“A cada bela
impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é
indispensável ser medíocre”. (Oscar Wilde)
Você já se
perguntou por que é tão difícil ser você mesmo?
Na realidade
buscamos seres humanos iguais ou semelhantes a nós, pessoas com as mesmas
opiniões, sentimentos, valores e crenças, por isso a diferença nos outros nos
incomoda tanto, eles traem nossos princípios, logo julgamos que devem estar
errados e lhes falta experiência ou conhecimento para evoluir até o nosso
estado de grandeza.
Poucas pessoas
possuem a coragem de realmente ser elas mesmas, a pressão contrária é muito
grande e assim a maioria tenta se adequar ao comportamento social vigente e
assim aos poucos se transforma naquilo que não é, afundando-se em falsas
palavras, atitudes e sentimentos, causando aos outros uma sensação de sempre
estarmos senhores da situação. Pura ilusão.
A cada dia
distanciamo-nos um pouco mais de nós mesmos, e como numa neblina, um vazio frio
e úmido passa a nos envolver. Nossos dias começam a se tornar tristes, nossas
amizades vazias, pois nos enterramos em conceitos que não são nossos para
parecer agradáveis aos outros, esquecendo de nossa verdadeira essência.
Quando era pároco
na Paroquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Matão encontrei com um morador
de rua “Cosme era seu nome” que sempre estava no mesmo lugar, e que a única
coisa que vinha pedir na casa paroquial todos os dias era seu almoço não pedia
nada mais, um dia parei, lhe dei um
sanduíche e sentei para conversar. Ele me contou sua historia, família,
trabalho, amigos, ouvi com atenção e finalmente lhe perguntei o que havia lhe
acontecido para ele decidir viver assim, nunca esqueci a sua resposta: “Eu me
perdi de mim mesmo” e contou-me sua triste história que o levou a sair de sua
cidade vagando pelas estradas.
Quantas pessoas
estão hoje perdidas de si mesmas, vivendo valores, crenças, sentimentos e metas
coletivas que não são suas, tentando alcançar um modelo de ser humano que a
maioria das pessoas prega, mas não pratica.
Quantas pessoas
magoam-se a si mesmos pelo temor gerado diariamente pela sociedade de que
alguém possa rir de você, o medo de perder algo ou alguém, que percam o
respeito por você, medo da rejeição ou mesmo para não magoar os outros. Você já
parou para pensar o quanto estes medos e ferramentas de manipulação limitam os
seus talentos.
Devemos insistir
em si mesmo; nunca imite. Seu próprio talento você pode apresentar a cada
momento com a força acumulada pelo cultivo de uma vida inteira; mas do talento
adotado de outra pessoa você tem apenas uma extemporânea posse parcial. Faça o
que foi designado para você, e nenhuma esperança ou ousadia poderão ser demais.
Lembre-se, ninguém
é perfeito, você possui qualidades e defeitos como todos os demais seres
humanos e por isso devemos aprender a conviver com eles e aceita-los. A beleza
e a diferenciação humana estão justamente nestas imperfeições, até cortar os próprios defeitos pode ser
perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
Também esqueça a
diplomacia, ser diplomático significa ser outra pessoa. Quer melhor sinônimo
para hipocrisia do que, diplomacia? Seja simplesmente você mesmo! Não minta
para si mesmo. Você não merece!
Não precisa temer
uma punição. Porque temos que ser assombrados pelo medo do julgamento alheio? Ser
você mesmo é uma tarefa difícil e exaustiva. É uma tarefa diária, pois a todos
os momentos sofremos influências profundas para, de alguma forma, reconstruir
nossa personalidade seja da família, da escola, da Igreja, da empresa, do
clube, dos amigos e dos inimigos.
Mesmo com este
processo de reconstrução constante não somos aceitos pelo que somos. Somos
aceitos pelo que os outros querem que sejamos. E então, mudamos. Vivemos
mudando. Mudamos nosso jeito de falar, de se vestir, de ver o mundo, nossos
gostos musicais, nosso modo de se divertir e de repente você acorda numa manhã
qualquer e não se reconhece mais. É neste momento que você descobre que se
perdeu de si mesmo.
Tenho consciência
de que mudar é a nossa única certeza na vida, é inevitável desde que isso seja
feita para o seu próprio desenvolvimento pessoal, não para agradar os outros ou
construir personagens politicamente corretos.
Como diria Pablo
Picasso “qualquer outro terá todos os meus defeitos, mas nenhuma das minhas
virtudes.”
Assuma o seu “EU”
verdadeiro, pare de representar papeis socialmente corretos, crie o seu próprio
espaço, solte as rédeas do seu verdadeiro talento. Acredite em si mesmo, aceite
seus defeitos e qualidades e siga em frente.
Pe.Emílio Carlos
Mancini
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