Pela História da Igreja podemos ver com
clareza a sua transcendência e divindade. Nenhuma instituição humana
sobreviveu a tantos golpes, perseguições, martírios e massacres durante
2000 mil anos; e nenhuma outra instituição humana teve uma seqüência
ininterrupta de governantes. Já são 266 Papas desde Pedro de Cafarnaum.
Esta façanha só foi possível porque ela é verdadeiramente divina;
divindade esta que provém Daquele que é a sua Cabeça, Jesus Cristo. Ele
fez da Igreja o Seu próprio Corpo (cf. Cl 1,18), para salvar toda a
humanidade.
Podemos dizer que, humanamente falando, a
Igreja, como começou, tinha tudo para não dar certo. Ao invés de
escolher os “melhores” homens do Seu tempo, generais, filósofos gregos e
romanos, etc., Jesus preferiu escolher doze homens simples da Galiléia,
naquela região desacreditada pelos próprios judeus. “Será que pode sair
alguma coisa boa da Galiléia?” Isto, para deixar claro a todos os
homens, de todos os tempos e lugares, que “todo este poder
extraordinário provém de Deus e não de nós” (2Cor 4,7); para que ninguém
se vanglorie do serviço de Deus.
Aqueles Doze homens simples, pescadores
na maioria, “ganharam o mundo para Deus”, na força do Espírito Santo que
o Senhor lhes deu no dia de Pentecostes. “Sereis minhas testemunhas…
até os confins do mundo”(At 1, 8). Pedro e Paulo, depois de levarem a
Boa Nova da salvação aos judeus e aos gentios da Ásia e Oriente Próximo,
chegaram a Roma, a capital do mundo, e ali plantaram o Cristianismo
para sempre. Pagaram com suas vidas sob a mão criminosa de Nero, no ano
67, juntamente com tantos outros mártires, que fizeram o escritor
cristão Tertuliano de Cartago (†220) dizer que: “o sangue dos mártires
era semente de novos cristãos”. Estimam os historiadores da Igreja em
cem mil mártires nos três primeiros séculos. Talvez isto tenha feito os
Padres da Igreja dizerem que “christianus alter Christus” (o cristão é
um outro Cristo), que repete o caminho do Mestre.
Mas estes homens simples venceram o maior
império que até hoje o mundo já conheceu. Aquele que conquistou todo o
mundo civilizado da época, não conseguiu dominar a força da fé. As
perseguições se sucederam com os Césares romanos: Décio, Domiciano,
Trajano, Dioclesiano, Valeriano, etc…, até que Constantino, cuja mãe se
tornara cristã, Santa Helena, se converteu ao Cristianismo. No ano 313
ele assinava o edito de Milão, proibindo a perseguição aos cristãos,
depois de três séculos de sangue. E nem mesmo o imperador Juliano, o
apóstata, conseguiu fazer recuar o cristianismo, e no leito de morte
exclava: “Tu venceste, ó galileu!”.
O grande Império se curvou diante da
Cruz, disse Daniel Rops. A marca impressionante desta Igreja invencível e
infalível, esteve sempre na pessoa do sucessor de Pedro, o Papa. Os
Padres da Igreja cunharam aquela frase que ficou célebre: “Ubi Petrus,
ibi ecclesia; ubi ecclesia ibi Christus” (Onde está Pedro, está a
Igreja; onde está a Igreja está Cristo).
“Tu és Pedro; e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja… e as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).
“Tu és Pedro; e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja… e as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).
Depois da perseguição romana, vieram as
terríveis heresias. Já que o demônio não conseguiu destruir a Igreja, a
partir de fora, tentava agora fazê-lo a partir de dentro. De alguns
patriarcas das grandes sedes da Igreja, Constantinopla, Alexandria,
Antioquia, Jerusalém, e outras partes , surgiam as falsas doutrinas,
ameaçando dilacerar a Igreja por dentro. Eram o gnosticismo, o
pelagianismo, o maniqueísmo, o macedonismo, nestorianismo, jansenismo,
quietismo, etc.. Mas o Espírito Santo incumbiu-se de destruir todas
elas, e o barco da Igreja continuou o seu caminho até nós.
Os grandes defensores da fé e da sã
doutrina, foram os “Padres” da Igreja: Inácio de Antioquia (†107),
Clemente de Roma (†102), Ireneu de Lião (†202), Cipriano de Cartago(†
258), Hilário de Poitiers (†367), Cirilo de Jerusalém (†386), Anastácio
de Alexandria (†373), Basílio Magno (†379), Gregório de Nazianzo (†394),
Gregório de Nissa (†394), João Crisóstomo de Constantinopla (†407),
Ambrósio de Milão (†397), Agostinho de Hipona (†430), Jerônimo (420),
Éfrem (†373), Paulino de Nola (†431), Cirilo de Alexandria (†444), Leão
Magno (†461), e tantos outros que o Espírito Santo usou para derrotar as
heresias nos diversos Concílios dos primeiros séculos.
Cristo deixou a Sua Igreja na terra como
“a coluna e o sustentáculo da verdade” (1Tm 3,15). Todas as outras
igrejas cristãs são derivadas da Igreja Católica; as ortodoxas romperam
em 1050; as protestantes em 1517; a anglicana, em 1534, etc. E a lista
vai longe e se multiplica em nossos dias.
Depois que desabou o Império Romano do
ocidente, coube à Igreja o papel de mãe destes filhos abandonados nas
mãos dos bárbaros. S.Leão Magno, Papa e doutor da Igreja, enfrentou
Átila, rei dos hunos, às portas de Roma, e impediu que este bárbaro, o
“flagelo da História”, destruísse Roma; o mesmo fez depois com
Genserico. Aos poucos a Igreja foi cristianizando os bárbaros, até que o
rei e a rainha dos francos, Clovis e Clotilde, recebessem o batismo no
ano 500. Era a entrada maciça dos bárbaros no cristianismo. Papel
importantíssimo nesta conquista lenta e silenciosa coube aos monges e
seus mosteiros espalhados em toda a Europa, especialmente os
beneditinos, que preservaram a cultura do ocidente.
Mais adiante, no Natal do ano 800, na
Catedral de Reims, na França, o rei franco Carlos Magno era coroado pelo
Papa, e restabelecia-se o Império Romano, mas agora Sagrado. Os
bárbaros se renderam à fé de Cristo. Isto foi possível graças aos
milhares de envangelizadores que percorreram toda a Europa anunciando a
salvação trazida por Jesus ao mundo: S. Patrício, S. Columbano, S.
Bonifácio, e tantos outros gigantes da fé. E onde a semente do
Evangelho ia sendo lançada, logo em seguida, em toda parte, era regada
com o sangue dos mártires.
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Em toda a Idade Média imperou a marca do cristianismo na Europa. Aspirava-se e respirava-se a fé. Surgiram as Catedrais como a bela expressão da fé e do louvor a Deus; as Cruzadas ao Oriente no zelo de libertar a Terra Santa profanada; as Universidades cristãs, Bolonha, Sorbonne, Oxford, Cambridge, Salamanca, Coimbra, etc, todas fundadas pela Igreja de Cristo.
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Em toda a Idade Média imperou a marca do cristianismo na Europa. Aspirava-se e respirava-se a fé. Surgiram as Catedrais como a bela expressão da fé e do louvor a Deus; as Cruzadas ao Oriente no zelo de libertar a Terra Santa profanada; as Universidades cristãs, Bolonha, Sorbonne, Oxford, Cambridge, Salamanca, Coimbra, etc, todas fundadas pela Igreja de Cristo.
Mas a fé sempre esteve ameaçada; nos
tempos modernos levantaram-se contra a Igreja as forças iluminismo
deista, do materialismo, do comunismo, do nazismo, e todos eles fizeram
milhares de mártires cristãos, especialmente neste triste século vinte
que chega ao fim marcado por tantas ofensas ao Criador.
Stalin, o ditador soviético, responsável
por cerca de 30 milhões de mortos, para desafiar a Igreja, perguntou
quantas legiões de soldados tinha o Papa; é pena que não sobrevivesse
para ver o que aconteceu com o comunismo e com o seu Muro de Berlim. Mas
a Igreja continua como nunca, até o final da História, quando Cristo
voltará para assumir a Sua Noiva. Serão as Bodas definitivas e eternas
do Cordeiro com a Sua Igreja.
Nenhuma Instituição humana nesses dois mil anos cuidou tanto da
humanidade, fez e faz tanta caridade, espalhou e espalha tanto amor.
Nunca uma Instituição cuidou tanto das ciências, das artes, da música,
da arquitetura, do direito, da economia, da medicina, da astronomia, da
matemática, etc.
Então, é de se perguntar: por que,
voltam-se contra ela tantas forças tenebrosas, num laicismo anticatólico
indisfarçável? Penso que seja porque ela continua pregando com coragem
os Mandamentos do seu Senhor: não matar, não roubar, não prostituir, não
voltar aos tempos de Sodoma e Gomorra… As trevas não suportam o brilho
da Luz.
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