A paixão,
tirada do conjunto dos eventos da vida de Jesus, é chocante.
O evangelista não
caiu na tentação de minimizar a tragicidade da experiência de Jesus nem, muito
menos, esvaziá-la, apelando para a certeza da ressurreição.
No Getsemani, Jesus
provou uma grande tristeza e ficou angustiado. Suspenso na cruz, fez a
experiência do abandono por parte do Pai.
Some-se a isto, a traição de Judas
que, com um beijo, entregou-o a seus adversários.
A tríplice negação de Pedro,
incapaz de ser verdadeiro diante de uma empregada do sumo sacerdote. A fuga dos
demais discípulos, atemorizados diante da sorte do Mestre.
Toda uma trama
armada para garantir uma sentença dada à revelia do acusado.
A paixão, calcada
na figura profética do Servo Sofredor, apresenta a figura de Jesus despida de
qualquer dignidade, reduzida à condição de trapo humano.
Dois gestos, em
relação a Jesus, são dignos de nota.
A exclamação do militar romano, um pagão
que fez uma leitura correta da paixão, reconhecendo ser Jesus, de fato, o Filho
de Deus; e o gesto solidário de algumas mulheres que o seguiram até o fim.
Embora escondida, é necessário reportar-se à divindade para se compreender a
paixão de Jesus.
Caso contrário, sua morte teria sido um episódio irrelevante.
Pe Emilio Carlos
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