Saiba como os familiares podem ajudar neste processo, e quando é preciso procurar o auxílio profissional de um psicólogo.
A doença de um familiar ou própria, a morte de um ente querido ou a separação dos pais são acontecimentos críticos para crianças
e adolescentes. Como os pais podem ajudar seus filhos nestes momentos?
Marisa Magaña, diretora do Centro de Escuta São Camilo, dá algumas dicas
para acompanhar os filhos.
Sabemos identificar quando uma pessoa precisa ir ao médico, mas não distinguimos bem quando é preciso ir ao psicólogo. Você poderia nos explicar isso, por favor?
O que acontece é que estamos acostumados a conviver com determinados hábitos de pensamento e comportamento que não são saudáveis, mas já os tornamos normais e, ainda que não nos façam sentir bem, pensamos que já não podemos mudá-los.
Certamente, não existe uma linha divisória clara e não é fácil diferenciar, diante de um mal-estar pessoal, se o apoio da família e dos amigos será suficiente, ou se será necessária a ajuda de um profissional de saúde mental.
Alguns parâmetros para discernir se precisamos ou não procurar ajuda profissional são:
- Este problema/circunstância está limitando e prejudicando a rotina diária?
- Já se tentou resolver esta questão de alguma maneira e, seja por falta de motivação ou capacidade, não se obteve um resultado positivo?
- O motivo do mal-estar é constante e vai piorando com o tempo?
Se a reflexão sobre estas perguntas nos leva ao "sim" como resposta, seria aconselhável buscar a opinião de um psicólogo.
Há momentos especialmente críticos na vida de uma criança ou de um adolescente: doença sua ou de um familiar, morte de alguém próximo, separação dos pais... Como estas situações os afetam?
Acontecimentos como estes, quando ocorrem durante a infância ou adolescência, costumam afetar a pessoa em todas as suas dimensões.
Diante disso, os pais precisam estar especialmente alertas, porque os adolescentes (especialmente os meninos) não manifestam seus sentimentos como os adultos; eles "representam" tais sentimentos de alguma maneira, pois têm dificuldade de exprimi-los.
É frequente, por isso, que o seu mal-estar (tristeza, raiva, culpa) seja projetado em suas atividades e comportamentos diários: falta de entusiasmo pelas coisas, não querer estar longe de casa, reações violentas sem causa justificada etc.
Lembro-me do caso de uma menina de 10 anos que, diante da morte de sua irmã menor, não expressava nenhum sentimento, até que, um dia, foi dormir na casa da sua melhor amiga e teve um ataque de choro tão forte, que os pais tiveram de ir buscá-la.
Como os pais devem agir?
Fundamentalmente, de duas maneiras. Em primeiro lugar, deixar que os filhos participem do que está acontecendo na família, ou seja, informá-los (adaptando a informação ao seu nível de compreensão) sobre o que está acontecendo, sobre como isso poderá afetá-los, mudanças de horários etc.
Quando se trata de uma doença grave, sem fechar a porta da esperança, procurar não mentir sobre a gravidade e a possibilidade de não haver cura; os filhos também precisam ir se despedindo da pessoa.
Uma vez feito isso, é importantíssimo dar-lhes a oportunidade de expressar o que estão sentindo, perguntar o que quiserem; normalizar e acolher seu pranto, sua raiva etc., com carinho e compreensão, explicando-lhes que é a sua forma de expressar o amor pelo ente querido.
Em nossa sociedade, evitamos falar da morte, especialmente com as crianças. Quando e como é conveniente conversar com uma criança sobre a morte?
Sempre que a criança tiver sofrido uma perda significativa, é importante conversar com ela.
Mas o que dizer à criança? Contar como nos sentimos, que entendemos sua triteza, que é natural que sinta vergonha ou raiva, que nesta vida já não veremos mais o falecido.
Levar em consideração, além disso, que os principais temores da criança são: eu causei a morte? Isso vai acontecer comigo? Quem vai cuidar de mim se meu/minha parente X morrer?
Segundo a sua experiência, quais são as situações que mais nos "doem", no corpo e na alma, na época atual?
Pela minha experiência, as situações mais custosas para os seres humanos são atemporais, e têm a ver com o medo de que as outras pessoas deixem de nos amar. Embora pareça banal, amar e ser amado é o que dá sentido ao ser humano, felizmente.
Perder esse carinho devido à morte, ao abandono, à agressão etc., deixa um vazio na alma; se este vazio não for trabalhado, enfrentado, ele acabará enfermando o corpo. A grande maioria dos transtornos de uma pessoa tem sua origem em não ter recebido carinho ou tê-lo recebido de maneira insana.
Você trata casos de pessoas que chegaram ao fundo do poço. Como você as motiva para que saiam diante e vejam um horizonte de esperança?
Quando você sente que está no fundo do poço, uma das coisas de que mais precisa é que, enquanto você estiver reclamando por toda a dor sofrida, haja alguém sentado ao seu lado, acolhendo tudo isso que você está dizendo.
É preciso entender a magnitude da gravidade, validar as reações e comportamentos da pessoa, como próprios da situação tão dura que ela está vivendo; e inclusive incentivá-la a não segurar nada do que está sentindo, porque, neste caso, reclamar é bom e cura. É a reabilitação do osso quebrado: dói enquanto se conserta, mas sem isso não se pode caminhar bem.
Somente depois de ter acolhido o outro em suas fraquezas, ele confiará em você, para ajudá-lo a re/descobrir suas fortalezas.
Sabemos identificar quando uma pessoa precisa ir ao médico, mas não distinguimos bem quando é preciso ir ao psicólogo. Você poderia nos explicar isso, por favor?
O que acontece é que estamos acostumados a conviver com determinados hábitos de pensamento e comportamento que não são saudáveis, mas já os tornamos normais e, ainda que não nos façam sentir bem, pensamos que já não podemos mudá-los.
Certamente, não existe uma linha divisória clara e não é fácil diferenciar, diante de um mal-estar pessoal, se o apoio da família e dos amigos será suficiente, ou se será necessária a ajuda de um profissional de saúde mental.
Alguns parâmetros para discernir se precisamos ou não procurar ajuda profissional são:
- Este problema/circunstância está limitando e prejudicando a rotina diária?
- Já se tentou resolver esta questão de alguma maneira e, seja por falta de motivação ou capacidade, não se obteve um resultado positivo?
- O motivo do mal-estar é constante e vai piorando com o tempo?
Se a reflexão sobre estas perguntas nos leva ao "sim" como resposta, seria aconselhável buscar a opinião de um psicólogo.
Há momentos especialmente críticos na vida de uma criança ou de um adolescente: doença sua ou de um familiar, morte de alguém próximo, separação dos pais... Como estas situações os afetam?
Acontecimentos como estes, quando ocorrem durante a infância ou adolescência, costumam afetar a pessoa em todas as suas dimensões.
Diante disso, os pais precisam estar especialmente alertas, porque os adolescentes (especialmente os meninos) não manifestam seus sentimentos como os adultos; eles "representam" tais sentimentos de alguma maneira, pois têm dificuldade de exprimi-los.
É frequente, por isso, que o seu mal-estar (tristeza, raiva, culpa) seja projetado em suas atividades e comportamentos diários: falta de entusiasmo pelas coisas, não querer estar longe de casa, reações violentas sem causa justificada etc.
Lembro-me do caso de uma menina de 10 anos que, diante da morte de sua irmã menor, não expressava nenhum sentimento, até que, um dia, foi dormir na casa da sua melhor amiga e teve um ataque de choro tão forte, que os pais tiveram de ir buscá-la.
Como os pais devem agir?
Fundamentalmente, de duas maneiras. Em primeiro lugar, deixar que os filhos participem do que está acontecendo na família, ou seja, informá-los (adaptando a informação ao seu nível de compreensão) sobre o que está acontecendo, sobre como isso poderá afetá-los, mudanças de horários etc.
Quando se trata de uma doença grave, sem fechar a porta da esperança, procurar não mentir sobre a gravidade e a possibilidade de não haver cura; os filhos também precisam ir se despedindo da pessoa.
Uma vez feito isso, é importantíssimo dar-lhes a oportunidade de expressar o que estão sentindo, perguntar o que quiserem; normalizar e acolher seu pranto, sua raiva etc., com carinho e compreensão, explicando-lhes que é a sua forma de expressar o amor pelo ente querido.
Em nossa sociedade, evitamos falar da morte, especialmente com as crianças. Quando e como é conveniente conversar com uma criança sobre a morte?
Sempre que a criança tiver sofrido uma perda significativa, é importante conversar com ela.
Mas o que dizer à criança? Contar como nos sentimos, que entendemos sua triteza, que é natural que sinta vergonha ou raiva, que nesta vida já não veremos mais o falecido.
Levar em consideração, além disso, que os principais temores da criança são: eu causei a morte? Isso vai acontecer comigo? Quem vai cuidar de mim se meu/minha parente X morrer?
Segundo a sua experiência, quais são as situações que mais nos "doem", no corpo e na alma, na época atual?
Pela minha experiência, as situações mais custosas para os seres humanos são atemporais, e têm a ver com o medo de que as outras pessoas deixem de nos amar. Embora pareça banal, amar e ser amado é o que dá sentido ao ser humano, felizmente.
Perder esse carinho devido à morte, ao abandono, à agressão etc., deixa um vazio na alma; se este vazio não for trabalhado, enfrentado, ele acabará enfermando o corpo. A grande maioria dos transtornos de uma pessoa tem sua origem em não ter recebido carinho ou tê-lo recebido de maneira insana.
Você trata casos de pessoas que chegaram ao fundo do poço. Como você as motiva para que saiam diante e vejam um horizonte de esperança?
Quando você sente que está no fundo do poço, uma das coisas de que mais precisa é que, enquanto você estiver reclamando por toda a dor sofrida, haja alguém sentado ao seu lado, acolhendo tudo isso que você está dizendo.
É preciso entender a magnitude da gravidade, validar as reações e comportamentos da pessoa, como próprios da situação tão dura que ela está vivendo; e inclusive incentivá-la a não segurar nada do que está sentindo, porque, neste caso, reclamar é bom e cura. É a reabilitação do osso quebrado: dói enquanto se conserta, mas sem isso não se pode caminhar bem.
Somente depois de ter acolhido o outro em suas fraquezas, ele confiará em você, para ajudá-lo a re/descobrir suas fortalezas.
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