sexta-feira, 15 de agosto de 2014

LITURGIA DIÁRIA - A INDISSOLUBILIDADE DO MATRIMÔNIO.

Primeira Leitura (Ez 16,1-15.60.63)

Leitura da Profecia de Eze­quiel.
1A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 2“Filho do homem, mostra a Jerusalém suas abominações.3Dirás: Assim fala o Senhor Deus a Jerusalém: Por tua origem e nascimento és do país de Canaã. Teu pai era um amorreu e tua mãe uma hitita. 4E como foi o teu nascimento? Quando nasceste, não te cortaram o cordão umbilical, não foste banhada em água, nem es­fre­gada com salmoura nem envolvida em faixas.
5Ninguém teve dó de ti, nem te prestou algum desses serviços por compaixão. Ao contrário, no dia em que nasceste, eles te deixaram exposta em campo aberto, porque desprezavam a tua vida. 6Então, eu passei junto de ti e vi que te debatias no próprio sangue. E enquanto estavas em teu sangue, eu te disse: “Vive!” 7Eu te fiz crescer exuberante como planta silvestre. Tu cresceste e te desenvolveste, e chegaste à puberdade. Teus seios se firmaram e os pelos cresceram; mas estavas inteiramente nua. 8Passando junto de ti, percebi que tinhas chegado à idade do amor. Estendi meu manto sobre ti para cobrir tua nudez. Fiz um juramento, estabelecendo uma aliança contigo —oráculo do Senhor —, e tu foste minha.
9Banhei-te na água, limpei-te do sangue e ungi-te com perfume. 10Eu te revesti de roupas bordadas, calcei-te com sandálias de fino couro, cingi-te de linho e te cobri de seda. 11Eu te enfeitei de joias, pus braceletes em teus braços e um colar no pescoço. 12Eu te pus um anel no nariz, brincos nas orelhas e uma coroa magnífica na cabeça. 13Estavas enfeitada de ouro e prata, tuas ves­timentas eram de linho finíssimo, de seda e de bordados. Eu te nutria com flor de farinha, mel e óleo. Ficaste cada vez mais bela e chegaste à realeza.
14Tua fama se espalhou entre as nações por causa de tua beleza perfeita, devido ao esplendor com que te cobri —oráculo do Senhor. 15Mas puseste tua confiança na beleza e te prostituíste graças à tua fama. E sem pudor te oferecias a qualquer passante. 60Eu, porém, me lembrarei de minha aliança contigo, quando ainda eras jovem, e vou estabelecer contigo uma aliança eterna. 63É para que te recordes e te envergonhes, e na tua confusão não abras mais a boca, quando eu te houver perdoado tudo o que fizeste, —oráculo do Senhor Deus”.
Responsório(Is 12,2-4.5-6)

— Acalmou-se a vossa ira e enfim me consolastes.
— Acalmou-se a vossa ira e enfim me consolastes.
— Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo; o Senhor é minha força, meu louvor e salvação. Com alegria bebereis no manancial da salvação. E direis naquele dia: “Dai louvores ao Senhor, invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas, dentre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime.
— Louvai cantando ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos, publicai em toda a terra suas grandes maravilhas! Exultai cantando alegres, habitantes de Sião, porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!”
Evangelho(Mt 19,3-12)
Naquele tempo, 3alguns fariseus aproximaram-se de Jesus, e perguntaram, para o tentar: “É permitido ao homem despedir sua esposa por qualquer motivo?” 4Jesus respondeu: “Nunca lestes que o Criador, desde o início, os fez homem e mulher? 5E disse: ‘Por isso, o homem deixará pai e mãe, e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne’? 6De modo que eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe”.
7Os fariseus perguntaram: “Então, como é que Moisés mandou dar certidão de divórcio e despedir a mulher?” 8Jesus respondeu: “Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da dureza do vosso coração. Mas não foi assim desde o início. 9Por isso, eu vos digo: quem despedir a sua mulher —a não ser em caso de união ilegítima —e se casar com outra, comete adultério”. 10Os discípulos disseram a Jesus: “Se a situação do homem com a mulher é assim, não vale a pena casar-se”.

Reflexão
Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os ao Matrimônio, à uma íntima comunhão de vida e amor entre eles, “de maneira que já não são dois, mas uma só carne.
Esta é a verdade que a Igreja proclama ao mundo sem cessar. O Papa João Paulo II dizia que “o homem se tornou ‘imagem e semelhança’ de Deus, não somente através da própria humanidade, mas também através da comunhão das pessoas que o varão e a mulher formam desde o princípio. Tornam-se a imagem de Deus não tanto no momento da solidão quanto no momento da comunhão” (Audiência geral de 14.11.1979).
A família é uma instituição de mediação entre o indivíduo e a sociedade, e nada a pode substituir totalmente. Ela mesma apoia-se, sobretudo numa profunda relação interpessoal entre o esposo e a esposa, sustentada pelo afeto e compreensão mútua. No sacramento do Matrimônio, ela recebe a abundante ajuda de Deus, que comporta a verdadeira vocação para a santidade. Queira Deus que os filhos contemplem mais os momentos de harmonia e afeto dos pais e não os de discórdia e distanciamento, pois o amor entre o pai e a mãe oferece aos filhos uma grande segurança e ensina-lhes a beleza do amor fiel e duradouro.
O testemunho fundamental acerca do valor da indissolubilidade é dado com a vida matrimonial dos cônjuges, na fidelidade ao seu vínculo, através das alegrias e das provas da vida. Mas o valor da indissolubilidade não pode ser considerado o objeto de uma mera escolha privada: ele diz respeito a um dos pontos de referência de toda a sociedade. E por isso, enquanto devem ser encorajadas as iniciativas que os cristãos com outras pessoas de boa vontade promovem para o bem das famílias, deve evitar-se o risco do permissivismo em questões de fundo que se referem à essência do Matrimônio e da família.
A família é um bem necessário para os povos, um fundamento indispensável para a sociedade e um grande tesouro dos esposos durante toda a sua vida. É um bem insubstituível para os filhos, que hão de ser fruto do amor, da doação total e generosa dos pais. Proclamar a verdade integral da família, fundada no Matrimônio, como Igreja doméstica e santuário da vida é uma grande responsabilidade de todos.
Diante do Senhor, a mulher é inseparável do homem e o homem da mulher, diz o apóstolo Paulo (1Cor 11,11). Através do Evangelho, o homem e a mulher caminham em conjunto para o Reino. Cristo chama conjuntamente, sem os separar, homem e mulher, que Deus une e a natureza junta, fazendo-os, por uma admirável conformidade, partilhar os mesmos gestos e as mesmas funções. Pelo laço do Matrimônio, Deus faz que dois seres não sejam senão um, e que um só ser seja dois, de modo que assim descubra um outro de si, sem perder a sua personalidade, nem se confundir no casal.
Mas por que é que, nas imagens que nos dá do Seu Reino, Deus faz intervir deste modo o homem e a mulher? Porque sugere Ele tanta grandeza através de exemplos que podem parecer fracos e despropositados? Irmãos, um mistério precioso esconde-se debaixo desta pobreza.
Segundo a palavra do apóstolo Paulo, «É grande este mistério, pois que é o de Cristo e da Sua Igreja» (Ef 5,32). Isto evoca o maior projeto da humanidade. O homem e a mulher puseram fim ao processo do mundo, um processo que se arrastava há séculos. Adão, o primeiro homem, e Eva, a primeira mulher, são conduzidos da árvore do conhecimento do bem e do mal para o fogo do fermento da Boa Nova. Esses olhos que a árvore da tentação fechara à verdade, abrindo-os à ilusão do mal, a luz da Boa Nova abre-os fechando-os. Essas bocas tornadas doentes pelo fruto da árvore envenenada são salvas pelo sabor.
O Matrimônio “é” indissolúvel: esta prioridade exprime uma dimensão do seu próprio ser objetivo, não é um mero fato subjetivo. Por conseguinte, o bem da indissolubilidade é o bem do próprio Matrimônio; e a incompreensão da índole indissolúvel constitui a incompreensão do Matrimônio na sua essência. Disto deriva que o “peso” da indissolubilidade e os limites que ela comporta para a liberdade humana mais não são do que o reverso, por assim dizer, da medalha em relação ao bem e às potencialidades inerentes à instituição matrimonial como tal. Nesta perspectiva, não tem sentido falar de imposição por parte da lei humana, porque ela deve refletir e tutelar a lei natural e divina, que é sempre verdade libertadora (cf. Jo 8, 32).
Esta verdade acerca da indissolubilidade do Matrimônio, como toda a mensagem cristã, destina-se aos homens e às mulheres de todos as épocas e lugares. Para que isto se realize, é preciso que esta verdade seja testemunhada pela Igreja e, sobretudo, pelas famílias individualmente, enquanto “igrejas domésticas”, nas quais marido e esposa se reconhecem reciprocamente unidos para sempre, com um vínculo que requer um amor sempre renovado, generoso e pronto para o sacrifício.
Não nos podemos deixar vencer pela mentalidade divorcista: impede-o a confiança nos dons naturais e sobrenaturais de Deus ao homem. A atividade pastoral deve apoiar e promover a indissolubilidade. Os aspectos doutrinais devem ser transmitidos, esclarecidos e defendidos, mas são ainda mais importantes as ações coerentes. Quando um casal atravessa dificuldades, a compreensão dos Pastores e dos outros fiéis deve ser acompanhada da clareza e da fortaleza ao recordar que o amor conjugal é o caminho para resolver positivamente a crise. Precisamente porque Deus os uniu mediante um vínculo indissolúvel, marido e esposa, usando todos os seus recursos humanos com boa vontade, mas, sobretudo confiando na ajuda da Graça divina, podem e devem sair dos momentos de perturbação renovados e fortalecidos.




CN

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