terça-feira, 9 de outubro de 2012

LITURGIA DIÁRIA - MODELOS DO SER CRISTÃO.


Primeira Leitura: Gálatas 1, 13-24

XXVII SEMANA COMUM
(verde - ofício do dia)

Leitura da carta de são Paulo aos Gálatas - Irmãos, 13Certamente ouvistes falar de como outrora eu vivia no judaísmo, com que excesso perseguia a Igreja de Deus e a assolava; 14avantajava-me no judaísmo a muitos dos meus companheiros de idade e nação, extremamente zeloso das tradições de meus pais. 15Mas, quando aprouve àquele que me reservou desde o seio de minha mãe e me chamou pela sua graça, 16para revelar seu Filho em minha pessoa, a fim de que eu o tornasse conhecido entre os gentios, imediatamente, sem consultar a ninguém, 17sem ir a Jerusalém para ver os que eram apóstolos antes de mim, parti para a Arábia; de lá regressei a Damasco. 18Três anos depois subi a Jerusalém para conhecer Cefas, e fiquei com ele quinze dias. 19Dos outros apóstolos não vi mais nenhum, a não ser Tiago, irmão do Senhor. 20Isto que vos escrevo - Deus me é testemunha -, não o estou inventando. 21Em seguida, fui para as regiões da Síria e da Cilícia. 22Eu era ainda pessoalmente desconhecido das comunidades cristãs da Judéia; 23tinham elas apenas ouvido dizer: Aquele que antes nos perseguia, agora prega a fé que outrora combatia. E glorificavam a Deus por minha causa. - Palavra do Senhor.


Salmo Responsorial(138)

REFRÃO: Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!

1.
Senhor, vós me sondais e conheceis, / sabeis quando me sento ou me levanto; / de longe penetrais meus pensamentos, percebeis quando me deito e quando eu ando, / os meus caminhos vos são todos conhecidos.
-R.

2.
 Fostes vós que me formastes as entranhas, / e no seio de minha mãe vós me tecestes. / Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, porque de modo admirável me formastes! / Que prodígio e maravilha as vossas obras!
-R.

3.
 Até o mais íntimo, Senhor me conheceis; / nenhuma sequer de minhas fibras ignoráveis; / quando eu era modelado ocultamente, / era formado nas entranhas subterrâneas. -R.


Evangelho: Lucas 10, 38-42


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 38Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, o recebeu em sua casa. 39Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. 40Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude. 41Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; 42no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada. - Palavra da salvação.
catolicanet.com



Homilia - Pe Bantu


Nossa história hoje menciona uma aldeia ou vila. Trata-se de Betânia, que ficava a 2 milhas ao leste do templo em Jerusalém, nas colinas no leste do Monte das Oliveiras. Ali moravam os irmãos Marta, Maria e Lázaro (João 11:1). Não sabemos muito sobre eles fora o fato de que eram amigos de Jesus e que O hospedavam de quando em quando. Sabemos que Jesus ressucitou a Lázaro (João 11); que Jesus era conhecido de Marta e que falava com Ele de forma bastante casual e informal, que aparece em duas das três histórias servindo (João 12:2; Lucas 10:40); e que “Maria, cujo irmão Lázaro se achava enfermo, era a mesma que ungiu o Senhor com bálsamo, e lhe enxugou os pés com os seus cabelos” (João 11:2).
Veio, pois, Jesus seis dias antes da páscoa, a Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos.
Há algo sempre me impressionou sobre Jesus: como conseguia dizer tanto em tão poucas palavras. E hoje vemos uma história com muito a nos ensinar que ocupa apenas. Enquanto estavam andando pelo caminho Jesus entrou numa vila. Uma mulher chamada Marta O recebeu em sua casa. Marta tinha uma irmã chamada Maria que se sentou aos pés do Senhor e ficou ouvindo o que Ele estava dizendo.


O verbo usado em grego para “receber”, indica a acolhida que se oferece a um hóspede, uma característica própria e muito importante do povo judeu do tempo de Jesus: a boa acolhida aos hóspedes. Nos diversos comentários sobre esta passagem bíblica, podemos encontrar a certa tendência a contrastar, exaltando a atitude de Maria em detrimento da de Marta. Mas, como iremos notar, a atitude de Maria é uma ilustração concreta do amor a Deus, já que na narração precedente, tivemos uma ilustração do amor ao próximo, ou seja, bom samaritano.
Como diz o texto, Maria se sentou aos pés do Senhor para escutar sua Palavra. Maria estava sentada ao lado de Jesus, postura característica do discípulo que escuta atento os ensinamentos do Mestre. Marta, pelo contrário, estava ocupada com os muitos afazeres de casa. É óbvio que Marta também queria escutar os ensinamentos do Mestre, mas alguém tinha justamente que fazer a faxina, arrumar a casa para que Jesus se sentisse muito bem acolhido e não lhe faltasse nada.
Afinal de contas, alguém tinha que fazer a refeição; provavelmente, Marta não tinha empregados nem dispunha dos serviços que dispomos hoje como comida pré-cozida, ou comida self-service etc. Enquanto Maria escutava, Marta servia. Esta, inquieta com a atitude da irmã, se aproxima de Jesus e lhe pergunta se ele não estava achando Maria folgada demais, enquanto ela fazia tudo sozinha? Bem que Maria poderia dar uma mãozinha à irmã!
Mas, Jesus com uma suave repreensão, disse: “Marta, Marta! Você se preocupa com muitos detalhes?” Essa atitude de Jesus ilumina o que ele mesmo disse em Mc 10,45: “eu não vim para ser servido, mas para servir”.


Jesus continua e diz: “porém, uma só coisa é necessária”. Mas, uma tradução que ajuda a entender melhor o texto como um todo diz: “pouca coisa basta, não se preocupe em fazer muitos pratos nem em me oferecer muita coisa. Maria escolheu a parte boa e isto lhe está assegurado”.
Este evangelho é uma exortação à vida contemplativa, um convite a escuta da Palavra de Deus. Mas, querer colocar a escuta como superior a prática, é interpretar de maneira alegórica, que não só carece de fundamento no próprio relato, como vai contra as diretrizes dos últimos documentos sobre a interpretação da Bíblia.
O texto quer dizer que a vida do cristão deve ser caracterizada pelo “ora et labora” como expressou tão bem São Bento. Betânia (Marta e Maria) é um ícone, imagem da Igreja. Igreja, lugar onde Jesus habita, lugar no qual não somente se fala e se celebra a presença de Deus, mas onde o acolhemos no nosso coração, onde preparamos a Ceia do Senhor, com gestos simples e intensos de afeto e verdade.
Como seria bom se a nossa casa, os nossos lares, as nossas famílias se tornassem uma Betânia, capazes de acolher, como fez tão bem Abraão na visita inesperada dos três homens junto ao carvalho de Mambré. Marta e Maria se tornaram modelo, estilo de vida para o cristão.


Infelizmente, quase sempre erroneamente elas são confrontadas. O ativismo de Marta em contraposição à atitude contemplativa de Maria. Ou a superioridade da oração sobre a ação. Esta é uma interpretação incapaz de colher o profundo deste texto. Pois, Marta e Maria, as duas irmãs, são o modelo das duas partes da vida cristã: oração e ação. Não pode existir uma sem a outra, não há discipulado autêntico sem ambas. É importante que todas as pessoas possam ver que nós você e eu não fazemos apenas uma “profissão”, horas de trabalho, mas é um homem apaixonado por Cristo, que traz em si o fogo do amor de Cristo. Por isso, é preciso rezar, ouvir e se alimentar da Palavra de Deus.
O discípulo busca na oração, na oração silenciosa e constante, cotidiana e autêntica, o encontro com Jesus. A nossa oração deve ser um escutar o silencioso murmúrio de Deus em nós. E o discípulo encontra Jesus quando o reconhece no irmão que sofre. Uma fé que não sai das igrejas, que se resume àquela horinha da missa dominical, que não muda a relação com o próximo, que não ensina a refletir a vida e mudá-la à luz do Evangelho, é e permanece estéril. Marta e Maria, portanto, são modelos essenciais do “ser cristão”.
Pai, que o meu agir não seja movido por um ativismo insensível à palavra de Jesus. Antes, seja toda a minha ação decorrência da escuta atenta desta palavra assim como fizeram, Maria ouvindo e Marta servindo ao Vosso Filho.

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