Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 7trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós.
8Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; 9perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados; 10por
toda a parte e sempre levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de
Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos
corpos.
11De fato, nós, os vivos,
somos continuamente entregues à morte, por causa de Jesus, para que
também a vida de Jesus seja manifestada em nossa natureza mortal. 12Assim, a morte age em nós, enquanto a vida age em vós. 13Mas,
sustentados pelo mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: “Eu
creio e, por isso, falei”, nós também cremos e, por isso, falamos, 14certos
de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também
com Jesus e nos colocará ao seu lado, juntamente convosco. 15E
tudo isso é por causa de vós, para que a abundância da graça em um
número maior de pessoas faça crescer a ação de graças para a glória de
Deus.
Responsório (Sl 125)
— Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria.
—Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria.
— Quando o Senhor reconduziu nossos cativos, parecíamos sonhar; encheu-se de sorriso nossa boca, nossos lábios de canções.
— Entre os gentios se dizia: “Maravilhas fez com eles o Senhor!” Sim, maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!
— Mudai nossa sorte, ó Senhor, como torrentes no deserto. Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria.
— Chorando de tristeza sairão, espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes!
Evangelho (Mt 20,20-28)
20Naquele
tempo, a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus
filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. 21Jesus
perguntou: “O que tu queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois
filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua
esquerda”.
22Jesus, então,
respondeu-lhes: “Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber
o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23Então
Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende
de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é
que dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou”.
24Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25Jesus, porém, chamou-os e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; 27quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”.
Reflexão
O pedido da mãe pelo primeiro lugar para
os filhos. Os discípulos não só não entendem o alcance da mensagem de Jesus,
mas continuam com suas ambições pessoais. Enquanto Jesus insistia no serviço e
na doação, eles teimavam em pedir os primeiros lugares no Reino. A mãe de Tiago
e João, levando consigo os dois filhos, chega perto de Jesus e pede um lugar na
glória do Reino para os dois filhos, um à direita e outro à esquerda de Jesus.
Os dois não entenderam a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com os
próprios interesses. Sinal de que a ideologia dominante da época tinha
penetrado profundamente na mentalidade dos discípulos. Apesar da convivência de
vários anos com Jesus, eles não tinham renovado sua maneira de ver as coisas.
Olhavam para Jesus com o olhar antigo. Queriam uma recompensa pelo fato de
seguir a Jesus. Ante o pedido ambicioso da mãe dos garotos, Jesus reage com
firmeza: Vocês não sabem o que estão pedindo! E pergunta se eles
são capazes de beber o cálice que ele, Jesus, vai beber, e se estão dispostos a
receber o batismo que ele vai receber. É o cálice do sofrimento, o batismo de
sangue! Jesus quer saber se eles, em vez do lugar de honra, aceitam entregar a
vida até à morte. Os dois respondem: “Podemos!” Parece uma resposta da boca
para fora, pois, poucos dias depois, abandonaram Jesus e o deixaram sozinho na
hora do sofrimento. Eles não têm muita consciência crítica, nem percebem sua
realidade pessoal. Quanto ao lugar de honra no Reino ao lado de Jesus, quem o
dá é o Pai. O que ele, Jesus, tem para oferecer é o cálice e o batismo, o
sofrimento e a cruz. Entre vocês não seja assim. Jesus fala, novamente, sobre o
exercício do poder. Naquele tempo, os que detinham o poder não prestavam conta
ao povo. Agiam conforme bem entendiam. O império romano controlava o mundo e o
mantinha submisso pela força das armas e, assim, através de tributos, taxas e
impostos, conseguia concentrar a riqueza dos povos na mão de poucos lá em Roma.
A sociedade era caracterizada pelo exercício repressivo e abusivo do poder.
Jesus tem outra proposta. Ele diz: Entre vocês não deve ser assim! Quem
quiser ser o maior, seja o servidor de todos! Ele traz ensinamentos
contra os privilégios e contra a rivalidade. Quer mudar o sistema e insiste no
serviço como remédio contra a ambição pessoal.
Jesus define a sua missão e a sua vida:
“Não vim para ser servido, mas para servir!” Veio dar sua vida em resgate para
muitos. Ele é o Messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is 42,1-9;
49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu da mãe que disse: “Eis aqui a serva do
Senhor!” (Lc 1,38). Proposta totalmente nova para a sociedade daquele tempo.
O pedido ambicioso da mãe para os dois
filhos, e a explosão irritada dos outros dez, deram ensejo ao Senhor para expor
uma das lições mais belas do Evangelho: o espírito de serviço. Não podemos
comparar-nos, para ver se um é mais do que o outro; não nos devemos deixar
arrastar pela inveja e uma competitividade vaidosa; pelo contrário, a nossa
ambição deve ser dar-se totalmente e servir, por amor, como Jesus faz. Aí
encontraremos a felicidade. Porque é dando que se recebe, é amando que se é
amado, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se ressuscita para a vida
eterna. Hoje, quais têm sido as suas ambições? Sugiro que peças somente o
necessário para ser feliz. E este consiste em contemplar o Rosto misericordioso
de Deus.
Pai, transforma-me em servidor de meus
semelhantes, fazendo-me sempre pronto a doar minha vida para que o teu amor
chegue até eles.
CN
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