Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei
de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de
mim.
(Jo 15,26)
Deveria ser tema assimilado por todos os cristãos. Era de
se esperar que sobre este dogma não houvesse dúvidas, uma vez que não há como
declarar-se cristão sem professar esta verdade: Jesus faz parte da Santíssima
Trindade. Ele é o
Filho eterno que se encarnou há vinte séculos atrás.
Não é o que se ouve no rádio, na televisão e em alguns
púlpitos. Pregadores das mais diversas igrejas cristãs não poucas vezes
subordinam Jesus ao Cristo, ou o Cristo ao Pai de quem é anunciado como
criatura, ou ainda, ao Espírito Santo por quem ele é iluminado como alguém
inferior. A linguagem traz, de começo a ideia de Ário (250 a 336) de que Jesus
não tinha uma alma humana. Para Ário somente o Pai é eterno. O Filho se formou
depois, criado pelo Pai. Para Ário, o Filho teve um começo, senão não seria
Filho.
Contra Ário, o nosso credo reza: “gerado do Pai antes de todos os séculos, Deus
de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, mas não
criado, consubstancial ao Pai”.
Ouve-se, contudo, da parte de alguns pregadores com
insuficiente leitura e estudo da fé, que o Cristo se encarnou em Jesus; que o
Filho de Deus desceu sobre Jesus e ele se tornou o Cristo; que, depois da
morte, Jesus "voltou a ser o Filho eterno"; que por um tempo Jesus
deixara de ser, ao despojar-se da sua divindade; que Jesus era um humano
deificado; que a divindade abandonou Jesus na hora da morte; que em Jesus havia
duas pessoas e duas naturezas.
De onde tiram suas ideias? Da própria cabeça
posto que muitos não estudaram suficiente teologia nem da sua igreja nem das
outras. Simplesmente
pegam de um microfone e pregam o que eles acham que devem dizer sobre Jesus.
Outros, mais estudiosos, fundamentam suas afirmações apoiando-se em algum autor
famoso. Um pregador muito conhecido na nossa mídia ensinou ao falar da
eucaristia o que John Scotus Erigena (820-887) ensinara. Disse que não há
presença de Cristo no altar, e que a missa é apenas uma recordação do
sacrifício expiatório de Cristo, mas que naquele altar absolutamente nada
acontecia.
Uma longa oração de 45 minutos, feita por uma fiel
pentecostal no rádio, chamava Jesus de pai, e o proclamava como filho do
Espírito Santo. Entre
os católicos sabe-se de no mínimo três pregadores que terminam suas preces de
maneira triteísta: Em nome do Deus Pai, do Deus Filho e do Deus Espírito Santo.
Não fala de um só Deus, mas de três deuses unidos...
Para um cristão deve ser doutrina clara: Jesus é o Cristo
esperado, Filho eterno que se encarnou. Este homem Jesus antes de encarnação
sempre esteve no seio da Trindade. Agora, o humano Jesus, glorificado está no
céu, com a promessa de que um dia voltará. Não tinha deixado de ser Deus quando
aqui se encarnou e não deixou de ser homem quando voltou para o céu. Portanto,
a pessoa que é o Filho de Deus está no céu com duas naturezas, a divina que
sempre teve e a, agora glorificada natureza humana, que assumiu ao encarnar-se.
Aquele corpo que atravessou portas fechadas (Jo 20,26) e que se transfigurou no
monte Tabor (Mt 17,2), que Tomé tocou embora estivesse ressuscitado (Jo 20,27)
era algo que os discípulos não conheciam. A catequese o chama de corpo
glorioso, corpo que Paulo afirma que um dia nós teremos.
Transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu
corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as
coisas. (Fp 3,21)
Difícil de entender? Difícil de explicar?
Maravilhoso seria se tudo fosse explicável.
Deus não é!
Nenhum comentário:
Postar um comentário