Leitura do Livro do Profeta Isaías.
1O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. 2Fizeste
crescer a alegria, e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua
presença como alegres ceifeiros na colheita, ou como exaltados
guerreiros ao dividirem os despojos. 3Pois o jugo que oprimia o povo, —a carga sobre os ombros, o orgulho dos fiscais — tu os abateste como na jornada de Madiã.
4Botas de tropa de assalto, trajes manchados de sangue, tudo será queimado e devorado pelas chamas. 5Porque
nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a
marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro admirável,
Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz.
6Grande será o seu reino e a paz não
há de ter fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reinado, que ele irá
consolidar e confirmar em justiça e santidade, a partir de agora e para
todo o sempre. O amor zeloso do Senhor dos exércitos há de realizar
estas coisas.
Responsório(Sl 112)
— Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!
— Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!
— Louvai, louvai ó servos do Senhor, louvai, louvai o
nome do Senhor! Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a
eternidade!
— Do nascer do sol até o seu ocaso, louvado seja o
nome do Senhor! O Senhor está acima das nações, sua glória vai além dos
altos céus.
— Quem pode comparar-se ao nosso Deus, ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono e se inclina para olhar o céu e a terra?
— Levanta da poeira o indigente e do lixo ele retira o
pobrezinho, para fazê-lo assentar-se com os nobres, assentar-se com os
nobres do seu povo!
Evangelho(Lc 1,26-38)
Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria.
28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação.
30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”.
34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso d, se eu não conheço homem algum?” 35O
anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te
cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado
Santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.
Reflexão
O Evangelho de hoje narra a cena da Anunciação, em que o anjo
Gabriel lhe fala: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”
Deus quis que uma mulher contribuísse bem de perto na redenção da
humanidade, já que uma mulher, Eva, havia contribuído no pecado. E a mulher que
Deus escolheu não podia ser vítima de pecado, pois seria um sinal de fraqueza
de Deus, diante das forças do mal. Como Davi venceu o gigante Golias (1Sm
17,49), Jesus derrotou o tentador. Não só derrotou, mas arrasou com ele
completamente. Nem junto à sua mãe ele teve vez. Após o dilúvio, uma pomba
trouxe em seu bico um raminho verde para Noé (Gn 8,11). Aquela pomba não estava
suja de barro, ela não fora atingida pelo dilúvio.
Nós também somos chamados a colaborar na redenção. Deus não gosta
de gente manchada, suja. Como podemos anunciar a vitória de Cristo, se até nós,
os anunciadores, somos vítima do tentador? Pecadores todos nascemos. Mas temos
condições de nos purificar, usando os meios que Jesus nos deixou, entre os
quais se destaca a Igreja, da qual Maria é Mãe. Assim, tirando a trave do nosso
olho, temos condições de tirar o cisco que está no olho do nosso irmão.
A concepção imaculada de Maria nos mostra que Deus não quer
conviver com pecado. Ele quer o pecado longe dele. Ele nos suporta, quando
pecamos, mas não queria isso, como qualquer pai que não quer ver o filho ou
filha no caminho errado. Como podemos dizer a Deus: “Senhor, eu vos amo sobre
todas as coisas”, e depois viramos as costas e já começamos a colocar outras
coisas acima dele? Por isso que Deus fala na Bíblia: “Estou para vomitar-te da
minha boca” (Ap 3,16).
A Imaculada Conceição foi um fruto antecipado da redenção realizada
por Jesus, o seu Filho. E o fato de ela ter sido isenta do pecado, já na sua
concepção, mostra que a força da graça redentora supera infinitamente a força
do pecado. “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5,20).
“Quando éreis escravos do pecado, praticáveis ações das quais hoje
vos envergonhais. Agora, porém, libertados do pecado e como servos de Deus,
produzis frutos para a vossa santificação, tendo como meta a vida eterna. Com
efeito, a paga do pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna no Cristo
Jesus, nosso Senhor” (Rm 6,20-23). Antes, quando reinava o pecado, o carro
estava na frente dos bois, e dava tudo errado. Cristo veio, colocou os bois na
frente do carro, e na direção certa, que é a nossa felicidade.
Deus realizou plenamente a redenção na Mãe do seu Filho, para nos
mostrar o que ele quer de todos nós. Ela se tornou assim a estrela da
esperança, que nos anima a sempre nos levantar a caminhar.
Santo Agostinho, quando estava mergulhado no pecado, leu, por
sugestão de sua mãe, muitas biografias de santos. Um dia ele disse para si
mesmo, em latim, que era a sua língua: “Potueruntii, potueruntee; cur non tu,
Agostiné?” Em português é: “Puderam estes, puderam aquelas, por que não tu,
Agostinho?” Impulsionado por este lema, venceu.
Daqui a exatamente nove meses, celebraremos o nascimento de Maria.
Rezemos, neste tempo, pelos nascituros, a fim de que sejam protegidos por suas
mães.
Havia, certa vez, um rapaz que trabalhava no centro de uma cidade
grande e morava na periferia.
Numa tarde, ao voltar para casa, enquanto atravessava um bairro de
classe alta, viu numa lixeira uma caixa preta, parecida com caixa de sanfona.
Ficou curioso, abriu a caixa, era mesmo uma sanfona! E estava boa de tudo.
Tocava direitinho.
Ele se lembrou de um vizinho, que sabia tocar sanfona e não possuía
o instrumento, e levou-a para ele. O vizinho se alegrou com o presente, e
começou a tocar belas canções. A casa toda se alegrou. Até algumas crianças
apareceram na porta.
À noite, algumas pessoas se reuniram na casa, e foi aquela festa.
Daí para frente, de vez em quando o tocador de sanfona era chamado, seja para
tocar em festinha de aniversário, em reza, até na Santa Missa. A sanfona tornou
aquele bairro mais alegre.
A sanfona representa a graça de Deus, que une as pessoas e alegra o
ambiente. O rapaz que a achou somos nós que recebemos a graça no batismo, e a
levamos a outros.
Muitos jogam no lixo a graça batismal, e vivem tristes por aí,
procurando a felicidade na riqueza, no prazer, no poder etc. Nós não queremos
ser assim.
Uma pergunta: com qual desses personagens você mais se identifica?
Com o rapaz? Com o homem que ganhou a sanfona? Com os vizinhos que acorreram,
ao som da sanfona? Ou com aquele ou aquela que a jogou no lixo?
Nossa Senhora da Conceição, rogai por nós!
Pe Queiroz
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