Leitura do Livro do Profeta Jeremias.
10Ai
de mim, minha mãe, que me geraste um homem de controvérsia, um homem em
discórdia com toda a gente! Não emprestei com usura nem ninguém me
emprestou, e contudo todos me amaldiçoam. 16Quando
encontrei tuas palavras, alimentei-me, elas se tornaram para mim uma
delícia e a alegria do coração, o modo como invocar teu nome sobre mim,
Senhor Deus dos exércitos.
17Não costumo frequentar a roda dos folgazões e gabo-me disso; fiquei a sós, sob o influxo de tua presença e cheio de indignação. 18Por
que se tornou eterna minha dor, por que não sara minha chaga maligna?
Para mim te tornaste como miragem de um regato, como visão d’águas
ilusórias. 19Ainda assim, isto diz-me o Senhor: “Se te
converteres, converterei teu coração, para te sustentares em minha
presença; se souberes separar o precioso do vil, falarás por minha boca;
os outros voltarão para ti, e tu não voltarás para eles. 20Em
favor deste povo, farei de ti uma muralha de bronze fortificada;
combaterão contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para
te salvar e te defender diz o Senhor. 21Eu te libertarei das mãos dos perversos e te salvarei dos prepotentes”.
Responsório (Sl 58)
— Sois meu refúgio no dia da aflição.
— Sois meu refúgio no dia da aflição.
—
Libertai-me do inimigo, ó meu Deus, e protegei-me contra os meus
perseguidores! Libertai-me dos obreiros da maldade, defendei-me desses
homens sanguinários!
— Eis que ficam espreitando a minha vida, poderosos armam tramas contra mim. Mas eu, Senhor, não cometi pecado ou crime.
—
Minha força, é a vós que me dirijo, porque sois o meu refúgio e
proteção, Deus clemente e compassivo, meu amor! Deus virá com seu amor
ao meu encontro, e hei de ver meus inimigos humilhados.
—
Eu, então, hei de cantar vosso poder, e de manhã celebrarei vossa
bondade, porque fostes para mim o meu abrigo, e meu refúgio no dia da
aflição. Minha força, cantarei vossos louvores, porque sois o meu
refúgio e proteção, Deus clemente e compassivo, meu amor!
Evangelho (Mt 13,44-46)
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 44“O
Reino do Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra
e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus
bens e compra aquele campo. 45O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola”.
Reflexão
Com esta parábola da rede lançada ao
mar, Mateus encerra sua coletânea de dez parábolas apresentadas como um
discurso de Jesus. Há bastante semelhança com a explicação da parábola do trigo
e do joio. Esta curta parábola da rede refere-se ao juízo final, conforme a
breve explicação que a segue. Os pescadores que separam os bons dos maus
certamente não são os evangelizadores, mas os anjos, no fim do mundo, sob o
critério de Deus. “Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus
do meio dos justos e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de
dentes.”
Para
aqueles e aquelas que afirmam que o inferno é aqui mesmo, aí está a afirmação
de Jesus. O inferno existe. E se somos cristãos, temos de acreditar nas
palavras de Jesus, e procurar seguir os seus ensinamentos. Ontem Jesus nos falou
da ressurreição, hoje nos fala do inferno e da vida eterna. E tudo isso não foi
inventado pela Igreja como alguns pensam. É o próprio Jesus que nos anuncia. E
a vida eterna ou “reino dos céus é semelhante ainda a uma rede que, jogada ao
mar, recolhe peixes de toda espécie. Quando está repleta, os pescadores
puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora
o que não presta.”
O nosso futuro está sendo traçado nos
passos que estamos dando agora. Ou seja, o que acontecerá naquele dia do juízo
final, depende do que estamos fazendo ou deixando de fazer neste instante e nos
instantes seguintes da nossa vida. Será muito bom para a nossa alma se fizermos
parte daqueles considerados bons. Por isso vamos fazer o possível e o impossível
para não sermos jogados fora, porque “assim será no fim do mundo: os anjos
virão separar os maus do meio dos justos”
Reparou que esta parábola é bem parecida
com a explicação da parábola do trigo e do joio? Trata-se, portanto, de uma
parábola do gênero escatológico-apocalíptico do judaísmo no tempo de Jesus. É
exclusiva do autor deste Evangelho, e a expressão “choro e ranger de dentes” é
a referência direta ao inferno. A referência final ao escriba pode ser uma
auto-apresentação do evangelista como sendo este escriba que se tornou
discípulo merecedor da vida eterna ou do Reino de Deus.
No reino de Deus, como diz Jesus, as
coisas velhas se confundem com as novas e só um perito espiritual poderá nos
ajudar a fazer o discernimento. Dentro de nós há o velho e o novo, o bom e o
ruim. A “cirurgia plástica” da nossa alma só quem pode realizar é o Espírito
Santo. Deus Pai que é o Oleiro é quem poderá nos ajudar pelo poder do Seu
Espírito a despojar-nos de tudo que é inútil e está apodrecendo dentro de nós.
Só Ele tem o poder de fazer valer em nós, os sentimentos que são oriundos do
Seu coração e nos trazem a felicidade, a concórdia e o amor. Por isso, o reino
de Deus requer de nós paciência e esmero a fim de que, gradualmente, possamos
deixar com que o Senhor nos transforme no modelo que Ele projetou para nós.
Precisamos, então, ter consciência de que antes que chegue o fim dos tempos nós
poderemos nos deixar esclarecer pelo Espírito que há em nós. Reflita – Você tem
buscado o auxílio de Deus para suas dificuldades? – Você percebe as coisas boas
e más que estão dentro do seu coração? – Você acha que Deus tem poder para
transformar você num vaso novo?
Pai, concede-me suficiente realismo para
perceber que teu Reino se constrói em meio a perdas e ganhos, e que só tu podes
garantir o sucesso final.
CN
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