Os relatos históricos e o parecer
de especialistas atestam: só um amor incomensurável e sobre-humano seria
capaz de suportar todos os sofrimentos da Paixão de Cristo.
De todas as condenações existentes na história da humanidade, nunca houve uma tão cruel e torturante
como a condenação por crucifixão. Contudo, apesar dos muitos estudos
sobre a crucifixão, é provável que nossa ideia a seu respeito seja um
tanto superficial.
Era um costume romano executar os condenados por repúdio ou desobediência ao imperador com a pena capital de crucifixão, precedida de flagelação.
Há inúmeros relatos dos processos de crucifixão praticados pelos romanos, mas o mais notório foi o de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ao longo dos primeiros séculos cristãos, centenas de mártires foram
executados da mesma forma; e, certamente, compreender a medida do
sofrimento físico do Senhor diante desta condenação romana, nos
conduzirá ao conhecimento do seu incomensurável amor para nos salvar.
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Uma vez que um tribunal romano emitia uma sentença de morte por
crucifixão, era tradição que primeiro o condenado fosse submetido à
flagelação romana, meio pelo qual sofreria dores extremas até que chegasse ao colapso, antes mesmo de ser crucificado.
Segundo a Nova Enciclopédia Católica, “o flagelo romano ou flagrum era constituído por tiras de couro ou corda com pedaços de ferro e ossos atados às extremidades”.
Geralmente o flagrum era confeccionado sob a forma de um chicote conhecido como “gato de nove rabos” e, quando utilizado para açoitar, provocava grandes lacerações nas vítimas. O célebre autor eclesiástico Eusébio de Cesaréia nos testemunha, no século IV, esta impressionante realidade:
Seus corpos estavam temivelmente lacerados. Os mártires cristãos de Esmirna estavam tão mutilados pelos flagelos que suas veias estavam completamente expostas; sua musculatura interna, tendões e até mesmo entranhas estavam visivelmente à mostra.
Segundo o especialista em hematologia Dr. Allen Adler, as marcas de
sangue presentes no Santo Sudário de Turim apresentam uma coloração
consideravelmente avermelhada, denotando que o sangue estampado no ato
de seu derramamento continha uma alta quantidade de bilirrubina,
pigmento encontrado naturalmente no sangue, mas que, em grandes concentrações, demonstra que o corpo sofreu traumas físicas gravíssimos.
Uma vez flagelado, o condenado era obrigado a carregar sua própria
cruz pelos corredores da cidade. Apesar de os condenados carregarem
normalmente apenas a haste horizontal, conhecida como patibulum, Nosso Senhor a carregou integralmente. Isso pouco tempo depois de se encontrar em um imenso estado de choque causado pela flagelação.
Não era praxe que os romanos crucificassem os condenados em montes e sim nas próprias ruas, à vista de todos. Entretanto, Nosso Senhor Jesus Cristo foi conduzido ao monte Calvário, ou monte da caveira.
No cume do monte iniciou-se o suplício final de sua missão. As dores causadas pela brutal flagelação eram ainda mais agudas por causa da coroa de espinhos, que perfurava a sua cabeça na região dos nervos trigêmeos. Isto ocasionava sequências de espasmos e ataques de dores faciais indescritíveis. Essas dores faciais, segundo a medicina, são as dores mais intensas vivenciadas por um ser humano.
A crucifixão se iniciava com o golpeamento de pregos nas palmas das
mãos e pés dos condenados, fixando-os à cruz. O cravo inserido na palma
das mãos perfurava o nervo medial e, a uma simples brisa no local da
chaga, era desencadeada uma irradiação excruciante de dor, que até ao homem mais resistente faria chorar como uma criança.
Dado o conjunto de todos estes tormentos aliados à exaustão física, à hemorragia contínua e ao aumento de líquido nos pulmões, é muito provável que a morte do Senhor, segundo o Dr. Frederick Zugibe, tenha se dado por uma última asfixia e parada cardíaca. Nos casos paralelos de crucifixão, a morte se dava em apenas alguns dias.
Os relatos nos Evangelhos dizem que seu corpo foi deposto da Cruz e
colocado num túmulo emprestado, localizado a 50 metros do monte
Calvário, e que pertencia a José de Arimateia. Em 335, o imperador
Constantino erigiu uma basílica sobre este santo lugar, atualmente
motivo de inumeráveis peregrinações vindas do mundo inteiro.
Senhor Jesus Cristo, na hora da vossa morte, o sol escureceu. Precisamente nesta hora da história, vivemos na escuridão de Deus. Ajudai-nos a reconhecer, nesta hora da escuridão e confusão, o vosso rosto. Mostrai-vos novamente ao mundo nesta hora. Fazei com que a vossa salvação se manifeste.
Referências
- Eusébio de Cesareia, History of the Martyrs in Palestine (discovered in a very ancient Syriac manuscript), trad. ing. de William Cureton. Williams and Norgate, 1856.
- Anthony Rich, A Dictionary of Roman and Greek Antiquities. 5.ª ed. Longmans, Green, and Co., 1890.
- Frederick T. Zugibe, The Crucifixion of Jesus, Completely Revised and Expanded: A Forensic Inquiry. 2.ª ed. M. Evans & Company, 2005, 396p.
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