Há um livro que nos ensina a viver como
Maria: “Imitação de Maria”. São tantas as virtudes da Virgem Maria, que
não basta um artigo para descrevê-las. Maria é Aquela que “achou graça
diante do Senhor”, a cheia de graça divina: “Entrando o anjo disse-lhe:
Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 28).
Por ter sido escolhida por Deus, desde
toda a eternidade, para ser a Mãe do Seu Filho encarnado, a Virgem Maria
foi concebida sem pecado original e foi assunta ao Céu de corpo e alma.
São Luiz de Montfort disse que “Deus reuniu todas as águas e deu o nome
de mar; reuniu todas as graças e deu o nome de Maria”. Ela é Mãe de
Deus: “Donde me vem esta honra de vir a mim a Mãe do meu Senhor?” (Lc 1,
43), proclama Isabel, cheia do Espírito Santo.
A
primeira lição que a Virgem nos dá é a da entrega absoluta de sua vida a
Deus, na fé: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua
palavra” (Lc 1, 38). Maria é a mulher que faz a vontade de Deus. Ela não
pensou em nada, em si mesma, quando o Anjo anunciou a encarnação do
Verbo. Com esta sua doação total ela fere a cabeça do demônio (Gn 3,15) e
começa a devastar o seu reino de morte, que será destruído totalmente
pelo seu Filho Jesus. Imitemos Maria na entrega de nossa vida a Deus,
sem medo dos problemas e das preocupações, na certeza de que Deus cuida
de nós como cuidou dela.
Maria é a mais humilde serva do Senhor.
Foi sua humildade que atraiu sobre ela os olhos de Deus. “Ele olhou para
a humildade de sua serva” (Lc 1,48). Santo Irineu disse que Maria, com
sua humildade e obediência, desatou o nó da desobediência de Eva. Ela é
para nós, modelo e exemplo de humildade, a virtude mais importante.
“Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes” (1 Pe 5,5).
Ela é a mulher que mais poderia fazer exigências de glória e de
elogios; é a Mãe do Messias salvador, mas se esconde, e se põe a servir.
E, como Deus exalta os humildes, ela
cantou: “Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,
48). Imitemos a humildade de Maria, no escondimento, fugindo das glórias
e honras humanas, sem querer aparecer e receber elogios e aplausos. Que
a nossa glória venha só de Deus. Como disse Santa Catarina de Sena:
“Não sejamos ladrões da glória de Deus”. O Salmista disse: “Não a nós
Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai glória” (Sl 113,9 ou 115,1 –
hebraico).
Deus realizou maravilhas em Maria, fez
dela o primeiro Sacrário da Terra, o primeiro templo de Cristo.
“Realizou em mim maravilhas Aquele que é poderoso e cujo nome é Santo”
(Lc 1,49). E pode fazer também maravilhas em nós, se imitarmos a
humildade, fé, abandono e o desprendimento de Maria. Quantos imitaram
Maria e fizeram maravilhas para Deus! Seu único apego era Jesus, nada
mais. Quando o perdeu em Jerusalém, ficou aflita: “Meu filho, por que
fizestes isso, teu pai e eu estávamos aflitos” (Lc 3,48).
Deus é a alegria e o júbilo de Maria. Que seja também o nosso: “Minha
alma glorifica o Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu
Salvador” (Lc 1,1). Que nossa alegria seja estar perto de Deus, ter Deus
como Tudo em nossa vida. “Alegrai-vos sempre no Senhor, repito,
alegrai-vos. O Senhor está perto…” (Fil 4,4).
Maria é a mulher toda pura, Virgem perpétua, diz o Catecismo (n.
499). “Virgem antes, durante, e depois do parto”, diz Santo Agostinho.
Ela é a mãe da pureza e da castidade. Neste mundo enlameado de tanta
pornografia, homossexualidade, adultério, fornicação, orgias e coisas
semelhantes, a Virgem Maria continua sendo um baluarte da pureza e
santidade. Recorramos a ela e imitemos sua pureza para agradar a Deus.
Maria é modelo de mansidão e
misericórdia. Mesmo vendo seu Filho divino, santo, ser massacrado pelos
criminosos, não levantou a voz para amaldiçoa-los. Apenas entregava Seu
Filho à Justiça divina em seu holocausto sangrento. Por isso, Ela é
modelo de fé. Mesmo na maior dor, quando a espada de Simeão penetrou seu
coração até o fundo, ela não se desesperou, confiou em Deus que de todo
mal sabe tirar o bem (cf. Rom 8,28). E entregou-se nas mãos de Deus na
hora de sua compaixão diante da paixão de Jesus. Estava de pé aos pés da
Sua Cruz, para receber de Jesus cada um de nós como filho seu. “Quando
Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe:
‘Mulher, eis aí teu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe’”
(Jo 19, 26-27).
Se Jesus é o “Homem das dores”, como
disse Isaías, Nossa Senhora é a “Mulher das dores”. Desde o início de
sua vida, ouviu esta dura sentença do profeta: “E uma espada
transpassará a tua alma” (Lc 2, 35). Esta espada a acompanhou durante
toda a vida. Nos primeiros dias de vida de Jesus teve de fugir para o
Egito (Nossa Senhora do desterro!); atravessando o deserto do Sinai com
uma criancinha recém nascida… Um dia perdeu Seu Jesus em Jerusalém e
experimentou a aflição por três dias. No caminho do Calvário o encontrou
flagelado, coroado de espinhos, carregando uma cruz onde o verá ser
crucificado, levantado por três horas na agonia da morte. Que mulher
forte! Ela o recebe destruído em seus braços; nem mesmo o pode velar
porque era a véspera do Sábado sagrado dos judeus. O sepulta às pressas…
e vive a dor da solidão e da saudade! (Nossa Senhora da Soledade!)
Uma lança transpassou o coração do
Cristo na Cruz. Uma espada de dor transpassou o coração de Maria no
Calvário! (Nossa Senhora do Calvário). Ela nos ensina a sofrer na fé,
sem desespero, certa de que “Deus não perde batalhas”. Depois da morte
de Jesus, o viu ressuscitado, recebeu o Espírito Santo com os Apóstolos e
se tornou Mãe da Igreja. Peçamos a Ela que nos faça pacientes e
fervorosos diante dos mais dolorosos sofrimentos de nossa vida, sem
nunca desanimar.
Maria
é a mulher que serve, diligente. Tão logo recebeu a visita do Anjo e a
notícia de que a velha parenta Santa Isabel estava grávida, deixou
Nazaré e foi a casa de Isabel, em Ain Karen, para prestar-lhes seus
serviços, até que a idosa prima desse a luz. Nas bodas de Caná, ela
percebeu o constrangimento do casal. “Como viesse a faltar vinho, a mãe
de Jesus disse-lhe: Eles não tem mais vinho. Respondeu-lhe Jesus:
Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou. Disse então sua
mãe aos serventes: Fazei o que ele vos disser” (Jo 2, 3-5). E Jesus fez
o milagre antes da hora. Ela confia no Seu Filho, sabe que Ele vai
fazer alguma coisa. Que nós tenhamos esse mesmo espírito serviçal de
Maria, de fé, e de compaixão pelos que estão em dificuldade.
Maria é o exemplo de discípula, que
aprende com o Mestre e medita Suas palavras. Por isto, como doce
discípula Maria “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu
coração” (Lc 2, 19.51). Meditava e as guardava!
Maria é a mulher que na fé venceu todas
as barreiras e foi coroada no Céu: “Apareceu em seguida um grande sinal
no Céu: uma Mulher revestida de sol, a Lua debaixo dos seus pés e na
cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12, 1). O Apocalipse descreve que
esta mulher “estava grávida e (…) deu à luz um Filho, um menino, aquele
que deve reger todas as nações…” (Ap 12, 2.5). “Os justos
resplandecerão como o sol” (Mt 13, 43). Como Maria.
Prof. Felipe Aquino
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