terça-feira, 5 de março de 2019

Ressurreição “fake” na África do Sul gera debate sobre falsos pastores

falsa ressurreição
Alph Lukau / Facebook

Certas organizações religiosas alegam "milagres" em praticamente todos os seus cultos; mas, afinal, como identificar verdadeiros milagres?

Graças a um vídeo que viralizou em fevereiro, levantou-se na África do Sul um debate nacional sobre a espetacularização da religião e o seu uso como meio para enganar incautos. No vídeo em questão, o pastor Alph Lukau é visto gritando “Levante-se!” para um homem deitado num caixão. Em seguida, o suposto “morto” se levanta mesmo e os fiéis celebram a sua “ressurreição”.

Reações à polêmica

Três funerárias abriram processos judiciais contra a Alleluia Ministries International, a organização religiosa do pastor Lukau, alegando danos à sua reputação, já que a cena da “ressurreição” utilizou as suas marcas no caixão e em carros fúnebres para dar verossimilhança ao “evento”.
Segundo o portal de notícias Sowetan, o grupo religioso voltou atrás na sua afirmação da ocorrência de uma ressurreição, passando a informar que o “morto” estava “vivo” quando foi levado ao local e que o pastor apenas “completou um milagre que Deus já tinha realizado”.
A hashtag #ResurrectionChallenge (#DesafioDaRessureição) ganhou destaque nas redes sociais sul-africanas como forma de ridicularizar o caso, que não é o primeiro no país a atrair as atenções públicas para figuras religiosas que alegam ter realizado fatos extraordinários. Em 2018, um dos casos mais chamativos na África do Sul foi o de um pastor condenado por ter pulverizado inseticida sobre os fiéis da sua igreja a fim de, segundo ele, curar doentes de câncer e de aids.

O que é um milagre?

É muito comum que organizações religiosas independentes proclamem “milagres” em praticamente todos os seus cultos públicos.
Além disso, entre os cristãos em geral, inclusive católicos, o uso do termo “milagre” se tornou bastante popular diante de fenômenos que à primeira vista parecem “sobrenaturais”, mas que podem ser facilmente explicados pela ciência.
Milagres são, precisamente, fenômenos cientificamente inexplicáveis, que contradizem as regras da natureza conforme as conhecemos. São necessários, portanto, criteriosos e detalhados estudos científicos para que algum fenômeno possa ser oficialmente declarado como inexplicável.
A Igreja Católica segue critérios científicos bastante rígidos para afirmar algum milagre. Os milagres de cura, por exemplo, chegam a demorar décadas até serem reconhecidos. Os fatos precisam ser cuidadosamente estudados por médicos, revisados por cientistas (na maioria dos casos, laicos e até mesmo ateus), expostos às críticas públicas e, só depois de feitos todos os estudos científicos, a própria Igreja faz a análise teológica mediante o trabalho das suas comissões de especialistas em teologia.



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