« Só o verdadeiro perdão, fruto de um amor puríssimo, pode fazer
brotar uma nascente de vida no coração do infiel e regenerar quem
fracassou no amor fazendo-o renascer para ele.
Também para Deus, e antes de mais para Deus, perdoar é amar, amar com um
amor tal que faça surgir na escuridão e na impureza da alma um amor
inteiramente novo que a purifica, transforma e encaminha para uma
perfeição também inteiramente nova.
Pensemos no olhar de Cristo sobre Pedro quando este acabou de negá-lo...
Não foi, como toda a certeza, um olhar de censura ou de cólera. Foi, o
que é muito mais terrível, um olhar de amor, de amor intenso, exprimindo
uma ternura mais solícita, mais calorosa e mais envolvente que nunca.
Pedro não pôde resistir-lhe; partiu-se-lhe o coração e soltaram-se-lhe
as lágrimas, ao mesmo tempo amargas e doces.
Simultaneamente, pela ação
conjugada do olhar de Jesus e do Espírito de Cristo operando nele, um
amor novo apoderou-se de todo o seu ser. De tal modo que, poucos dias
depois da sua negação, ele ousou afirmar sem hesitações: «Tu sabes que
eu sou deveras teu amigo». E Pedro não mente: esse amor novo que o olhar
do seu Mestre fez jorrar nele levá-lo-á ao dom da sua vida numa cruz,
depois de uma existência passada a pregar às multidões o amor com que
Deus nos ama.»
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