional de Educação -
deve ser entendida, em primeiro lugar, como uma salutar bênção de Deus.
Infelizmente, não é segredo para ninguém a miséria moral na qual o
Estado brasileiro encontra-se mergulhado.
Há muito que este país
não honra sua altíssima vocação para "Terra de Santa Cruz", de sorte
que se os ovos da serpente ainda não foram chocados é porque Deus não o
permitiu. Urge, portanto, uma retomada dos valores cristãos, tornando-os
mais claros e arraigados na consciência da sociedade, pois "quem deseja
a paz não pode tolerar atentados e crimes contra a vida"04.
A esperança cristã é o motor que move verdadeiramente o coração do
homem. E embora a confiança em Deus apareça com frequência, aos olhos do
mundo, como coisa própria de alienados ou de pessoas fora da realidade,
a verdade é que "já nesta vida - e não só na outra - se darão conta de
serem filhos de Deus e que, desde o início e para sempre, Deus está
totalmente solidário com eles."05
A filiação divina é o fundamento da vida cristã. Os cristãos trabalham
mesmo sem perspectiva humana de sucesso porque sabem que são filhos de
Deus e que, por isso, nenhum mal lhes perturbará. E é assim que, na
Santa Missa, o sacerdote pode suplicar em nome de toda a comunidade para
que Deus não olhe o seu pecado, "mas a fé que anima vossa Igreja".
Sendo ela o próprio Corpo de Cristo, a continuação histórica do mistério
da encarnação neste mundo, faz-se fácil entender aquelas palavras de
Bento XVI no início de seu pontificado: "Quem crê, nunca está sozinho nem na vida nem na morte"06.
Ao lado da Igreja militante está a Igreja triunfante no céu que, com
suas preces e intercessões, auxilia os peregrinos desta época no combate
à carne, ao mundo e ao diabo.
Certamente, a luta contra a cultura da morte não se encerra com
essas três batalhas vencidas. O mal nunca descansa. Mas como conforto, a
Igreja tem como seu aliado Aquele a qual todas as coisas estão
submetidas no Céu e na Terra. Deus proverá!
Por Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências
- Mensagem do Papa Bento XVI para o XLVI Dia Mundial da Paz
- DANIEL-ROPS. A Igreja das Catedrais e das Cruzadas. São Paulo: Quadrante, 1993
- Primeira pregação do Advento de 2011 à Casa Pontifícia
- Ibidem, n. 1
- Ibidem, n. 1
- Homilia pelo início do Ministério Petrino do Bispo de Roma Bento XVI
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