© Virginia CASTRO / CIRIC
A vida eterna é muito melhor que esta minha vida cheia de morte...
Há algo dentro de mim que tem que morrer para que brote a vida nova. Ou para deixar espaço à vida de que nasce aqui dentro.
Ou, talvez, haja algo já morto no meu interior que tenha que
ressuscitar para me dar vida nova. Não sei. Penso nisso. Faço a lista de
coisas mortas que levo dentro de mim. E de cadeias que quero que se
rompam, para que eu seja mais livre.
Sei que a vida que Jesus me promete custa muito mais que minha morte
escura. Gosto mais da confiança cega em um Deus oculto do que dos meus
medos que me atam à vida caduca. Gosto muito mais da alegria de uma
promessa do que do sabor amargo da derrota que eu bebo.
Quero a vida, não a morte, Mas sei é preciso morrer para voltar a
nascer. Meus medos, meus egoísmos e minhas idolatrias precisam morrer
para que eu viva com liberdade, cheio de amor.
Vejo a vida que brota do peito aberto de Jesus. Ele me amou até o extremo. Vejo a fonte de vida.
“A vida do homem não se esgota nesta terra. E, já que a alma do
homem é imortal, o fim último do homem transcende esta vida terrestre e
se dirige à contemplação de Deus” (Jesús Sánchez Adalid, Y de repente, Teresa).
Miro o céu, cheio de confiança. O final é um “para sempre”. Mas entre
a minha morte de hoje e a vida plena ao final do caminho transcorre o
meu hoje, que se abre a um futuro cheio de esperança.
Dizia Søren Kierkegaard: “A vida só pode ser compreendida olhando para trás, mas há de ser vivida olhando adiante”.
Às vezes, eu me pego olhando para trás. Ancorado no passado. Sim,
isso é necessário. Mas somente para compreender a ação de Deus em minha
vida. Seus desejos ocultos em minhas pegadas.
Não fico no passado, justificando minha preguiça. Não quero pensar
que me meu tempo passou e não ficou nada por fazer. Não é verdade.
Não importam os anos que eu tenha. Viverei tudo o que Deus quiser. Tenho toda a minha vida pela frente para mudar o mundo.
Quero viver com a alegria pascal, olhando os anos que me faltam.
Sorrindo para o futuro. Não quero me agoniar, pensando na morte. Não
quero viver ancorado no que já foi ou poderia ter sido.
Vivo o presente, aberto a um futuro melhor. A vida eterna é muito melhor que esta minha vida cheia de morte.
Vivo hoje com o coração preenchido pela Páscoa, cheio de luz. Divido
sorrisos e esperança. Falo da vida, não da morte. Tenho a alegria
desenhada nos lábios.
O que me falta para ser feliz? Eu já tenho tudo. Jesus me dá tudo. E o
que eu não tenho, não invejo. Posso ser feliz com muito pouco. Quando
deixo de olhar para um horizonte que não existe. Ou para coisas que não
me dão a alegria plena.
Hoje, chego ao sepulcro vazio, ao meu coração vazio. E lá já não está mais o corpo da morte. O que ressuscitou de dentro de mim?
Quero deixar lá os meus medos, meus apegos doentios, minha morte.
Jesus está comigo, em meu caminho, em minha vida. Ele vive. Não me deixa
sozinho, pois Ele quer que eu viva uma vida plena, com sentido.
Assim quero viver: ressuscitado. Com sua vida em meu coração. Com sua
ressurreição impossível em minha morte. O reino começa a brotar em
minha alma. Entre minhas mãos, sua vida.
Carlos Padilla Esteban
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