Mas, afinal, o que é amar? O que leva
muitos casamentos ao fracasso é a noção falsa que se tem do amor hoje.
Há no ar uma “caricatura” do amor. Amor não egoísmo; isto é, preferência
por mim, mas pelo outro. Amar não é gostar; gostamos de coisas, amamos
pessoas. Se você treme de paixão diante de uma menina, e lhe diz: “eu te
amo”, esteja certo de que você está mentindo, pois esta tremedeira é
sinal de que você quer saciar o seu ego desejoso de prazer.
Isto não é amor, é paixão carnal, é
egoísmo. Amar é muito mais do que isso, pois não é satisfazer a si
mesmo. Amar não é apoderar-se do outro para satisfazer-se; é o
contrário, é dar-se ao outro para completá-lo. E para isto é preciso que
você se renuncie, se esqueça. Você corre o risco de, insatisfeito,
querer apaixonadamente agarrar aquilo que lhe falta; e isto não é amar.
Assim o amor morre nas suas mãos.
Você só começará a compreender o que é
amar, quando a sua vontade de fazer o bem ao outro for maior do que a
sua necessidade de tomá-lo só para si, para satisfazer-se. Para amar de
verdade, será preciso uma longa preparação, porque somos egoístas. Se
você não aprender de verdade a amar, poderá construir um lar oscilante e
de paredes frágeis, que poderão não suportar o peso do telhado.
As paixões sensíveis da adolescência não
são o autêntico amor, mas a perturbação de um jovem que encontra diante
de si os encantos e a novidade da masculinidade ou da feminilidade. Amar
é dar-se, ensina-nos Michel Quoist.
Mas para que você possa verdadeiramente
dar-se a alguém, você precisa primeiro “possuir-se”. Ninguém pode dar o
que não possui. Se você não se possui, se não tem o domínio de si mesmo,
como, então, você quer dar-se a alguém? Como você quer amar? Amar não é
“ser fisgado” por alguém, “possuir” alguém, ou ter afeição sensível
por ele, ou mesmo render-se a alguém.
Amar é, livre e conscientemente, dar-se a
alguém para completá-lo e construí-lo. E isto é mais do que um impulso
sensível do coração; é uma decisão da razão. Amar é uma decisão. E a
decisão não é tomada apenas com o coração, empurrado pela sensibilidade.
A decisão é tomada com a razão. O seu egoísmo é o seu tirano! A
autenticidade do amor se verifica pela cruz. Todo amor verdadeiro traz o
sinal do sacrifício. E é através desse sinal que você identifica o
verdadeiro amor e o falso. Não há amor sem renúncia. Não foi isto que
Jesus nos ensinou? “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo
15,12). Ele mandou amar, mas amar “como Eu vos amo”. E como Ele nos
amou? Até à cruz!
Prof. Felipe Aquino
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