Zenit
Uma
mensagem de comunhão que reflete uma Igreja viva, pronta para enfrentar
os desafios e problemas do nosso tempo. Assim, o Cardeal Giuseppe
Betori, arcebispo de Florença, apresentou na Santa Sé, a mensagem final
do Sínodo sobre a Nova Evangelização, com o arcebispo de Manila, Mons.
Luis Antonio Tagle, rescentemente nomeado cardeal pelo Papa e o
arcebispo de Montpellier, secretário-geral do Sínodo, o arcebispo Pierre
Marie Carré.
O
documento disse Betori, é o resultado de um processo de comunhão entre
todos os 262 bispos presentes da assembléia sinodal, que não prevê,
portanto, qualquer dialética, ou divisão. “Os procedimentos democráticos
se dividem criando uma maioria e uma minoria – disse – a Igreja segue
procedimentos de comunhão que não causam rupturas, mas dão voz a todos”.
O
texto foi elaborado nos últimos dias por uma comissão presidida pelo
cardeal, assessorado pelo vice-presidente Dom Tagle e Dom Carré, que
estavam juntos na conferência de imprensa de hoje respondendo a
perguntas de jornalistas que abordaram a eficácia e o comprimento da
mensagem.
Um jornalista, de fato, comentou durante a conferência que o Nuntius
(nome em latim para o texto da reunião) é muito longo para realmente
ser lido pelo “povo de Deus” a que se dirige. Betori respondeu revelando
que inicialmente tinha proposto um documento de 3 ou 4 páginas. No
entanto, o número e a preciosidade das intervenções, bem como o
argumento “que fala sobre a missão da Igreja como tal”, obrigou a
comissão a estender a sua redação.
Em
relação à linguagem utilizada, o arcebispo destacou que é mais uma
“linguagem bíblica do que teológica”. Algumas questões, como a “salvação
da alma” ou a “piedade popular”, que parecem não mencionadas no texto,
estão sendo abordadas através de expressões equivalentes, e, portanto,
estão presentes.
Em
particular, o cardeal Betori apontou que o aspecto que emerge da
mensagem é que “a Igreja está viva”. Amplamente demonstrado pelas
intervenções dos bispos e, de forma mais concreta pelos auditores, por
isso a frase “não por acaso foi adicionada entre a primeira e segunda
versão da mensagem final do Sínodo”.
“Não
devemos aceitar uma visão catastrófica da Igreja”, insistiu o arcebispo
de Florença. Na verdade, com “esta consciência de uma Igreja viva, que
tem grandes experiências que devem ser mais comunicadas, mais
partilhadas”, reiteramos o seu otimismo para o futuro.
“Existem desafios, problemas diante de nós – afirmou-, mas estes são oportunidades para a Igreja, para evangelizar. Este foi um refrão
constante nas intervenções dos bispos, eu diria que quanto mais
difíceis as situações apresentadas pelos bispos, mais encorajador era o
olhar com que se colocavam diante do futuro da Igreja”.
Para
aqueles que perguntaram se a mensagem não excedeu em otimismo,
especialmente depois de escândalos como o abuso sexual, o cardeal
respondeu que na passagem dedicada à “fraqueza dos discípulos de Jesus” e
à necessidade de conversão, estes problemas são “claramente indicados”.
Nesta
linha, um jornalista perguntou por que o documento não foi um apelo aos
cristãos que deixaram a Igreja por causa dos escândalos. Betori
respondeu que o problema do abandono estava bem presente para os Padres
sinodais, mas este pode ter várias motivações, “inércia”, “comodismo” ou
“contestação”. “Não fizemos uma distinção – disse o cardeal – embora
talvez pudesse ser útil”.
Dom
Tagle afirmou que a mensagem de “otimismo não é despropositada”. “Não
houve cegueira no Sínodo, ninguém fingiu não existir problemas”, disse o
futuro cardeal, “nós cremos, o otimismo nunca nos abandonou, nos dá uma
sensação de serenidade, nos encoraja a encontrar a maneira de enfrentar
até mesmo os escândalos que atingiram a Igreja”.
Outra
questão mencionada foi a progressiva diminuição do número de católicos.
Um problema que fez “sorrir”, o arcebispo de Manila, que alegou ter
“recebido com espanto as observações sobre o medo do declínio, sobre o
número de praticantes, a influência real”. “Eu venho da Ásia – disse – e
nós nunca fomos a maioria, é normal ser uma minoria. Mas nesta fé
expressamos alegria: para nós a Igreja está viva, mesmo que sendo uma
minoria”.
Cardeal Betori explicou aos jornalistas que: “O Sínodo não termina aqui, mas ainda haverá as propositiones finais
e a Exortação Apostólica do Papa”, por isso a mensagem apresentada hoje
é mais um incentivo” para as Igrejas do mundo, enquanto as propostas
concretas incidirão na lista de proposições apresentadas ao Papa, e será
anunciada amanhã.
Os
dois últimos temas levantados durante a conferência de imprensa foram o
“acompanhamento” da Igreja aos divorciados e o papel das mulheres após a
publicação da mensagem. Quanto ao primeiro ponto, o cardeal Betori
explicou que “a definição do problema” na mensagem final “é a mesma que
tivemos a alegria de ouvir no Encontro das Famílias, em Milão, por parte
do Papa”. O documento fala da necessidade de acompanhar esta realidade,
e “a forma de acompanhamento – disse – concretamente deve ser
encontrado, mas reafirmando a disciplina do acesso aos sacramentos”.
Para
as mulheres, o cardeal ressaltou que o texto reafirma o seu papel
fundamental na família e na evangelização e que “na edição final
ressuscitam também os pais!”; no esboço decidiu-se lembrar o papel da
mãe e do pai.
Concluída
a conferência, à pergunta de ZENIT sobre a humildade da Igreja, e como
esse aspecto pode torná-la mais “atraente” para os jovens e para a
sociedade, Dom Tagle respondeu: “Para a Igreja, a humildade não é uma
estratégia: é a maneira de ser de Jesus, o modo em que Deus se revelou a
nós em Jesus”. Então, ele advertiu: “Não acho que temos outra escolha a
não ser a humildade”.
(Trad.MEM)
Nenhum comentário:
Postar um comentário