sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

CONHEÇA 17 SANTOS QUE ENFRENTARAM O DIABO - E SOBREVIVERAM PARA CONTAR SUA HISTÓRIA.

Dr. Paul Thigpen fala de seu novo livro, Saints Who Battled Satan.

Preview Save to a lightbox Find Similar Images Share Stock Photo: VATICAN CITY, ROME - FEBRUARY 7th, 2016: The colossal Tuscan colonnades, four columns deep, frame the trapezoidal entrance to the b


A existência do Diabo e de outros espíritos malévolos é atestada tanto pelo Catecismo da Igreja como pelas Sagradas Escrituras, e podemos encontrar referências a estas entidades em muitos escritos dos Padres da Igreja.
A existência destes seres é também confirmada pelo testemunho de muitos santos, e este é o tema central do novo livro de Paul Thigpen, Saints Who Battled Satan (Santos que Enfrentaram Satã, em tradução livre). Thigpen, renomado escritor e jornalista, é Doutor em Estudos Religiosos pela Universidade de Emory. Lecionou teologia em diversas universidades norte-americanas e é autor de mais de 40 livros e centenas de artigos – seus trabalhos foram traduzidos para mais de 12 idiomas, e publicados em todo o mundo. Em Saints Who Battled Satan, o professor Thigpen reconta as histórias de 17 santos, homens e mulheres de Deus que, em diversos contextos históricos e geográficos, deram testemunho de seus embates pessoais contra as hostes demoníacas. Suas histórias servem de inspiração e conforto para todos os Cristãos dos dias de hoje.
Thigpen atualmente é editor da TAN Books, tradicional editora Católica fundada em 1967 e sediada na Carolina do Norte, EUA. Inicialmente ordenado pastor protestante, converteu-se ao Catolicismo em 1993. Nesta entrevista concedida à Aleteia, Dr. Thigpen fala de seu novo livro, que considera uma continuação de seu best-seller Manual for Spiritual Warfare (Um Manual para a Guerra Espiritual).
*****
Zoe Romanowsky: São muitas as narrativas de batalhas travadas pelos santos contra o Diabo. Qual critério utilizou para escolher apenas 17?
Paul Thigpen: De fato, não foi uma tarefa fácil! Vários fatores foram levados em consideração. Primeiramente, a fim de enfatizar o caráter universal do combate espiritual, quis incluir santos de diversas culturas e de diversos contextos históricos. Os santos que escolhi provém de 12 diferentes países da Ásia, África, Europa, América do Norte e América do Sul. Há representantes de cada século desde os primórdios do Cristianismo – exceto do século 21, que acaba de começar.
Uma segunda preocupação foi a de incluir narrativas e passagens que pudessem ilustrar os princípios já discutidos em meu livro anterior, Manual for Spiritual Warfare. Desejava apresentar aos meus leitores as histórias de homens e mulheres de “carne e osso”, testemunhas diretas das manifestações ordinárias e extraordinárias do Diabo. Procurei ainda mostrar como os santos fazem uso das “armas espirituais” que temos à mão, tais como a oração, o estudo das Escrituras e os Sacramentos; quis enfatizar como o cultivo das virtudes Cristãs lhes serviu de armadura espiritual em meio aos mais violentos confrontos; e como, nos momentos mais difíceis, estes santos solicitavam a assistência de seu Comandante, Jesus Cristo, bem como de seus camaradas de campanha: os santos que travaram semelhantes batalhas antes deles, os anjos, e, em especial, Nossa Senhora.
Finalmente, um fator decisivo foi, sem dúvida, a disponibilidade de informação biográfica pertinente. Para cada santo selecionado, era preciso ter à mão material suficiente para redigir um capítulo completo. Mesmo assim, em minha pesquisa acabei por acumular uma extensa coleção de citações e histórias incompletas – boas demais para rejeitar – que serviriam de matéria-prima para uma seção adicional do livro.
Zoe Romanowsky: Quais são os meios mais comuns empregados por Satã por nos abordar ou nos tentar?
Paul Thigpen: Em geral, somos capazes de discernir aqueles pensamentos que nos vem à mente por sugestão ou inspiração de uma fonte exterior, daqueles que nos ocorrem por conta de uma sugestão de nossos próprios sentidos e faculdades intelectuais. Os demônios, sendo desprovidos de corpo físico, podem transmitir ideias e pensamentos diretamente às nossas mentes. Esta é uma estratégia furtiva, uma vez que se não formos capazes de discernir tais influências, podemos tomar erroneamente pensamentos por eles insinuados como genuinamente nossos. Satã tipicamente busca nos influenciar por meio de ilusões, acusações, dúvidas (em especial a respeito do amor de Deus para conosco); ou por provocações, no afã de despertar em nós vaidade, raiva, luxúria, desespero; ou ainda incitando-nos a desejar aquilo que nos é proibido, ou mesmo buscar por meios ilícitos algo que poderia ser benéfico.
Zoe Romanowsky: Citaria algum dos santos que tenha lidado com Satã de forma pouco usual dentre os demais?
Paul Thigpen: Lembro-me do episódio em que o Diabo procurou tentar São Bento por meio da luxúria. O espírito maligno trouxe à sua memória a imagem de uma mulher muito atraente que ele conhecera quando jovem. A lembrança desta mulher inflamou seu coração, a ponto de quase fazê-lo sucumbir e entregar-se. Neste momento, porém, avistou à sua frente uma touça repleta de urtigas e espinhos afiados. Imediatamente despiu-se de seu hábito e lançou-se no arbusto, arrastando-se por entre os espinhos até que seu corpo estivesse coberto de feridas; e assim a tentação o abandonou.
Zoe Romanowsky: Há santos especialmente indicados para nos amparar em determinados tipos de tentações? Poderia mencionar alguns deles?
Paul Thigpen: A tradição Católica nos encoraja a apelar pela assistência dos santos que tenham travado batalhas semelhantes às nossas. Assim, ao ser tentado pela luxúria, recomendaria buscar pelo auxílio de São Bento; nos momentos de cólera, pediria a assistência de São Jerônimo; para resistir ao pecado da soberba, a Santo Inácio de Loyola; para não desanimarmos em nossa caminhada, a intercessão de Santa Teresa de Ávila; e nos momentos de desespero, Santo (Padre) Pio, por exemplo.
Zoe Romanowsky: Se pudesse imaginar algo como um “kit de sobrevivência espiritual”, quais seriam os itens mais importantes que este deveria conter?
Paul Thigpen: Bem, acho que era precisamente o que tinha em mente quando escrevia Manual for Spiritual Warfare. O livro oferece uma visão geral do ensinamento da Igreja sobre como proceder quando em batalha espiritual. Discute ainda alguns dos “recursos de batalha” cultivados pela tradição Católica – doutrina pertinente, textos diversos, citações e episódios das vidas dos santos, além de orações e cantos.
Zoe Romanowsky: Quais são as virtudes mais importantes para mantermos o mal à distância, e como utilizá-las na prática como proteção?
Paul Thigpen: Desde os tempos mais remotos, um sem número de conselheiros espirituais Cristãos têm recomendado a humildade como a virtude fundamental; é o solo no qual todas as demais virtudes florescem. Por essa razão, destaco-a como a mais importante de todas as virtudes. Para citar um exemplo prático de como a humildade pode nos proteger das investidas do Diabo, considere uma história contada pelos antigos padres do deserto, a respeito de um monge conhecido por sua profunda humildade. Este orava em recolhimento quando recebe a visita do próprio Diabo, disfarçado de anjo de luz. O Diabo diz a ele: “Sou o Anjo Gabriel, e fui enviado a você!”, com o intuito de tentá-lo pela soberba. Mas o humilde monge não se deixa enganar, respondendo-lhe: “Você deve estar enganado. Certamente foi enviado a outra pessoa; não sou digno de receber a visita de um anjo”. O Diabo então se retira, desapontado e derrotado pela humildade do monge.

Zoe Romanowsky: Por que algumas pessoas parecem ser mais assediadas pelo Diabo do que outras?
Paul Thigpen: Um padrão que se repete nas biografias de muitos santos é o seguinte: quando o Diabo percebe que uma pessoa irá causar danos importantes a seu império infernal, passa a atacá-la furiosamente. Foi assim com Santo Antão, ao demonstrar sua firme decisão de viver como santo eremita no deserto; também com Santa Catarina, quando decidiu consagrar-se a Cristo ainda criança; foi o que ocorreu ao Santo (Padre) Pio no momento em que ingressou à ordem dos Capuchinhos. Foi nestes momentos que o Inimigo de suas almas realizou seus mais violentos ataques, na tentativa de impedí-los. Ele sabia que se porventura tivesse êxito em submeter estes homens e mulheres, as grandes obras que lhes seriam confiadas por Deus seriam sabotadas.
Penso que estar ciente desta verdade deva servir para nos confortar nos momentos difíceis. Se enfrentamos violenta oposição por parte das hostes diabólicas, talvez isso signifique que Deus tenha grandes planos para realizar por meio de nós. Devemos sempre ter em mente a advertência feita por São João Maria Vianney: “O maior de todos os males está em não experimentar ser tentado, pois assim temos motivos para crer que o Diabo já nos trata como sua propriedade.”

Zoe Romanowsky: Como podemos identificar as influências verdadeiramente oriundas de Satã? Como evitar que nos tornemos paranóicos, excessivamente preocupados com o mal?
Paul Thigpen: As Escrituras nos falam a respeito de nossa batalha contra o “mundo”, a “carne” e contra o Diabo (ver Tiago 4:1-7). É verdade que nem sempre nossos embates espirituais são diretamente provocados pelo Diabo. Mesmo assim, é preciso ter em mente que, nestes momentos, ele se aproveita para tentar fazer-se mais presente e exercer com maior intensidade sua influência em nossas vidas. Devemos sempre acompanhar suas movimentações com grande atenção. Acredito que se formos capazes de cultivar o hábito de reconhecer a origem de nossos pensamentos, grande parte de nossa batalha já estará vencida. Este tipo de discernimento é cultivado por meio das disciplinas espirituais tradicionalmente recomendadas pela Igreja: oração frequente, participação na Missa, Adoração Eucarística, recepção regular dos sacramentos – em especial da Reconciliação e da Eucaristia, bem como o estudo das Escrituras (até mesmo sua memorização) e o aconselhamento junto a tutores autorizados.
A recusa em ceder a qualquer paranóia frente ao Inimigo é outro padrão constante nas biografias espirituais dos santos; eram capazes de conservar sua coragem e confiança inabalados porque tinham a convicção – como nos diz São João – de que quanto maior fosse o Deus que habita em nosso interior, tanto maior seria o Maligno presente no mundo (ver 1 João 4:4). Embora levassem o Diabo muito a sério, também demonstravam uma espécie de “desprezo sagrado” por ele; sabiam que, em última análise, tratava-se de um inimigo derrotado. É curioso ver que, mesmo quando o combate se mostrava tão violento a ponto de castigar seus corpos, alguns santos atribuíam apelidos jocosos aos espíritos malignos que os atormentavam. Santa Catarina chamava o seu de “ladrãozinho” (porque tentava roubar as almas); São Pio referia-se ao demônio que o atacava por “ogro”; Santa Gemma Galgani chamava-o “chiappino” (“assaltante”); e São João Vianney apelidava seu algoz de “grappin” (“garra” ou “tenaz”, em francês). “Ah, grappin e eu?”, brincou ele certa vez, “já somos quase amigos!”.

Zoe Romanowsky: Em sua opinião, qual seria a melhor maneira de convencer um incrédulo de que Satã de fato existe e opera?
Paul Thigpen: Ao falar com pessoas incrédulas, peço-lhes primeiramente que considerem a evidência acumulada a esse respeito. Ao longo da história, povos de culturas muito diferentes e das mais diversas regiões do globo têm afirmado a existência de espíritos malignos – mesmo quando discordam sobre outras realidades espirituais. Mesmo nos dias de hoje, ouvimos pessoas cultas e inteligentes atestarem encontros pessoais com forças demoníacas. Ora, esta parece ser uma ideia tão universalmente aceita que deve ter algum fundamento. Claro, é preciso reconhecer, muitas doenças e transtornos mentais foram e ainda são erroneamente atribuídos à influência de demônios. Mas a miríade de crendices e superstições populares a respeito de espíritos malignos não constitui um argumento consistente contra a sua existência.
Os céticos poderiam exigir evidências mais “científicas”. Mas, que tipo de evidência relevante a esse respeito poderia ser obtida pelo método científico? As ciências naturais sondam a realidade por meio de conceitos como espaço, tempo, energia, movimento; as ciências humanas analisam o comportamento humano. Demônios não têm corpo físico, nem tampouco são humanos. Como poderíamos submetê-los aos escrutínios de nossa ciência? Não podemos colocá-los em tubos de ensaio, nem submetê-los aos métodos da psicanálise. O máximo que os cientistas podem fazer é observar as influências dos demônios no mundo físico ou no comportamento das pessoas; mas a mentalidade “científica” os levará a buscar, sempre, explicações alternativas para tais fenômenos – mesmo quando estas se mostrarem claramente inadequadas.
Ao falar com católicos, fundamentaria minha argumentação nas numerosas passagens da Bíblia que atestam a existência do Diabo e de seus aliados malignos. Os Evangelhos atestam em particular que o próprio Jesus Cristo dialogou com Satã; a discussão entre Nosso Senhor e o Diabo, transcorrida no deserto, não se constitui tão somente num diálogo interior acerca das tentações.
Cristo referiu-se aos demônios em diversas ocasiões, e a atividade de expulsar maus espíritos de pessoas endemoniadas constituiu aspecto marcante e indispensável de sua missão. Alguns estudiosos têm sugerido que, nestes episódios, Cristo estaria na verdade simplesmente curando enfermidades físicas ou psíquicas, erroneamente tomadas por demônios pelas pessoas daquele tempo. Em resposta a tais argumentos, precisamos apenas lembrar que, conforme atesta o Evangelho, ao menos em uma ocasião – obedecendo ordens de Cristo – demônios abandonaram seu hospedeiro humano para invadir os corpos de animais. Ora, não se pode transferir uma desordem médica de um homem para uma vara de porcos.
A realidade dos poderes demoníacos tem sido um elemento constante da doutrina da Igreja Católica desde sua instituição por Cristo, por meio de seus apóstolos. Estes, bem como seus sucessores, falaram e escreveram a respeito de Satã repetidamente. Ao longo dos séculos, todos os grandes mestres da Igreja têm corroborado sua existência.
A existência de Satã tem também sido reiterada em diversas declarações dos Papas e Concílios da Igreja; encontramos referências a ele também na liturgia. E, conforme nos mostra este livro, ao longo dos séculos um sem número de santos – pessoas cuja integridade moral e sanidade mental não pode ser questionada – deram testemunho de suas próprias batalhas pessoais contra agressores demoníacos. A obstinação em seguir rejeitando a veracidade destes fatos parece-me mais a expressão de uma crença cega e irracional.





Nenhum comentário: