Hoje é comemorado o dia em que Deus começa a pôr em prática o Seu
plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa, antes que o
Rei descesse para habitá-la. Esta “casa”, que é Maria, foi construída
com sete colunas, que são os dons do Espírito Santo.
Deus dá um passo à frente na atuação do Seu eterno desígnio de amor,
por isso, a festa de hoje, foi celebrada com louvores magníficos por
muitos Santos Padres. Segundo uma antiga tradição os pais de Maria,
Joaquim e Ana, não podiam ter filhos, até que em meio às lágrimas,
penitências e orações, alcançaram esta graça de Deus.
De fato, Maria nasce, é amamentada e cresce para ser a Mãe do Rei dos
séculos, para ser a Mãe de Deus. E por isso comemoramos o dia de sua
vinda para este mundo, e não somente o nascimento para o Céu, como é
feito com os outros santos.
Sem dúvida, para nós como para todos os patriarcas do Antigo
Testamento, o nascimento da Mãe, é razão de júbilo, pois Ela apareceu no
mundo: a Aurora que precedeu o Sol da Justiça e Redentor da Humanidade.
Meditatio
A festa da Natividade de Maria, aurora da nossa salvação,
oferece-nos importantes elementos de meditação. São os evangelhos
apócrifos que narram o nascimento da Mãe do Salvador, com emocionantes e
inverosímeis fantasias, que podem ser vistas como simbologias e
interpretações. A Bíblia não nos dá informações sobre o nascimento de
Maria. Mas ele foi uma realidade importante na prossecução do projeto
divino da nossa salvação. Daí que valha a pena meditar sobre esse
acontecimento à luz da fé em Deus que, na sua misericórdia, quis salvar
os homens com a colaboração de Maria, nova criatura, cuja entrada no
mundo hoje celebramos.
Para nos darmos conta da importância do nascimento de Maria,
devemos ter em conta que o seu protagonista é Deus. As fantasias dos
apócrifos indiciam fé nesse protagonismo. A Liturgia aponta para a
presença e o protagonismo de Deus no nascimento e na vida de Maria. O
oráculo de Miqueias (1ª leitura alternativa da festa) tem em vista a
maternidade, isto é, a fonte de um nascimento, projetado por Deus: a
citação desse oráculo em Mt 2, 6 regista uma convicção messiânica do
evangelista traduzida em convicção cristológica e contextualmente
mariológica. A releitura de um outro oráculo (Is 7, 14) pelo mesmo
evangelista vê na Virgem que dá à luz, a mãe designada pelo próprio Deus
e envolta no abismo místico da comunhão com o Espírito Santo, o «Senhor que dá a vida».
A importância do nascimento da Virgem também se deduz pela verificação
da sua presença entre aqueles que foram chamados por Deus conforme o seu
desígnio, desde sempre conhecidos, predestinados, justificados (a
singular redenção antecipada da Imaculada), glorificados.
Esta festa é uma excelente ocasião para crescermos no amor e na
devoção à Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa mãe. Escreve o Pe. Dehon:
«Nesta festa, quero renovar-me na devoção a Maria, na fidelidade ao seu
culto diário, na união com ela, como meio para me elevar a uma união
mais íntima com Jesus, em todas as minhas ações» (OSP 4, p. 234).
Oratio
Salve santa Maria, filha do Deus da vida, criatura nascida na
alegria, cofre da graça plasmado pelo Espírito. Ó Mãe d´Aquele que vive,
canta mais uma vez, por nós, o louvor do Omnipotente, e guia a nossa
gratidão por cada vida que nasce e cresce à nossa volta. Mulher
escolhida desde sempre para abrir a vida ao Filho do homem, ao vencedor
da morte na sua ressurreição, acompanha-nos no caminho e nas paragens da
existência. Virgem solitária, presença amorosa e serviçal na nossa
história, acolhe a oração dos teus servos. Ámen.
Contemplatio
Que alegria no céu! Que cânticos de alegria entre os anjos quando
Maria nasceu! Informados pela mensagem do Arcanjo Gabriel, sabiam que
era a aurora da salvação dos homens. Maria ocupa um importante lugar nas
promessas, nas figuras, na redenção! Ela é como que a aurora que
precede o sol, como a lua que reflete os raios do astro-rei. É a nova
Eva, a mãe espiritual dos homens, é Judite que será vitoriosa sobre o
inimigo do povo de Deus. É Ester que alcançará misericórdia para o seu
povo. É a esposa dos cantares, cuja poesia sagrada cantou a união com
Jesus. Foi ela que Adão entreviu quando Deus lhe disse que uma mulher
esmagaria a cabeça da serpente. Deus tinha-a em vista quando prometia a
Abraão, aos patriarcas, a David, que o Salvador brotaria da sua estirpe.
Ela é o tronco de Jessé que havia de dar a flor escolhida, conforme a
profecia de Isaías. (Leão Dehon, OSP 4, p. 232s.).
Atio
Repete hoje a antífona:
«Bendita e venerável sois,
ó Virgem Maria Santa Mãe de Deus» (da Liturgia).
Nossa Senhora, rogai por nós!
Nenhum comentário:
Postar um comentário