A revista VEJA (Ed. 2429, de 10/06/2015,
pg. 68ss) publicou uma matéria preocupante. Pesquisa do IBGE revela que
no Brasil, o número de famílias que criam cachorros já é maior do que o
de famílias que têm crianças. De cada 100 famílias no país, 44 criam
cachorros, enquanto só 36 têm crianças. Ele apontou a existência de 52
milhões de cães, contra 45 milhões de crianças de até 14 anos – uma
situação que se assemelha à de países como o Japão (16 milhões de
crianças, 22 milhões de animais de estimação) e os Estados Unidos (em 48
milhões de lares há cães; em 38 milhões há crianças). Isso acontece
porque, na maioria dos países as mulheres vêm tendo menos filhos. Ao
mesmo tempo, há o aumento da população idosa, cujos filhos já saíram de
casa. Então sobra espaço, tempo e dinheiro para os bebês de quatro
patas, diz a reportagem.
O que a Igreja ensina sobre os animais? Eles foram criados para o homem, para servi-lo e alimentá-lo. Diz o Catecismo:
“Deus confiou os animais à administração
daquele que criou à sua imagem. E, portanto, legitimo servir-se dos
animais para a alimentação e a confecção das vestes. Podem ser
domesticados, para ajudar o homem em seus trabalhos e lazeres. Os
experimentos médicos e científicos em animais são práticas moralmente
admissíveis, se permanecerem dentro dos limites razoáveis e contribuírem
para curar ou salvar vidas humanas” (n.2417).
“É igualmente indigno gastar com eles o
que deveria prioritariamente aliviar a miséria dos homens. Pode-se amar
os animais, porém não se deve orientar para eles o afeto devido
exclusivamente às pessoas”. (n. 2418).
Gostar dos animais e trata-los bem é uma
coisa, mas não está certo trata-los como se fossem pessoas humanas. Isto
mostra de certa forma o fracasso do ser humano em lidar com seus
semelhantes. Dez cachorros ou dez gatos não substituem um filho.
Cachorros tratados como filhos, com tantas crianças necessitando de
saúde, adoção, escola, educação?
As projeções indicam que enquanto a
população de crianças deve continuar a encolher no Brasil, a de cães
seguirá se multiplicando. Em 2020 deveremos ter 71 milhões de cães e 41
milhões de crianças, diz a matéria da VEJA. Dados impressionantes são
mostrados:
– O gasto médio anual com um animal de estimação no Brasil é de R$ 3404,00.
– O Brasil é o segundo país do mundo com
mais cachorros e gatos; só perde para os Estados Unidos. O Brasil é o
segundo pais no mercado de pets, com faturamento total de 7,2 bilhões de
dólares. Em São Paulo, por exemplo, já há mais pet shops do que
padarias.
– Na medicina veterinária os bichos são
tratados como gente. A reportagem mostra que são usados aparelhos
sofisticados no tratamento dos cães e gatos: raios X, imunização,
ultrassom para identificar câncer, exames de sangue para detectar
colesterol, diabetes, triglicérides, tomografia magnética para
identificar tumores e derrames, eco cardiograma para detectar doenças do
músculo e das válvulas do coração nos animais de idade avançada,
colocação de marca passo para regular o ritmo cardíaco; e ainda uso de
equipamentos laboratoriais automatizados que encurtam o tempo do exame
de sangue.
Enfim, gasta-se uma fortuna com animais,
enquanto muitas crianças e adultos não tem esses mesmos cuidados à sua
disposição. É algo que nos leva a fazer um sério exame de consciência. O
nosso Catecismo diz bem claro: “É indigno gastar com eles o que deveria
prioritariamente aliviar a miséria dos homens”.
O Brasil ainda é um país com pequena
densidade demográfica, temos 20 pessoas / km quadrado, enquanto o Japão
tem 330, e está fazendo campanha para aumentar a natalidade. E a
população do Brasil logo vai começar a diminuir, enquanto a de cães e
gatos aumenta.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/a-casa-agora-e-dos-caes-e-nao-das-criancas
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