A Igreja sempre ensinou que não somos proprietários da nossa vida, e sim Deus, por isso não podemos pôr fim a ela.
“Cada um é responsável por sua vida
diante de Deus, que lhe deu e que dela é sempre o único e soberano
Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para
honra dele e salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os
proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela”
(CIC §2280).
Por
isso, o suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a
conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo
amor de si mesmo. O suicídio ofende também o amor do próximo, porque
rompe injustamente a comunhão com as pessoas amadas da família e da
sociedade. E muitas vezes a família pode ficar desamparada com a morte
do pai ou da mãe. E, sobretudo, o suicídio é contrário ao amor do Deus
vivo.
A prática do suicídio torna-se mais grave ainda se for usado como
exemplo, especialmente para os jovens, para justificar que a vida não
tem sentido, e que por isso se possa eliminá-la. Uma mentalidade pagã
que tem como único sentido para a vida o prazer, quando este não é
possível, pode querer suprimi-la. Cooperar com o suicídio de alguém é
também falta grave. Inclusive,alguns filósofos ateus propunham e ainda
propõe o suicídio diante de uma vida que consideram um absurdo sem
sentido. A vida humana, por mais debilitada e fraca que seja, é um belo
dom de Deus, ensinava o Papa João Paulo II; e de forma alguma pode ser
eliminada pela pessoa.
Infelizmente hoje há “clínicas para
matar” em países como a Holanda, Bélgica e Suíça, onde o “suicídio
assistido” é legal. Então a pessoa chega viva nessas clínicas e a deixa
morta. Uma gravíssima ofensa a Deus e a sociedade. Nos Estados Unidos
faleceu há pouco alguém que ficou chamado de “doutor morte”, que
inventou uma máquina para a pessoa suicidar “sem sofrimento”.
Os eleitores de Zurique, Suíça,
rejeitaram em 2010, em referendo, propostas para vetar o suicídio
assistido e o “turismo do suicídio”, a chegada ao país de estrangeiros
em busca da morte. O suicídio assistido é permitido na Suíça desde 1941.
Estrangeiros terminais vão à Suíça para cometer suicídio, aproveitando
regras do país, um dos mais liberais do mundo (Folha de São Paulo, 16 de
maio de 2011).
Mas a Igreja reconhece que as motivações
ao suicídio podem ser complexas. Não podemos dizer que aquele que
suicidou esteja condenado por Deus. Antigamente muitos pensavam assim,
mas a Igreja não confirma isso. Diz o nosso Catecismo que: “Distúrbios
psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento
ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida” (CIC §2282).
Sabemos que um momento grave de
depressão, desespero, angústia prolongada, etc. podem debilitar
psiquicamente a pessoa de maneira tão grave que ela possa buscar refúgio
na morte, mesmo sem a deseja-la em si mesmo. Por isso a Igreja
recomenda rezar pela alma do suicida, sem se desesperar de sua salvação.
Nosso
Catecismo deixa claro que: “Não se deve desesperar da salvação das
pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece,
dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas
pessoas que atentaram contra a própria vida” (CIC §2283).
O importante, então, é não se desesperar
com a morte suicida da pessoa amada, mas oferecer a Deus por ela as
orações e, principalmente a santa Missa pela salvação e sufrágio de sua
alma.
Na biografia de São João Maria Vianney
há um fato muito interessante. O santo celebrava a missa e notou uma
senhora vestida de preto chorando no fundo a igreja; seu marido havia
suicidado há dias. No final da missa São João Vianney foi até ela é
disse-lhe: “pode parar de chorar, seu marido se salvou, está no
Purgatório, reze pela alma dele”. Quando ela quis saber como, o santo
respondeu: “Você se lembra que no mês de Maio você rezava a Nossa
Senhora, e ele, de vez em quando rezava com você; por isso ele foi
salvo, Nossa Senhora conseguiu para a ele a graça do arrependimento no
último instante de vida”.
Prof. Felipe Aquino
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