Algumas pessoas nos perguntam o que é este pecado. Antes de
tudo é preciso entender que não é um pecado como os demais; isto é, um ato:
roubar, matar, prostituir, adulterar, corromper, mentir, etc. Trata-se de uma
ofensa grave ao próprio Deus na Pessoa do Espírito Santo. De que forma?
No §1864 o Catecismo da Igreja explica:
“Aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não terá
remissão para sempre. Pelo contrário, é culpado de um pecado eterno” (Mc 3,29).
A misericórdia de Deus não tem limites, mas quem se recusa deliberadamente a
acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento, rejeita o perdão de seus
pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Semelhante endurecimento
pode levar à impenitência final e à perdição eterna”.
Portanto, o pecado contra o Espírito Santo é o endurecimento
do coração. Não que a misericórdia de Deus seja insuficiente para
amolecer esse coração empedernido, mas é a pessoa que não se abre para acolher
o perdão e a misericórdia de Deus. É o caso do pecador que não se arrepende dos
seus pecados, mesmo tendo consciência deles, sabendo que está errado e agindo
deliberadamente contra a vontade de Deus.
Os Evangelhos nos mostram alguns casos de pessoas que
endureceram o coração diante de Jesus, mesmo vendo seus estupendos milagres,
deliberadamente não quiseram dar-lhe crédito, e preferiram tramar a sua morte,
por conveniência e por inveja.
Um caso marcante é o que São João conta sobre a ressurreição
de Lázaro de Betânia. Este ressuscitado era a prova cabal da divindade de
Jesus; um milagre realizado bem perto de Jerusalém, e que muitos judeus
presenciaram.
Muitos deles creram em Jesus, como conta S. João:
“Muitos dos judeus, que tinham vindo a Marta e Maria e viram
o que Jesus fizera, creram nele”. (Jo 11,45)
Mas algumas autoridades judaicas, ao invés de ceder às
evidências do milagre, por conveniência, para manter seu “status-quo”,
preferiram tramar a morte do Senhor. Diz S. João:
“Alguns deles, porém, foram aos fariseus e lhes contaram o
que Jesus realizara. Os pontífices e os fariseus convocaram o conselho e
disseram: Que faremos? Esse homem multiplica os milagres. Se o deixarmos
proceder assim, todos crerão nele, e os romanos virão e arruinarão a nossa
cidade e toda a nação… E desde aquele momento resolveram tirar-lhe a vida”. (Jo
11, 47s)
E o mais interessante é que as autoridades judaicas
procuravam também tirar a vida de Lázaro por que ele era a prova do milagre de
Jesus.
“Uma grande multidão de judeus veio a saber que Jesus lá
estava; e chegou, não somente por causa de Jesus, mas ainda para ver Lázaro,
que ele ressuscitara. Mas os príncipes dos sacerdotes resolveram tirar a vida
também a Lázaro, porque muitos judeus, por causa dele, se afastavam e
acreditavam em Jesus” (Jo 12, 9-11).
Este me parece um caso típico de endurecimento do coração e
pecado contra o Espírito Santo.
Outro modo de atentar contra o Espírito Santo é se
desesperar da própria salvação, achando que o seu pecado é tão grande que a
misericórdia de Deus já não o pode perdoar. É o pecado da desesperança.
Qualquer pecado por pior que seja pode ser perdoado por Deus se a pessoa se
arrepende verdadeiramente.
Um belo exemplo disso é São Pedro; depois de negar o Mestre,
tristemente, por três vezes, se arrependeu, chorou amargamente, e acreditou no
perdão e na misericórdia de Deus. Judas, ao contrário, se desesperou e foi se
matar. Ambos pecaram gravemente, mas um se desesperou e o outro confiou no
perdão de Deus.
O nosso belo Catecismo diz que:
“Não há pecado algum, por mais grave que seja, que a Santa
Igreja não possa perdoar. “Não existe ninguém, por mau e culpado que seja, que
não deva esperar com segurança a seu perdão, desde que seu arrependimento seja
sincero.” Cristo que morreu por todos os homens, quer que, em sua Igreja, as
portas do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que recua do pecado”.
(§982)
Portanto, ninguém pode se desesperar da própria salvação,
mesmo que tenha pecado gravemente e de muitas maneiras. O Coração Sagrado de
Jesus está sempre aberto para nos dar a sua misericórdia quando voltamos a ele
arrependidos como o filho pródigo.
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