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Como podemos religar nosso relacionamento com Deus?
“O
pecado é, antes de mais, ofensa a Deus, ruptura da comunhão com Ele. Ao
mesmo tempo, é um atentado contra a comunhão com a Igreja. É por isso
que a conversão traz consigo, ao mesmo tempo, o perdão de Deus e a
reconciliação com a Igreja, o que é expresso e realizado liturgicamente
pelo sacramento da penitência e reconciliação“. CIC 1440
Confessar-se, segundo a Igreja, é fazer uma revisão dos pecados da
sua vida passada, reconhecer o erro, fazer o propósito de não voltar a
comete-los e mudar de vida.
“…por um lado, os atos do homem que se converte sob a ação do
Espírito Santo, a saber, a contrição, a confissão e a satisfação: por
outro, a ação de Deus pela intervenção da Igreja. A Igreja que, por meio
do bispo e seus presbíteros, concede, em nome de Jesus Cristo, o perdão
dos pecados e fixa o modo da satisfação, também reza pelo pecador e faz
penitência com ele. Assim, o pecador é curado e restabelecido na
comunhão eclesial”. CIC 1448
O sacramento da confissão é primeiramente para perdoar os pecados
graves. Mas também, assim como os demais Sacramentos, para infundir a
graça no penitente. E nessa graça tem a cura, que nos fortalece na luta
contra os pecados. Mas você pode pensar: “ Peraí! Me confesso
regularmente a 25 anos e ainda cometo os mesmos pecados! Cadê a cura? ”
No decorrer desse texto e dos próximos, vamos procurar dar o “pulo do
gato”, a chave para acessar essa graça.
Após se confessar com as santas e devidas disposições, depois da
absolvição, na vida comum, vai ser possível perceber uma força além do
que teria conseguido por meios naturais, como se fosse uma vacina, uma
proteção sobrenatural contra a fraqueza do pecado. O seu propósito fica
suavemente mais firme. Teremos entrado em estado de graça.
Os elementos da confissão
1.
Exame de consciência: trata-se do ato de se lembrar de todos os pecados
que cometeu desde a última confissão. Se foi há muito tempo, pode levar
alguns dias. Com o hábito cotidiano da confissão, esse momento se torna
mais simples. O que se tem que procurar não é o que está afligindo a
consciência, mas aquilo que vai contra a lei de Deus e à lei natural
objetivamente. (Primeiro pulo do gato!).
Não analisar a vida moral de acordo com o sentimento de culpa apenas.
Esse sentimento é enganoso, pois às vezes nos culpa de coisas que não
se tem culpa e deixa de nos culpar onde de fato o há. O exame de
consciência nos ajuda no autoconhecimento. Aprendemos a não ser
subjetivos.
Precisamos julgar os erros de acordo com regra externa que não está
sujeita a alterações. Por isso, o exame de consciência tem de ser feito
de acordo com a moral cristã. Vale a pena, no ato do exame de
consciência, escrever o pecado em um papel para não esquecer na hora da
confissão.
2. Arrependimento: reconhecer que realmente estava errado e detestar
os atos que fez pelo menos do ponto de vista racional. (Segundo pulo do
gato!). No exame de consciência, nós nos lembramos do pecado cometido,
no arrependimento, reconhecemos o erro cometido, e que rompemos nosso
relacionamento com Deus.
No arrependimento, para ser sincero e mais nobre, é preciso meditar
sobre o mal que o pecado nos fez. Perceber que nos afastou de Deus e nos
pôs no caminho da condenação eterna. Se não houver o arrependimento
sincero e a confissão sacramental, ao morrer, podemos ir para o inferno.
3. Propósito: aqui está a chave para uma boa confissão. O propósito
deve ser definitivo e universal, de não tornar a cometer nenhum dos
pecados graves cometidos! Universal no sentido de serem todos os pecados
graves. Não pode faltar nenhum. E não pode ser um propósito de ir
largando aos poucos o pecado. É preciso ser radical e de uma vez por
todas. Caso contrário, a confissão não será válida e não recebemos a
graça da cura e a ajuda contra o pecado.
Novo homem, após a confissão
Parece ser um despropósito, mas não é. À medida em que se nutre essas
decisões, ao sair da confissão, no intuito de ser fiéis ao propósito
feito diante de Deus, passamos a estar atentos à nossa vida, para de
fato, não mais cometer o pecado mortal. Munidos com a ajuda sobrenatural
sacramental, será evidente que em poucas semanas, os pecados graves vão
desaparecendo da nossa vida!
Caso torne a cometer um pecado mortal, bem pouco tempo depois da
confissão, volte a se confessar com a mesma disposição, pois essa
repetição em curto tempo será só no início, pois logo eles vão
desaparecer de nossa vida!
Essa firme decisão, deve ser sobre todos os pecados graves. Os leves,
é bom que se tenha a mesma disposição, porém, obrigatoriamente no
primeiro momento, deve ser sobre os mortais.
Não cometa os mesmos pecados
Caso não se tenha ainda a coragem de se ter um propósito desses, o
caminho é meditar ainda mais sobre as consequências do pecado grave em
nossa vida.
A confissão possui mais três elementos, mas, nessa semana, vamos até
aqui. Pense no que você leu e seja sincero: era assim mesmo que você se
preparava para a confissão? Tinha um exame de consciência voltado para
os conceitos da moral natural, ou eram somente de acordo com o peso de
consciência, sem saber muito bem do que se trata a moral? Havia em você
um arrependimento e um horror pelos pecados cometidos? E, ao se
confessar, havia um propósito firme e sincero de nunca mais cometer,
pelo menos os pecados graves?
Não se preocupe. Após terminar a exposição dos elementos da confissão, vamos nos aprofundar mais ponto por ponto.
Por Roger de Carvalho, via Canção Nova
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