Segundo a tradição católica, celebra-se a
festa de São Jose já no século IV, no templo que Santa Helena, mãe do
imperador Constantino, mandou construir no lugar do Presépio de Belém,
na capela dedicada a São José que existe ainda hoje naquele lugar,
dentro da Basílica da Natividade em Belém. Há também tradições do século
V de festa comemorando a fuga da Sagrada Família para o Egito. O nome
de São Jose aparece pela primeira vez mencionada em 19 de março nos
martirológios de Reims. Pela primeira vez esta festa foi celebrada pelos
beneditinos de Abadia de Winchester no ano 1030. O Papa Bento XIV
afirma que em 1124 em Bolonha, na Itália, se comemorava solenemente a
festa de São José. No século XV, Gerson, o grande teólogo chanceler da
universidade de Sorbone, pediu no Concílio de Constança (1417) uma festa
em honra de São José e Maria. Em 1621 o Papa Gregório XV incluiu a
festa entre as de preceito. Em 1651 a festa foi fixada em 19 de março.
(GPSJ, p. 106)
São José recebe um culto especial da
Igreja (prot-dulia); duas festas lhe são celebradas: 19 de março –
Esposo da Virgem Maria; e 1º de maio – São José Operário. A festa de 19
de março normalmente cai no meio da Quaresma, então, a Igreja, abre
neste dia uma exceção litúrgica e celebra com paramentos brancos a festa
do glorioso pai de Jesus Cristo. É um dia da Quaresma que a Igreja
retira o roxo.
A Igreja, antes de canonizar um Santo,
faz um longo e cuidadoso exame de sua vida, e exige provas evidentes de
sua santidade. Não faltam, porém, Santos constituindo exceção a essa
regra, entre os quais São José.
“José era um homem justo”. Estas
palavras encerram o exame, as provas e todo o processo de canonização.
De fato, como os escritos dos Evangelistas são palavras de Deus,
segue-se que José foi proclamado justo, isto é, santo, pelo próprio
Deus.
A Igreja, para assegurar os fiéis a
respeito de sua santidade, não fez mais que repetir-lhes as palavras
inspiradas por Deus a São Mateus. A Igreja o fez desde os primeiros anos
de sua existência; ao ler e explicar o Evangelho, porém, durante
oitocentos anos aproximadamente, limitou-se ao que escrevera a seu
respeito e não propunha publicamente a admiração e veneração dos
cristãos, nem com festas, nem com funções solenes, nem com livros, como
atualmente.
Naqueles tempos, a Igreja visava, antes
de tudo, estabelecer profundamente na alma dos fiéis a fé em Cristo e
propaga-la entre os hebreus e gentios. Por isso, devia insistir
sobretudo nas verdades fundamentais da fé, esperando tempos mais
adequados e tranquilos para as partes integrantes e acessórias.
Além disso, a Igreja devia manifestar
Jesus Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Estas verdades eram
negadas por alguns hereges, ensinando que Jesus Cristo era um simples
homem, nascido de Mara como todos os outros homens. Em tais
circunstâncias, se a Igreja propusesse São José como Esposo de Maria e
Pai adotivo de Jesus Cristo, os pagãos não teriam percebido tudo quanto
ensina a fé a esse respeito; os próprios cristãos recém-convertidos não
teriam compreendido bem como o Santo não é pai natural de Jesus, mas
somente pai adotivo.
Antes de promover amplamente o culto a
São José, a Igreja precisou lutar durante cerca de oitocentos anos para
vencer as terríveis heresias que ameaçavam o conteúdo da fé deixada por
Cristo; o que São Paulo chamava de a “sã doutrina da fé”. Umas heresias
negavam o dogma da Santíssima Trindade (adocionismo, monarquianismo,
patripassionismo), outras negavam a divindade de Jesus (arianismo), a
divindade do Espírito Santo (macedonismo); negavam que Jesus fosse homem
verdadeiro (monofisismo), que tivesse encarnado de verdade (docetismo),
que tinha uma vontade humana (monoteletismo), etc. Enquanto esse mar
agitado por falsos profetas e hereges não foi acalmado, a Igreja não
pôde falar de devoção de São José e de outras importantes.
Mas se não existia naqueles tempos o
culto público a São José, reinava, porém, no coração dos cristãos um
culto privado. O Evangelho falava então do Santo Patriarca como
atualmente. Muitos Padres e Doutores, entre os quais São João
Crisóstomo, Santo Epifânio, São João Damasceno, Santo Ambrósio, São
Jerônimo e Santo Agostinho, exaltaram as suas virtudes, e em especial a
justiça, a virgindade e a paternidade espiritual em relação a Jesus. E
os cristãos reverentes à doutrina do Evangelho e dóceis às exortações
dos Padres, invocavam e honravam São José em suas casas.
Encontrou-se no Oriente uma preciosa
gema, atribuída ao primeiro século, com a inscrição: “São José,
assisti-me nos trabalhos e alcançai-me a graça”. Também nas Catacumbas
de Roma, em algumas Igrejas antigas e casas particulares, foram
descobertas imagens atribuídas aos primeiros séculos honravam
privadamente a São José; o culto privado precedeu ao público.
Apenas consolidada a fé com o testemunho
do sangue dos mártires, com os escritos dos Padres e Doutores, com a
prova dos milagres e o magistério infalível da Igreja. Não tardaram os
Papas a promover, com grande solicitude, o culto público a São José,
instituindo festas em sua honra, aprovando práticas devotas para invocar
lhe a proteção e enriquecendo-as com recorrerem com frequência a esse
grande Santo.
A primeira festa de São José era
celebrada, a princípio, somente na Igreja Grega, e estava fixada em 20
de julho. O Papa Xisto IV, em (1471-1484), incluiu-a no Breviário e no
Missal, 19 de março. Julga-se ter sido este o dia da morte de São José.
Depois outros Papas ocuparam-se desta
festa: Inocêncio VIII (1484-1492) elevou-lhe o Ofício a rito duplo;
Gregório XV (1621-1623) estendeu-a a toda a cristandade e declarou o dia
em que cai (19 de março) festa de preceito; Clemente X, em 1670,
elevou- a rito duplo de segunda classe e compôs ele próprio o Hino “Te
Joseph celebrent”, que se canta nas Vésperas.
Em 1714, Clemente XI recompôs todo o
Ofício dessa festa: Ofício e Missa próprios de São José; e, finalmente,
Pio IX, em 1870, elevou o Ofício a rito duplo de primeira classe.
Mas não parou aí o cuidado da Igreja em
festejar dignamente o Pai de Jesus e Esposo de Maria. Paulo III
(1534-2549) acrescentou à Festa de São José, a de seus “Esponsais de
Maria”, festa que era celebrada a 23 de janeiro e depois estendida a
toda a Igreja por Bento XIII em 1725.
A essas duas festas, acrescentou-se uma
terceira chamada do “Patrocínio de São José”; festa que, introduzida na
Igreja em fins do século XVIII, foi elevada a rito duplo de segunda
classe, em 1741, por Bento XIV (1740-1758), e estendida a toda a Igreja
em 1847 por Pio IX. Enfim, em 1956, o Papa Pio XII (1939-1958) instituiu
a festa de São José Operário, a ser celebrada em rito duplo de primeira
classe no dia 1º de maio, Dia Universal do Trabalho.
No culto público dos Santos, além das Missas, existem as práticas de
devoção que a Igreja institui ou aprova para invocá-los em nossas
necessidades. Ora, a respeito de São José, a Igreja fez o que já fizera
para com a Virgem Santíssima. A Maria foi dedicado o dia de sábado e o
mês de maio, por isso chamados dia e mês de Maria. Também a São José se
dedicaram a quarta-feira e o mês de março, que se chamam dia e mês de
São José. Desde o século XVII os fiéis costumam dedicar a São José as
quartas-feiras. Essa prática nasceu num convento beneditino de Châlons e
espalhou-se rapidamente pelo mundo todo católico.
As mesmas indulgências, concedidas pela
Igreja a quem fazia com as devidas disposições o mês de Maria, eram
concedidas a quem fazia o mês de São José. Em 1967 o Papa Paulo VI
atualizou as indulgencias e alterou algumas formas de obtê-las na
“Constituição Apostólica sobre as Indulgências”. (Veja o livro “O que
são as Indulgências”; Ed. Cléofas).
Da mesma forma que há uma devoção
especial: “Às sete dores e aos sete gozos de Maria”, há também uma
devoção especial “Às sete dores e aos sete gozos de São José”.
A Igreja não quer que seja separado o
doce nome de José dos de Jesus e Maria, quer portanto que se diga nas
invocações: Jesus, José e Maria.
Para São José, da mesma forma que para
Maria, existem rosários, coroinhas ladainhas, orações, jaculatórias,
hinos, a fim de honrá-Lo e invocá-Lo.
A Igreja honra Maria com um culto
especial (hiper dulia), de ordem superior ao culto dado aos outros
Santos; e a São José, embora não tenha decretado isso, tributam todos os
fiéis o culto de “proto-dulia”, ou seja, honram-no como o maior, o
primeiro entre os Santos, depois de Maria.
A Igreja teve, portanto, extremo cuidado
para que São José fosse honrado como convém. A Divina Providência lhes
unira os nomes e destinos e a Igreja, seguindo o exemplo da Providência,
uniu-os nos lábios e no coração de seus fiéis, unindo-os em muitas
práticas de piedade.
Há um axioma que diz: “Glória sanctorum imitativo eorum” (A glória dos santos está na imitação de suas virtudes).
Na missa do Patrocínio de São José se
reza: “De qualquer tribulação que clamem a mim ouvir-lhes-ei,
dar-lhes-ei sempre a minha proteção”.
São José é o chefe da Sagrada Família e
intercessor de todas as famílias cristãs; é o Patrono dos operários e
trabalhadores, é o Patrono Universal da Igreja e protetor do Corpo
Místico de Cristo e o Padroeiro da boa morte e das almas atribuladas.
Quando os egípcios carentes de alimentos
imploravam ao Faraó que lhes desse comida, este dizia-lhes: “Ide a
José”. Hoje, quando os povos são invadidos de novo por um neopaganismo
que nega a Deus e seu Cristo, abandona a Igreja e a ataca; quando o
sensualismo toma conta das mentes e dos meios de comunicação; e as
misérias humanas afloram em toda parte, a Igreja, mais ainda, continua a
dizer: “Ide a São José!”.
Trecho retirado do livro: O Glorioso São José, Editora Cléofas.
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