O martírio dos cristãos é um testemunho da realeza de Jesus Cristo na história da humanidade.
Muçulmanos ameaçam cristãos de morte no Egito
A fé cristã tem raiz em forma de cruz. Essa verdade
apresenta-se ao longo de toda a história do cristianismo, sobretudo nos
dois últimos séculos, nos quais se fizeram mais mártires que todos os
demais. Uma vez que o próprio Cristo certificou os discípulos acerca do
ódio do mundo, nota-se a repetição, de tempos em tempos, da perseguição que acompanha a peregrinação da Igreja na Terra, como presságio da derradeira provação e páscoa do Senhor.
É a aparente derrota do cristianismo dada pela cruz que, ao final, se
transmuta em vitória e juízo final do amor de Deus por sua criatura.
Inspirado pelo exemplo de São João Batista, cuja memória litúrgica celebrou-se nesta semana, o Papa Francisco pediu durante sua homilia para que os cristãos tenham a coragem de proclamar a Palavra de Deus até o martírio.
Desde os primeiros anos da era cristã, a começar pela morte de Santo
Estêvão, os cristãos são chamados a não somente viver como Cristo, mas
também a morrer como Ele, de modo que venha a se cumprir as palavras
proferidas por São Paulo: "O que falta às tribulações de Cristo,
completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja" (Cf. Cl 1, 24).
Sendo a Igreja a continuação da encarnação do Verbo na história da
humanidade, também nela se encontram as chagas da crucificação. Apesar
de ignorado pelos holofotes da grande imprensa, o massacre de fiéis
cristãos têm se multiplicado ano após ano, ao ponto de algumas
estimativas indicarem a morte de um cristão a cada cinco minutos. O
autor do livro World Christian Trends AD 30-AD 2200, o sociólogo
investigador David Barrett, calcula o genocídio de 160 mil cristãos só
na primeira década deste milênio e 150 mil para a segunda. Os dados
colocam a religião cristã no topo das mais perseguidas do mundo.
A título de exemplo, veja-se os recorrentes ataques de radicais
muçulmanos a catedrais católicas ou - de outras confissões cristãs - no
Egito, no Líbano, na Síria e em outras regiões do Oriente Médio, onde
ocorre a chamada "Primavera Árabe". A pesquisadora do American
Enterprise Institute, Ayaan Hirsi, chegou a denunciar em uma reportagem
para a revista americana Newsweek que "nos últimos anos, a
opressão violenta das minorias cristãs tornou-se a norma em países de
maioria islâmica, da África Ocidental ao Oriente Médio e do sul da Ásia à
Oceania". Ou então o recente ultraje à Igreja de São Francisco
Xavier, em Colombo, Sri Lanka, perpetrado por extremistas budistas, que
incendiaram o altar e quebraram uma imagem de Nossa Senhora.
Cristãos protestam e pedem liberdade religiosa
Todavia, o martírio do cristianismo não se resume ao derramamento de
sangue, mas expande-se a outras categorias, como aquela da
ridicularização. Foi o que lembrou o Papa Emérito Bento XVI, no seu
discurso durante vigília para beatificação do Cardeal Newman, na
Inglaterra. Na ocasião, o Santo Padre explicou que "na nossa época, o
preço que deve ser pago pela fidelidade ao Evangelho já não é
ser enforcado, afogado e esquartejado, mas muitas vezes significa ser
indicado como irrelevante, ridicularizado ou ser motivo de paródia".
Tanto é verdade que o veterano jornalista da rede BBC, Roger Bolton,
chegou a declarar que faria piada com Jesus, mas não com Maomé, por ser
perigoso. Uma rápida pesquisa em sites como Youtube ou qualquer
outro dá conta da vasta quantidade de vídeos e artigos que pululam na
internet zombando da fé em Cristo.
Essa situação dolorosa provoca, por conseguinte, a debandada de
inúmeras pessoas que já não encontram a razão de sua fé, ou então, que
sentem-se intimidadas pelo proselitismo agressivo dos agentes do
secularismo. Por outro lado, também dentro da Igreja
encontram-se os missionários do mundo que, diante da maldade e da
perseguição, propõem "uma solução aparente a seus problemas, à custa da
apostasia da verdade" (Cf. CIC 675). É o "mistério da
iniquidade", diz o Catecismo da Igreja Católica, trazido pelo
Anticristo, cuja impostura religiosa é nada mais que "a de um
pseudo-messianismo em que o homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e
de seu Messias que veio na carne".
Beato José Sanchez del Rio
Diante disso, os cristãos precisam saber de antemão, que o Reino de Deus "não
se realizará por um triunfo histórico da Igreja segundo um progresso
ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o desencadeamento último
do mal, que fará sua Esposa descer do céu" (Cf. CIC 677).
Portanto, a única alternativa coerente à perseguição não é a do falso
messianismo e da apostasia, mas o abraçar da cruz cotidiana, firme na
promessa de Cristo que estará com seus seguidores até o fim dos tempos.
Seja qual for a categoria do martírio, todos precisam recordar que "o sangue dos mártires é semente para novos cristãos".
Assim, mesmo que o rebanho se reduza a um pequeno grupo, a um resto, é
neste grupo que Deus operará a graça para a proliferação do anúncio da
Boa Nova pelos séculos dos séculos, "porque onde dois ou três estão
reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Cf. Mt 18, 20).
A vitória de Deus é certa, cabe ao homem escolher o lado no qual quer estar quando chegar a hora. Muitos
dos primeiros mártires iam para as fogueiras ou para as covas dos leões
cantando hinos de glória, para arrepio dos pagãos que assistiam
perplexos. Isso só é possível para aqueles cuja meta está em
alcançar a Coroa da Justiça nos céus. Mesmo quando morre, o cristão
vive. Por isso muitos que experimentaram a honra do martírio, como o
Beato José Sanchez del Río, tiveram nos lábios as palavras "Viva Cristo
Rei". Nestes tempos obscuros de materialismo e relativismo, a Igreja
tem, mais uma vez, a missão de testemunhar até o martírio as Palavras
Eternas: Viva Cristo Rei.
Por: Equipe Christo Nihil Praeponere
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