Na mentalidade judaica, todas as doenças e enfermidades eram
consequências de um pecado. O Evangelho de hoje confirma esta
mentalidade… A morte dos Galileus, diz Jesus, massacrados por ordem de
Pilatos, não significa que eles tenham merecido tal destino em razão dos
seus pecados. Esta infelicidade tem a ver com a responsabilidade dos
homens que são capazes de se matarem. A atualidade apresenta-nos todos
os dias situações de vítimas inocentes de atentados e violências, por
causa do ódio dos homens. Mas há outras causas dos acidentes, dos
sofrimentos de todas as espécies. Não há ligação entre a morte das
vítimas e a sua vida moral, diz Jesus no Evangelho. Mas Jesus aproveita
para lançar um apelo à conversão. Diante de tantas situações dramáticas
que atingem o ser humano, somos convidados a uma maior vigilância sobre
nós mesmos. Devem ser uma ocasião para pensarmos na nossa condição
humana que terminará, naturalmente, na morte. Recordar a nossa
fragilidade deve levar-nos a voltar o nosso ser para Aquele que pode dar
verdadeiro sentido à nossa vida. Não se trata de procurar
culpabilidades, mas de abrir o nosso coração à vinda do Senhor. Não nos
devemos desencorajar diante das nossas esterilidades (figueira
estéril…), pois Deus é infinitamente paciente para conosco. Ele sabe da
nossa fragilidade, conhece os nossos pecados, mas nunca deixa de ter
confiança em nós, até ao fim do nosso caminho. Ele não quer punir-nos,
quer fazer-nos viver!
À ESCUTA DA PALAVRA.
Desde o início da sua pregação, Jesus apela à conversão, o que faz
igualmente João Baptista. É mesmo para Jesus uma questão de vida ou de
morte. A conversão não é mortífera, ela é fonte de vida, pois faz o
homem voltar-se para Deus, que quer que ele viva. O homem é como a
figueira plantada no meio de uma vinha: pode ser que, durante anos, não
dê frutos… mas Deus, como o vinhateiro, tem paciência e continua a
esperar nele. Deus vai mesmo mais longe, dá ao homem os meios para se
converter. Jesus não apela somente à conversão, mas propõe ao homem o
caminho a empreender para amar Deus e amar os seus irmãos. A paciência
de Deus não é uma atitude passiva, mas uma solicitude para que o homem
viva. Paciência e confiança estão ligadas: Deus crê no homem, crê que
ele pode mudar a sua conduta passada, para se voltar para Aquele de quem
se afastou.
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