Numerology Sign-(CC BY 2.0)
Um verdadeiro cristão não acredita em horóscopo. Ainda que se trate de uma das práticas supersticiosas mais difundidas em nossa sociedade, o horóscopo não serve para predizer os futuros atos livres das pessoas. Além disso, o futuro não é efeito dos movimentos ou posições dos astros
O Catecismo da Igreja Católica é taxativo ao afirmar que os horóscopos devem ser rejeitados.
Sim, o Catecismo da Igreja Católica afirma que “todas as formas de
adivinhação devem ser rejeitadas”. Pois bem, entre as variadas formas de
adivinhação, o Catecismo menciona as seguintes: “recurso a Satanás ou
aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas supostamente
‘reveladoras’ do futuro. A consulta dos horóscopos, a astrologia, a
quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenômenos de
vidência, o recurso aos ‘médiuns’, tudo isso encerra uma vontade de
dominar o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que
é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas
estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor
amoroso, que devemos a Deus e só a Ele” (CIC 2116).
Querer conhecer o futuro é pretender ser igual a
Deus – pretensão tão soberba quanto absurda. Devemos confiar nossa vida à
Providência divina, confiar em Deus como o Pai que Ele é.
Mas a consulta aos horóscopos não deve ser rejeitada somente “porque a Igreja diz”: existem outros motivos.
Primeiramente, devemos dizer que a crença em horóscopos
é perigosa; é quase como acreditar em outra religião. Existem pessoas
que tentam nos fazer acreditar que não somos livres, mas que estamos
determinados em tudo pelo nosso signo do zodíaco. Não seria a pessoa
quem realiza sua própria vida, mas todo o seu agir estaria dirigido por
uma força estranha proveniente das estrelas.
Nada do que os horóscopos afirmam está cientificamente provado. O que
dizem sobre os sagitarianos hoje, por exemplo, dirão sobre os piscianos
amanhã. É triste o fato de que continuem escrevendo horóscopos; mas
pior ainda é saber que existem pessoas que acreditam em tudo o que leem.
O que se pode fazer no campo da educação, particularmente na formação espiritual?
É preciso instruir a inteligência e a consciência. O horóscopo
é efeito da antiga astrologia, não da astrologia natural, que é mãe da
astronomia; trata-se da astrologia judiciária, que se empenhava em
descobrir a influência dos astros sobre o destino dos homens e das
coisas. Neste sentido, é preciso situá-lo dentro do fenômeno mais amplo
das “artes da adivinhação”, entre as quais a adivinhação do que
ocorreria a cada hora tinha muito peso entre os persas e os egípcios
(“oros-scopeo” significa “horas-olhar”). Os antigos astrólogos
observavam o universo a cada hora, cada dia, cada período, esperando
encontrar nisso desde a previsão do clima até as causas ou os avisos
sobre os acontecimentos sociais, bélicos, religiosos ou sanitários.
Também é preciso analisar os traços históricos da astrologia
e reconhecer seus efeitos na cultura. A astrologia judiciária se
dividiu, às vezes, em vários setores: a mundial, que vê os processos na
história e na política; a genética ou individual, para predizer os
acontecimentos pessoais; a horária ou de consultório, que busca a
resposta, mediante consulta, para perguntas concretas de pessoas
interessadas.
É evidente que a predição prospectiva, a análise dos resultados que
dependem de variáveis observáveis, mais do que adivinhação, é predição e
previsão, com mais ou menos grau de probabilidade. Assim acontece com o
tempo atmosférico ou com a evolução de uma doença. Mas a predição do
que ocorre por causas livres é evidentemente um engano, uma predição
jogando ao azar, ao cálculo de probabilidades, que é o que acontece nas
casas lotéricas e na maior parte dos prognósticos humanos.
Finalmente, convém também ensinar cada pessoa a se desfazer de superstições
e crenças que possam prejudicar a convivência. Tal pode ser o cultivo
de atitudes deterministas ou fatalistas, sejam teológicas (Deus decide
tudo sem nós), biológicas (o corpo tem mecanismos cegos e irresistíveis)
ou sociológicas (o homem depende das suas circunstâncias). Evitar isso
também é ajudar a lutar pela liberdade na vida e, portanto, trabalhar
pela conquista do amor como dom que os homens podem vivenciar.
Por isso, é importante ajudar todos a defender-se dos que propagam os horóscopos,
que são adivinhadores e astrólogos que geralmente pretendem viver
explorando a credulidade dos ingênuos e buscando ganhar dinheiro à custa
disso.
A atitude da Igreja com relação aos horóscopos sempre foi de condenação sem paliativos.
A Igreja sempre condenou e rejeitou todo o relativo a adivinhação,
espiritismo e cultivo de crenças vãs. Recordou sempre que o mundo foi
criado por Deus e se rege pelas leis naturais e pelos cuidados especiais
da Providência.
Em tempos antigos, já houve sínodos e concílios, como o de Toledo
(ano 400) e o de Braga (em 561), que rejeitaram frontalmente o culto ou
cultivo da astrologia.
Para viver, as pessoas precisam de esperança, serenidade, algo em que apoiar-se. Os que acreditam que Deus
é providente e reconhecem que tudo o que acontece é porque Ele quer ou
permite, não precisam de outros apoios. Os que não têm esse eixo
fundamental em seu pensamento buscam, com mais ou menos afinco, segundo
sua cultura e sua sensibilidade, os caminhos do azar, da aventura, para
esconder suas desventuras, sobretudo quando se sentem em perigo ou são
desconfiados. “Mundus vult decipi”, diziam os antigos, isto é, “o mundo
quer ser enganado”.
Redação da Aleteia | Maio 01, 2019
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