SOU DEPENDENTE QUÍMICO, MAS TAMBÉM CHAMADO À SANTIDADE.
Testemunho pessoal sobre a dependência das drogas e a vivência da fé.
Um conhecido meu de vários anos entrou em contato comigo e me pediu para
contar algo muito pessoal da sua vida. É por isso que o relato é
publicado sem nome, mas com muita sinceridade. Muito obrigado pelo
testemunho.
Anônimo:
Quero compartilhar brevemente o relato do meu passado com as drogas, minha recuperação e também como a minha prática religiosa se encaixa no meio dessa história.
Sou um jovem de uma cidade do interior da Argentina. Comecei a consumir álcool e outras drogas
durante minha adolescência. No começo, elas me deram algo que sempre
havia me “faltado”: confiança e coragem para me relacionar com as
pessoas, especialmente com as mulheres.
Pouco a pouco, no entanto, e à medida em que ia consumindo uma maior quantidade e variedade de drogas,
fui me tornando uma pessoa isolada e solitária. Tudo se desmoronava:
meus estudos, meu emprego, meus vínculos familiares, minhas amizades e
meu namoro. No final, só as drogas me interessavam.
Às vezes eu me lembrava de Deus. Não recebi formação religiosa quando
era criança, salvo o exemplo de algumas tias e das minhas avós. Mas
estava estudando em uma universidade católica e as aulas de teologia me
levavam a questionar-me. No meu desespero, pedi a Deus que me mostrasse o
caminho para melhorar.
Decidi procurar uma paróquia. Comecei
um catecumenato, que me preparou para receber a Primeira Comunhão e a
Confirmação. No entanto, mesmo achando que a prática religiosa seria
suficiente para sair das drogas, eu não conseguia parar totalmente e tinha recaídas frequentes.
Foi então que uma pessoa me recomendou um grupo dos 12 passos. Assim,
cheguei aos Narcóticos Anônimos (NA) em março de 2006, enquanto morava
em Buenos Aires.
A primeira reunião da qual participei
funcionava em uma paróquia. Mas vi que a prática religiosa não era um
requisito para participar dessas reuniões; então, havia pessoas de
outras religiões ou que não praticavam nenhum tipo de culto. Entendi que
havia pessoas que passaram pela mesma experiência que eu e que, com sua
experiência, podiam me ajudar como ninguém mais poderia. Era uma
linguagem da identificação.
Compreendi também que a dependência química é uma doença e que preciso tratá-la de maneira especial. Já não uso drogas
há muitos anos, e isso inclui o álcool. Participo das reuniões dos NA
em paróquias, sinagogas, templos evangélicos, sociedades de incentivo e
hospitais. É um programa espiritual, não religioso.
Hoje, moro
novamente em minha cidade de origem. Continuo vivendo minha fé de
maneira ativa, indo à Missa, confessando-me e participando de atividades
na minha paróquia. E também continuo indo às reuniões dos NA,
entendendo que elas me permitem manter minha abstinência cada dia, bem
como minha recuperação e a nova forma de vida que encontrei, que é muito
melhor que a que tinha antes. Levo uma vida digna e sou um membro
produtivo e alegre da sociedade.
Hoje, entendo que, ainda com o
meu passado de muitos excessos, também sou chamado a ser santo. Espero
que minha experiência possa servir a outros que ainda estão sofrendo.
(Publicado por Elías Cisternas em seu blog)
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