O Espírito Santo é a força transformadora capaz de mudar o mundo
O Pai que
tudo criou por amor, o Filho amado que se encarnou, morreu, ressuscitou,
voltou ao Céu, está presente conosco, um dia há de voltar glorioso, e o
Espírito Santo de amor, alma da Igreja, presente do Ressuscitado à
Igreja e ao mundo. O coração de nossa vida cristã está no amor, vida da
Santíssima Trindade, força transformadora, capaz de mudar o mundo. No
tempo do Espírito Santo, até o fim dos tempos, somos chamados à missão
de anunciar a Boa Nova do Evangelho.
Jesus ressuscitado apareceu aos Seus
discípulos, soprou sobre eles e lhes concedeu o Espírito Santo (Cf. Jo
20, 19-23). Quando veio o dia de Pentecostes, os que se encontravam em
oração no Cenáculo, com Maria, a Mãe de Jesus, receberam o Espírito
Santo (Cf. At 2, 1-11). Homens antes marcados pelo medo, agora se lançam
à missão. Multiplicaram-se os dons do Espírito Santo na vida de todos e
os Atos dos Apóstolos testemunham os frutos de sua efusão, na pregação,
vida comunitária, oração e milagres. E a Igreja cresceu com a força do
Espírito, mantendo em todos os séculos o ardor missionário, para chegar
aos confins da terra. Cada época, inclusive com suas crises, foi sempre
marcada pela ação do Espírito Santo, que suscitou pessoas e iniciativas
adequadas para que o Evangelho chegasse a todos.
E época de
mudanças e crises é, de forma especial, o tempo em que vivemos, tanto
que se diz com frequência que a atual é uma “mudança de época”, uma
grande virada na história, que deixa perplexas pessoas e instituições,
como se o chão fosse tirado de debaixo dos pés.
Nos
próximos meses serão comemorados os cinquenta anos da conclusão do
Concílio Vaticano II, assim como de vários de seus documentos, frutos da
ação do Espírito Santo, que impulsionou a belíssima estação missionária
então inaugurada na Igreja. A última das grandes Constituições emanadas
do Concílio continua plenamente atual, reveladora da perspicácia
suscitada justamente pelo Espírito Santo, parecendo redigida para os
dias que correm.
Nossa
atual mudança de época é chamada de crise. O Concílio Vaticano II
oferecia uma leitura que se revela pertinente: “Como acontece em
qualquer crise de crescimento, esta transformação traz consigo não
pequenas dificuldades. Assim, o homem, que tão imensamente alarga o
próprio poder, nem sempre é capaz de colocá-lo ao seu serviço. Ao
procurar penetrar mais fundo no interior de si mesmo, aparece
frequentemente mais incerto a seu próprio respeito. E, descobrindo
gradualmente com maior clareza as leis da vida social, hesita quanto à
direção que a esta deve imprimir. Nunca o gênero humano teve ao seu
dispor tão grande abundância de riquezas, possibilidades e poderio
econômico; e, no entanto, uma imensa parte dos habitantes da terra é
atormentada pela fome e pela miséria, e inúmeros são ainda os
analfabetos.
Nunca os
homens tiveram um tão vivo sentido da liberdade como hoje, em que surgem
novas formas de servidão social e psicológica. Ao mesmo tempo em que o
mundo experimenta intensamente a própria unidade e a interdependência
mútua dos seus membros na solidariedade necessária, ei-lo gravemente
dilacerado por forças antagônicas; persistem ainda, com efeito, agudos
conflitos políticos, sociais, econômicos, raciais e ideológicos, nem
está eliminado o perigo duma guerra que tudo subverta. Aumenta o
intercâmbio das ideias; mas as próprias palavras com que se exprimem
conceitos da maior importância assumem sentidos muito diferentes segundo
as diversas ideologias.
Finalmente,
procura-se com todo o empenho uma ordem temporal mais perfeita, mas sem
que a acompanhe um progresso espiritual proporcionado. Marcados por
circunstâncias tão complexas, muitos dos nossos contemporâneos são
incapazes de discernir os valores verdadeiramente permanentes e de
harmonizá-los com os novamente descobertos. Daí que, agitados entre a
esperança e a angústia, sentem-se oprimidos pela inquietação, quando se
interrogam acerca da evolução atual dos acontecimentos. Mas esta desafia
o homem, força-o até a uma resposta” (GS 9).
O Espírito Santo suscita
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