Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se
vos acontecesse alguma coisa extraordinária. Pelo contrário, alegrai-vos
em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que vos possais
alegrar e exultar no dia em que for manifestada sua glória. Que ninguém
de vós sofra como homicida, ou ladrão, ou difamador, ou cobiçador do
alheio. Se, porém, padecer como cristão,
não se envergonhe; pelo contrário, glorifique a Deus por ter este nome.
Assim, aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem as suas
almas ao Criador fiel, praticando o bem.” (I Pe 4, 12-13.15-16.19)
Deus Pai nos escolheu em Jesus Cristo antes da criação do mundo e nos selou com o Espírito Santo para podermos viver como filhos seus e fazer resplandecer a sua graça que nos foi concedida por Ele no Bem-Amado. (cf Ef 1). Portanto, a nossa vida é Ele, a nossa realidade é Ele. Não são as circunstâncias da nossa vida, não são a nossa família, ou a nossa profissão, ou as coisas que temos que determinam quem nós somos. Independentemente do que está à nossa volta, do que os outros nos dizem ou das coisas que nos acontecem, nós somos filhos e filhas de Deus, escolhidos pelo Pai, resgatados pelo sangue de Jesus e capacitados pelo Espírito Santo para vivermos a nossa vida dando testemunho de que somos filhos.
Tudo na nossa vida vai passar, a não ser pelo amor que recebemos e o
amor que damos o resto é tudo passageiro. Só o amor não passa porque o
amor vem de Deus e nós somos dele. Tudo na nossa vida pode mudar só Deus
não muda, Ele é estável, seu amor é sempre igual. Podemos perder tudo,
mas não a Ele, Ele é para sempre, Ele é o nosso bem, a nossa riqueza,
a nossa única certeza. Diante das dificuldades, dores, sofrimentos e
perdas que invariavelmente um dia batem à nossa porta, é bom lembrar: a
nossa realidade é Deus, não o que nos acontece.
Diante do sofrimento eminente Jesus disse: “Pai, se for possível
afasta de mim este cálice”. Mas, logo em seguida falou: “Contudo não se
faça a minha vontade e sim a tua.” Aceitando o que lhe vinha do pai Ele
carregou seu calvário até o fim, até poder dizer “Tudo está
consumado”. Recentemente, uma pessoa conhecida perdeu o filho jovem em
circunstâncias trágicas e ela disse que lembrar de como Jesus aceitou o
sofrimento a estava ajudando a carregar o seu. Dizia ainda ter aprendido
que é preciso olhar para além do sofrimento e fixar os olhos em Deus.
Alguém lhe falou de uma cruz feita com um buraco no meio, para nos
lembrar de olhar para além da cruz, como Jesus fez, olhar para o amor de
Deus, e não mergulhar no desespero e na dor da perda. Olhar para além
da cruz é confiar no amor do Pai e na sua misericórdia, é confiar na sua
promessa de que o Espírito Santo estaria eternamente conosco para nos
consolar e nos ajudar a bem viver a nossa vida. Quem sofre em Deus, como
cristão, fazendo o bem, sempre é consolado. Quem sofre fixando-se na
dor e não no amor, conhece o desespero.
Que o Deus da paz conceda a sua paz, que é dinâmica, que realiza
coisas nas nossas vidas, a sua paz que tem o poder de curar, para todos o
que sofrem, os que estão doentes, os que perderam entes queridos e lhes
dê também a capacidade de entender que o seu sofrimento não é vergonha,
não é opróbrio, e sim uma oportunidade de testemunhar que são filhos,
filhas de Deus.
Maria Beatriz Spier Vargas
Nenhum comentário:
Postar um comentário