A liturgia deste domingo lembra a
proximidade da intervenção libertadora de Deus e acende a esperança no coração
dos crentes. Diz-nos: “não vos inquieteis; alegrai-vos, pois a libertação está
a chegar”.
A primeira leitura
anuncia a chegada de Deus, para dar vida nova ao seu Povo, para o libertar e
para o conduzir – num cenário de alegria e de festa – para a terra da
liberdade.
O Evangelho descreve-nos,
de forma bem sugestiva, a ação de Jesus, o Messias (esse mesmo que esperamos
neste Advento): Ele irá dar vista aos cegos, fazer com que os coxos recuperem o
movimento, curar os leprosos, fazer com que os surdos ouçam, ressuscitar os
mortos, anunciar aos pobres que o “Reino” da justiça e da paz chegou. É este
quadro de vida nova e de esperança que Jesus nos vai oferecer.
A segunda leitura
convida-nos a não deixar que o desespero nos envolva enquanto esperamos e
aguardarmos a vinda do Senhor com paciência e confiança.
LEITURA I – Is 35,1-6a.10
Os capítulos 34-35 do Livro de
Isaías são habitualmente chamados “pequeno apocalipse de Isaías” (para
distinguir do “grande apocalipse de Isaías”, que aparece nos capítulos 24-27);
descrevem os últimos combates travados por Jahwéh contra as nações, particularmente
contra Edom e a vitória definitiva do Povo de Deus. Estes dois capítulos
parecem poder ser relacionados com os capítulos 40-55 do Livro de Isaías (cujo
autor é esse Deutero-Isaías que atuou na Babilônia entre os exilados, na fase
final do Exílio). Por que razão estes dois capítulos se apresentam separados do
seu “ambiente natural” (Is 40-55)? Provavelmente, foram atraídos pelas peças
escatológicas soltas de Is 28-33 e, especialmente, pelo capítulo 33.
Depois de apresentar o julgamento
de Deus (cf. Is 34,1-4) e o castigo de Edom (cf. Is 34,5-15), o autor descreve,
por contraste, a transformação extraordinária do deserto sírio, pelo qual vão
passar os israelitas libertados, que retornam do Exílio. A intenção do profeta
é consolar os exilados, desanimados, frustrados e mergulhados no desespero,
porque a libertação tarda e parece que Deus os abandonou. Este tema será
desenvolvido em profundidade nos capítulos 40-55 do Livro de Isaías.
Temos aqui um autêntico “hino à
alegria”, destinado a acordar a esperança e a revitalizar o ânimo dos exilados.
Qual a razão dessa alegria? É que Deus “aí está para fazer justiça”: Ele vai
intervir na história, vai salvar Judá do cativeiro, vai abrir uma estrada no
deserto para que o seu Povo possa regressar em triunfo a Sião.
O profeta começa por interpelar a
natureza e pedir-lhe que se prepare para a ação libertadora de Deus em favor do
seu Povo: o deserto e o descampado, estéreis e desolados, são convidados a
revestir-se de vida abundante (como o Líbano, o monte Carmelo ou a planície do
Sharon, zonas proverbiais de vida e de fecundidade) e a enfeitar-se de flores
de todas as formas e cores (vers. 1-2). Dessa forma, a própria natureza
manifestará a sua alegria pela intervenção salvadora de Jahwéh; mas, sobretudo,
será o cenário adequado para essa intervenção de Deus, destinada a levar vida
nova ao Povo. Além disso, a magnificência das árvores e das plantas será a
imagem da glória e da beleza do Senhor e falará a todos da grandeza de Deus, da
sua capacidade para fazer brotar vida onde só há morte, desolação,
esterilidade.
Depois, a palavra do profeta
dirige-se aos homens (vers. 3-4). Nada de desânimo, nada de cobardia, nada de
baixar os braços: Deus aí está para salvar e libertar o seu Povo. Os exilados
devem unir-se à natureza nessa corrente de alegria e de vida nova, pois a
libertação chegou.
O resultado da iniciativa
salvadora e libertadora de Deus será que os olhos dos cegos se abrirão e se
desimpedirão os ouvidos dos surdos… O coxo não apenas andará, mas saltará como
um veado; o mudo não apenas falará, mas cantará de alegria (vers. 5-6). A ação
de Deus é excessiva, verdadeiramente transformadora e geradora de vida nova em
abundância.
A marcha do Povo da terra da
escravidão para a terra da liberdade será, pois, um novo êxodo, onde se
repetirão as maravilhas operadas pelo Deus libertador a quando do primeiro
êxodo; no entanto, este segundo êxodo será ainda mais grandioso, quanto à
manifestação e à ação de Deus. Será uma peregrinação festiva, uma procissão
solene, feita na alegria e na festa. O resultado final desse segundo êxodo será
o reencontro com Sião, a eterna felicidade, a alegria sem fim (vers. 10).
ATUALIZAÇÃO
Ter em conta os seguintes
elementos:
• Para os otimistas, o nosso
tempo é um tempo de grandes realizações, de grandes descobertas, em que se abre
todo um mundo de possibilidades ao homem; para os pessimistas, o nosso tempo é
um tempo de sobreaquecimento do planeta, de subida do nível do mar, de
destruição da camada do ozônio, de eliminação das florestas, de risco de
holocausto nuclear… Para uns e para outros, é um tempo de desafios, de
interpelações, de procura, de risco… Como é que nós nos relacionamos com este
mundo? Vemo-lo com os olhos da esperança, ou com os óculos negros do desespero?
• Os crentes não podem, contudo,
esquecer que “Deus aí está”: a sua intervenção faz com que o deserto se revista
de vida e que na planície árida do desespero brote a flor da esperança. É com
esta certeza da presença de Deus e com a convicção de que Ele não nos deixará
abandonados nas mãos das forças da morte que somos convidados a caminhar pela
vida e a enfrentar a história.
• O Advento é o tempo em que se
anuncia e espera a intervenção salvadora de Deus em favor do seu Povo. No
entanto, Ele só virá, se eu estiver disposto a acolhê-l’O; Ele só intervirá, se
eu estiver disposto a receber de braços abertos a proposta de libertação que
Ele me vem fazer… Estou preparado para acolher o Senhor? Ele tem lugar na minha
vida? A sua proposta libertadora encontrará eco no meu coração?
• O profeta é o homem que rema
contra a maré… Quando todos cruzam os braços e se afundam no desespero, o
profeta é capaz de olhar para o futuro com os olhos de Deus e ver, para lá do
horizonte do sol poente, um novo amanhã. Ele vai, então, gritar aos quatro
ventos a esperança, fazer com que o desespero se transforme em alegria e que o
imobilismo se transforme em luta empenhada por um mundo melhor. É este
testemunho de esperança que procuramos dar?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 145
(146)
Refrão 1: Vinde, Senhor, e
salvai-nos.
Refrão 2: Vinde salvar-nos,
Senhor.
O Senhor faz justiça aos
oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
O Senhor ilumina os olhos dos
cegos,
o Senhor levanta ao abatidos,
o Senhor ama os justos.
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos
pecadores.
O Senhor reina eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.
LEITURA – Tg 5,7-10
A carta de onde foi extraída a
nossa segunda leitura de hoje é um escrito de um tal Tiago (cf. Tg 1,1), que a
tradição liga a esse Tiago “irmão” do Senhor, que presidiu à Igreja de
Jerusalém e do qual os Evangelhos falam, acidentalmente, como filho de certa
Maria (cf. Mt 13,55;27,56). Teria morrido decapitado em Jerusalém no ano 62… No
entanto, a atribuição deste escrito a tal personagem levanta bastantes
dificuldades. O mais certo é estarmos perante um outro qualquer Tiago,
desconhecido até agora (o “Tiago, filho de Alfeu” – de que se fala em Mc 3,18 e
par. – e o “Tiago, filho de Zebedeu” e irmão de João – de que se fala em Mc
1,19 e par. – também não se encaixam neste perfil). É, de qualquer forma, um
autor que escreve em excelente grego, recorrendo até, com frequência, à
“diatribe” – um gênero muito usado pela filosofia popular helênica. Inspira-se
particularmente na literatura sapiencial, para extrair dela lições de moral
prática; mas depende também profundamente dos ensinamentos do Evangelho.
Trata-se de um sábio judeo-cristão que repensa, de maneira original, as máximas
da sabedoria judaica, em função do cumprimento que elas encontraram na boca e
no ensinamento de Jesus.
A carta foi enviada “às doze
tribos que vivem na Diáspora” (Tg 1,1). Provavelmente, a expressão alude a
cristãos de origem judaica, dispersos no mundo greco-romano, sobretudo nas
regiões próximas da Palestina – como a Síria ou o Egito; mas, no geral, a carta
parece dirigir-se a todos os crentes, exortando-os a que não percam os valores
cristãos autênticos herdados do judaísmo através dos ensinamentos de Cristo.
Denuncia, sobretudo, certas interpretações consideradas abusivas da doutrina
paulina da salvação pela fé, sublinhando a importância das obras; e ataca com
extrema severidade os ricos (cf. Tg 1,9-11;2,5-7;4,13-17;5,1-6).
O nosso texto pertence à terceira
parte da carta (Tg 3,14-5,20). Aí, o autor apresenta, num conjunto de
desenvolvimentos e de sentenças aparentemente sem ordem nem lógica, indicações
concretas destinadas a favorecer uma vida cristã mais autêntica.
Depois de uma violenta denúncia
dos ricos que oprimem os pobres e que enriquecem retendo os salários dos seus
trabalhadores (cf. Tg 5,1-6), o autor da carta dirige-se aos pobres e
convida-os a esperar com paciência a vinda do Senhor (como o agricultor, depois
de ter feito o seu trabalho, fica pacientemente, mas cheio de esperança, à
espera que a terra produza os seus frutos). Todo o enquadramento está dominado
pela perspectiva da vinda do Senhor.
A questão é, portanto, esta: os
pobres vivem numa situação intolerável de exploração e de injustiça; mas não
devem resolver o seu problema com queixas e violências: devem confiar em Deus e
esperar a intervenção que os salvará e libertará. A paciência e a espera
confiada no Senhor são as atitudes corretas, nestes tempos em que se prepara a
intervenção final de Deus na história.
Haverá, aqui, um apelo à
passividade, a cruzar os braços, a demitir-se da luta pelo mundo melhor? Não
devemos entender o apelo de Tiago nesta perspectiva; o que há aqui é um apelo a
confiar no Senhor e a não embarcar no mesmo esquema injusto e violento dos
opressores… O acento é posto na esperança que deve alumiar o coração de quem
sofre: a libertação está a chegar.
ATUALIZAÇÃO
A reflexão pode partir dos
seguintes elementos:
• Muitos irmãos nossos fazem,
todos os dias, a experiência intolerável de viver na injustiça, no medo, no
sofrimento, à margem da vida, privados de dignidade… Tiago diz-lhes: “apesar do
sem sentido da vida, apesar do sofrimento, Deus não vos abandonou nem esqueceu,
mas vai libertar-vos; aproxima-se a dia da intervenção salvadora de Deus…
Esperai-O, não com o coração cheio de revolta (que vos destrói e que magoa
todos aqueles que, sem ter culpa, vivem e caminham a vosso lado), mas com
esperança e confiança”.
• Atenção: isto não significa
instalar-se numa resignação que aliena e numa passividade que é renúncia à
própria dignidade humana… Isto significa, sobretudo, não deixar que sentimentos
agressivos e destrutivos tomem posse de nós, pois a libertação de Deus não pode
chegar a qualquer coração dominado pelo ódio, pelo rancor, pelo desejo de
vingança.
• Nós, Igreja de Jesus,
testemunhas do projeto libertador de Deus, temos de anunciar o projeto
libertador de Deus aos escravos e oprimidos e não deixar que a luz da esperança
se apague… Anunciamos a salvação aos pobres e oprimidos, com as nossas palavras
e com os nossos gestos?
• A salvação de Deus chega ao
mundo através do nosso testemunho… Lutamos, objetivamente, para tornar
realidade o projeto libertador de Deus e para silenciar a opressão, a
injustiça, tudo o que rouba a vida e a dignidade a qualquer homem ou a qualquer
mulher?
ALELUIA – Is 61,1
Aleluia. Aleluia.
O Espírito do Senhor está sobre
mim:
enviou-me a anunciar a boa nova
aos pobres.
EVANGELHO – Mt 11,2-11
Na seção precedente do Evangelho
(cf. Mt 4,17-11,1), Mateus apresentou de forma sistemática o anúncio do
“Reino”, manifestado nas palavras e nos gestos de Jesus, e difundido pelos seus
discípulos… Agora, começa outra seção, em que todo o interesse do evangelista
é mostrar as atitudes que as distintas pessoas ou grupos vão assumir diante de
Jesus (cf. Mt 11,2-12,50). A narração é retomada com a pergunta dos enviados de
João Baptista (que está na prisão, por ordem de Herodes Antipas, a quem o Baptista
havia criticado por viver maritalmente com a cunhada – cf. Mt 14,1-5): Jesus é
mesmo “o que está para vir”?
A pergunta não é ociosa… João
esperava um Messias que viesse lançar fogo à terra, castigar os maus e os
pecadores, dar início ao “juízo de Deus” (cf. Mt 3,11-12); e, ao contrário,
Jesus aproximou-Se dos pecadores, dos marginais, dos impuros, estendeu-lhes a
mão, mostrou-lhes o amor de Deus, ofereceu-lhes a salvação (cf. Mt 8-9). João e
os seus discípulos estão, pois, desconcertados: Jesus será o Messias esperado,
ou é preciso esperar um outro que venha atuar de uma forma mais decidida, mais
lógica e mais justiceira?
Mateus tem um interesse especial
pela figura de João Baptista. Para ele, João é o precursor, que veio preparar
os homens para acolher Jesus. É provável que, ao fazer esta apresentação, o
evangelista se queira dirigir aos discípulos de João que ainda continuavam ativos
na época em que o Evangelho foi escrito… Mateus pretende clarificar as coisas e
“piscar o olho” aos discípulos de João, no sentido de que eles adiram à
proposta cristã e entrem na Igreja de Jesus.
O nosso texto divide-se em duas
partes… Na primeira, Jesus responde à pergunta de João e dá a entender que Ele
é o Messias (vers. 2-6); na segunda, temos a apreciação que o próprio Jesus faz
da figura e da ação profética de João (vers. 7-11).
Jesus tem consciência de ser o
Messias? A resposta é obviamente positiva; para dá-la, Jesus recorre a um
conjunto de citações de Isaías que definem, na perspectiva dos profetas, a ação
do Messias enviado de Deus: dar vida aos mortos (cf. Is 26,19), curar os surdos
(cf. Is 29,18), dar vista aos cegos, dar liberdade de movimentos aos coxos (cf.
Is 35,5-6), anunciar a Boa Nova aos pobres (cf. Is 61,1). Ora, se Jesus
realizou estas obras (cf. Mt 8-9), é porque Ele é o Messias, enviado por Deus
para libertar os homens e para lhes trazer o “Reino”. A sua mensagem e os seus
gestos contêm uma proposta libertadora que Deus faz aos homens.
Na segunda parte, temos a
declaração de Jesus sobre o Baptista. Mateus utiliza um recurso retórico muito
conhecido: uma série de perguntas que convidam os ouvintes a dar uma resposta
concreta. A resposta às duas primeiras questões é, evidentemente, negativa:
João não é um pregador oportunista cuja mensagem segue as modas, nem um
elegante convencido que vive no luxo. A resposta à terceira é positiva: João é
um profeta e mais do que um profeta. A declaração, que começa com uma
referência à Escritura (cf. Ex 23,20; Mal 3,1) pretende clarificar qual a relação
entre ambos e o lugar de João no “Reino”: João é o precursor do Messias; é
“Elias”, aquele que tinha de vir antes, a fim de preparar o caminho para o
Messias (cf. Mal 3,23-24)… No entanto, aqueles que entraram no “Reino” através
do seguimento de Jesus são mais do que Ele.
ATUALIZAÇÃO
A reflexão deste texto pode
partir das seguintes questões:
• O nosso texto identifica Jesus
com a presença salvadora e libertadora de Deus no meio dos homens. Neste tempo
de espera, somos convidados a aguardar a sua chegada, com a certeza de que Deus
não nos abandonou, mas continua a vir ao nosso encontro e a oferecer-nos a
salvação.
• Os “sinais” que Jesus realizou
enquanto esteve entre nós têm de continuar a acontecer na história; agora, são
os discípulos de Jesus que têm de continuar a sua missão e de perpetuar no
mundo, em nome de Jesus, a ação libertadora de Deus. Os que vivem amarrados ao
desespero de uma doença incurável encontram em nós um sinal vivo do Cristo
libertador que lhes traz a salvação? Os “surdos”, fechados num mundo sem
comunicação e sem diálogo, encontram em nós a Palavra viva de Deus que os desperta
para a comunhão e para o amor? Os “cegos”, encerrados nas trevas do egoísmo ou
da violência, encontram em nós o desafio que Deus lhes apresenta de abrir os
olhos à luz? Os “coxos”, privados de movimento e de liberdade, escondidos atrás
das grades em que a sociedade os encerra, encontram em nós a Boa Nova da
liberdade? Os “pobres”, marginalizados, sem voz nem dignidade, sentem em nós o
amor de Deus?
• Mais uma vez, somos
interpelados e questionados pela figura vertical e coerente de João… Ele não é um
pregador da moda, cujas ideias variam conforme as flutuações da opinião pública
ou os interesses dos poderosos; nem é um charlatão bem vestido, que prega apara
ganhar dinheiro, para defender os seus interesses, ou para ter uma vida cômoda
e sem grandes exigências… Mas é um profeta, que recebeu de Deus uma missão e
que procura cumpri-la, com fidelidade e sem medo. A minha vida e o meu
testemunho profético cumprem-se com a mesma verticalidade e honestidade, ou
estou disposto e vender-me a interesses menos próprios, se isso me trouxer
benefícios?
• A “dúvida” de João acerca da
messianidade de Jesus não é chocante, mas é sinal de uma profunda honestidade…
Devemos ter mais medo daqueles que têm certezas inamovíveis, que estão
absolutamente certos das suas verdades e dos seus dogmas, do que daqueles que
procuram, honestamente, as respostas às questões que a vida todos os dias põe.
Sou um fundamentalista, que nunca se engana e raramente tem dúvidas, ou alguém
que sabe que não tem o monopólio da verdade, que ouve os irmãos, e que procura,
com eles, descobrir o caminho verdadeiro?
Nenhum comentário:
Postar um comentário