Não só os pais, mas toda a família é responsável pela educação dos filhos. Somos frutos de uma família.
O jornalista da Folha de São Paulo,
Gilberto Dimenstein, quando residia nos Estados Unidos, escreveu em
21/09/97, um interessante artigo intitulado Solução Caseira é Melhor
Remédio Contra o Vício, sobre a terrível questão das drogas. Diz ele:
“Para dar apenas um número da gravidade
do problema: aqui (EUA) todos os anos 110 mil jovens experimentam
heroína. Já são 600 mil viciados em heroína…’’.
O jornalista afirma que as universidades
americanas receberam dinheiro do governo federal para entrevistar 110
mil jovens e 18 mil pais. E conclui:
“Das entrevistas sai, porém, a indicação
de que o melhor remédio contra o vício está em casa. Os pesquisadores
encontraram uma íntima relação entre o contato afetivo dos filhos com os
pais e os distúrbios. Quanto maior a ligação emocional na família,
menor a chance de envolvimento com drogas, bebidas, suicídio, sexo
promíscuo e violência”.
O jornalista afirma que as gangues procuram de certa forma oferecer aos jovens a família que não tiveram:
“O charme das gangues é justamente oferecer um ambiente de aceitação e até hierarquia. Ou seja, uma família.”
Também a escola aparece com papel fundamental:
“A investigação mostra que o envolvimento emocional com os professores também é um antídoto contra a delinquência”.
Em 21/06/98, o mesmo jornalista, no artigo “Você sabe a data do seu nascimento?”, sobre os meninos de rua, afirma:
“A culpa por estarem na rua é da pobreza, certo? Errado. A
investigação ajuda a desfazer o mito de que só a pobreza gera crianças
de rua – e de que pobreza gera violência.
É, na verdade, um preconceito. Apenas uma
minoria saiu de casa para ganhar dinheiro, algo que tinha percebido
(mas não colocado em números), desde o início de minhas pesquisas em
1989.
Quando indagada sobre porque saiu de
casa, a imensa maioria se refere aos desentendimentos familiares –
muitas vezes abusos dos padrastos. Foram para a rua porque não
suportavam o inferno doméstico, marcado pelo abuso sexual, alcoolismo,
drogas e pancadarias…Ou seja, a motivação econômica estava bastante
distante.”
“Há toneladas de estudos mostrando que o
inferno familiar ajuda a jogar os jovens em comportamentos
autodestrutivos, o que significa drogas, tentativa de suicídio,
violência.” (Folha de São Paulo, Cotidiano, 3-7, 21/06/98).
Se o jovem não tem um lar acolhedor,
então, acaba indo buscar na rua o carinho e o amor que não encontrou na
própria casa. Se você não sentar o seu filho no seu colo, ele vai sentar
no colo de quem você não quer, o traficante, a prostituta…
É necessário descer até as raízes do
problema, que são os pais e a moral familiar destruída: divórcio, amor
livre, uniões ilícitas, alcoolismo, drogas, etc. O Catecismo afirma que:
“O lar é assim a primeira escola de vida
cristã e uma escola de enriquecimento humano (GS,52 § 1). É daí que se
aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão
generoso e mesmo reiterado, e sobretudo o culto divino pela oração e
oferenda de sua vida” (CIC, 1657).
Fica claro, portanto, que a educação dos
filhos, é obra da família, e por isso, sem uma família sólida na fé, a
educação dos filhos poderá ficar comprometida. Portanto, a primeira
preocupação dos pais deve ser criar um lar cristão, onde não haja lugar
para valores não cristãos. O Catecismo diz que:
“Os pais são os primeiros responsáveis pela educação dos filhos. Dão
testemunho desta responsabilidade em primeiro lugar pela criação de um
lar onde a ternura, o perdão, o respeito, a fidelidade e o serviço
desinteressado são a regra. O lar é um lugar apropriado para a educação
nas virtudes. Esta requer a aprendizagem da abnegação, de um reto juízo,
do domínio de si, condições
de toda liberdade verdadeira. Os pais ensinarão os filhos a subordinar
as dimensões físicas e instintivas às dimensões interiores e
espirituais” (Cat. §2223, CA, 36).
O “conteúdo” da educação deve ser o da
ternura, perdão, respeito, fidelidade, serviço, abnegação, reto juízo,
domínio de si, fé. É evidente que para transmitir esses valores aos
filhos, os pais precisam antes vivê-los. Acima de tudo é pelo bom
exemplo dos pais que os filhos serão formados.
Outra necessidade vital para a família é
que esta seja unida. Sempre que possível, saírem todos juntos nas
viagens de férias e nos passeios. São oportunidades de ouro para educar
os filhos. Infelizmente certos pais preferem viajar para longe,
sozinhos, ao invés de ir para lugares mais próximos com toda a família.
Temos que nos convencer de uma verdade:
não há alegria maior, mais autêntica e mais durável do que aquela que a
família nos dá. Pear Bach dizia que “muitas pessoas perdem as pequenas
alegrias enquanto aguardam a grande felicidade”. É preciso saber colher
as pequenas alegrias no lar.
Prof. Felipe Aquino
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