O
Concílio Vaticano II chamou os leigos a participarem ativamente da vida
da Igreja. Através do Decreto Apostolicam Actuositatem pede:
”Grassando
na nossa época gravíssimos erros que ameaçam inverter profundamente a
religião, este Concílio exorta de coração todos os leigos que assumam
mais conscientemente suas responsabilidades na defesa dos princípios
cristãos” (AA,6).
Em
que pese a doutrina da Igreja, bem como a sua Tradição e o seu
Magistério, mostrarem a radical incompatibilidade entre o Cristianismo e
o espiritismo, muitos “católicos”, fracos na fé e pouco conhecedores da
doutrina, teimam em persistir neste sincretismo perigoso. Vão à missa e
ao culto espírita, como se isto não fosse proibido pela fé católica.
É
preciso ficar bem claro que o espiritismo (bem como suas derivações)
contradiz “frontalmente” a doutrina católica em muitos pontos, sendo,
portanto, impossível a um católico ser também espírita.
Em
1953, os Bispos do Brasil disseram que o espiritismo é o desvio
doutrinário “mais perigoso” para o país, uma vez que “nega não apenas
uma ou outra verdade da nossa fé, mas todas elas, tendo, no entanto, a
cautela de dizer-se cristão, de modo a deixar, a católicos menos
avisados, a impressão erradíssima de ser possível conciliar catolicismo
com espiritismo” (Espiritismo, orientação para os católicos,
D.Boaventura Kloppenburg, Ed. Loyola, 5ªed, 1995,pag.11).
Muitas passagens da Bíblia comprovam o que está dito acima. A principal delas é a que está no livro do Deuteronômio:
”Não
se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha
[magia negra], nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros,
ao feitichismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à evocação
dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a
essas práticas...” (Deutr 18,9´13).
Essas
palavras da Bíblia são muito claras e fortes e não deixam dúvida sobre a
proibição “radical” de Deus a todas as formas de ocultismo e busca de
poder ou de conhecimento fora da vontade de Deus. E isto é um perigo
para a vida cristã, porque “contamina” a alma. Deus “abomina” aqueles
que se dão a essas práticas, diz a Palavra de Deus. Abomina quer dizer,
detesta, odeia, rejeita. Não consigo imaginar nada pior nesta vida do
que uma pessoa ser abominável a Deus, por própria culpa.
O livro do Levítico traz a mesma condenação:
”Não vos dirijais aos espíritas nem aos adivinhos: não os consulteis para que não sejais contaminados por eles” (Lev 19,31).
Essa
“contaminação” espiritual é perigosa para o cristão. Por se tratar de
um pecado grave, essa prática o coloca sob a influência e dependência do
mundo tenebroso dos demônios.
A
primeira conseqüência para a pessoa que se dá a essas práticas
proibidas, é um “esfriamento” espiritual. Começa a esfriar na fé, deixa a
oração, os sacramentos, e torna-se fraco na fé, na esperança e na
caridade, até, digamos, morrer espiritualmente.
Se
você entra num ambiente espírita, de macumba, candomblé, etc, mesmo que
seja apenas por curiosidade, “sem maldade”, você está pecando e
colocando´de sob o jugo do demônio. Neste assunto, é a “curiosidade” que
leva muitos católicos ao pecado.
Sabemos
que o demônio pode se fazer presente nesses ambientes, já que a Igreja
nos garante que nenhum “espírito” dos mortos andam perambulando pelo
mundo e, muito menos “baixando” em lugar algum. Os espíritos que baixam
nesses “centros”, se baixam, são certamentes espíritos malígnos.
Repete a Palavra de Deus, pelo livro do Levítico:
“Se
alguém se dirigir aos espíritas ou aos adivinhos para fornicar com
eles, voltarei o meu rosto contra esse homem...” (Lev 20,6).
Por
“adivinhos” devemos entender todas as formas de se buscar o
conhecimento de realidades ocultas, conhecer o futuro, etc. Entre essas
práticas estão, entre outras, a invocação dos mortos ( necromancia ), a
leitura das mãos (quiromancia), a astrologia, os búzios, cartomancia,
consultas aos cristais, tarôs, numerologia, etc.
Uma verdade bíblica que todo católico precisa saber, é o que disse São Paulo aos coríntios:
”As
coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas aos demônios e não a
Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demônios. Não podeis
beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não
podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos
demônios. Ou quereis provocar a ira do Senhor?” (1 Cor 10,20-22).
Qual é o grande ensinamento que esta Palavra nos traz?
Que
todo culto que se presta a uma entidade espiritual, é recebido ou por
Deus ou por Satanás. Como os pagãos não prestam o seu culto a Deus,
então, por exclusão, quem o recebe é o demônio. Daí podermos entender
porque Deus abomina aqueles que se dão a essas práticas pagãs já
citadas. Neste caso, Deus é rejeitado, é traído. E daí podemos entender
também porque o “ambiente” fica propício à presença e manifestação do
Mal.
O
Antigo Testamento está repleto da “fúria” de Deus para com o seu povo
eleito, quando esse povo “prevaricava”, isto é, praticava a idolatria.
Nessas situações, Deus abandonava o seu povo nas mãos dos seus inimigos,
que os vencia nos combates, e muitas vezes os escravizava. O socorro de
Deus só chegava depois que o povo se arrependia do mal que praticara.
Pela boca do profeta Jeremias o Senhor diz:
”Eu
os condenarei pelos males que cometeram, por me haverem abandonado,
ofertando incenso a outros deuses e adorando a obra de suas mãos” (Jer
1,16).
”Ó céus, plasmai, tremei de espanto e horror ... Porque
o meu povo cometeu uma grande perversidade: abandonou´me, a mim, fonte
de água viva, para cavar cisternas, cisternas fendidas que não retém a
água” (Jer 2,11-13).
E o povo de Deus tinha plena consciência de que era a prática da idolatria que atraia sobre ele os castigos:
”Porque
decretou o Senhor contra nós todos esses flagelos? Qual é o pecado,
qual é o crime que cometemos contra o Senhor nosso Deus? Tu lhe dirás: É
que vossos pais me abandonaram ´oráculo do Senhor´ para correr após
outros deuses, rendendo-lhes um culto e diante deles se prosternando. E
porque me abandonaram e deixaram de cumprir a minha lei, e porque vós
mesmos fizestes pior que vossos pais, cada qual, sem me ouvir,
obstinou´se em seguir as más tendências de seus corações. Assim,
expulsar-vos-ei desta terra para vos lançar numa terra que não
conhecestes, nem vós, nem vossos pais. Lá, dia e noite, rendereis culto
aos deuses estranhos, porque eu não vos perdoarei” (Jer16,10´13).
Os
Atos dos Apóstolos, escrito por S. Lucas, contam que S. Paulo expulsou
um “espírito de adivinhação” de uma moça escrava que, com suas
adivinhações dava muito lucro a seus senhores. Disse S. Paulo a esse
espírito de adivinhação:
”Ordeno´te em nome de Jesus Cristo que saias dela”. “E na mesma hora saiu” (At 16,16´18).
É
óbvio que S. Paulo não falara a um “fantasma” ou a algo inexistente,
apelando para a autoridade do Nome de Jesus. São Paulo expulsou da
escrava um demônio, um espírito de adivinhação que estava na moça e
dava´lhe o poder de adivinhar.
Isso
muitas vezes ocorre nos centros espíritas e nos terreiros de macumba. O
demônio sabe se “transfigurar em anjo de luz” (II Cor 11,14), como nos
alerta São Paulo. E muito católico desavizado cai nas suas armadilhas.
Como ele é um anjo, embora decaído, conserva os seus poderes superiores
aos nossos. Sua inteligência é muito mais perfeita que a dos homens. E
ele faz também os seus “milagres”. Para conferir isto com a Palavra de
Deus, basta ler o que São Paulo fala na carta aos tessalonicenses:
”A
manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de
toda a sorte de portentos, sinais e prodígios enganadores. Ele usará de
todas as seduções do mal com aqueles que se perdem, por não terem
cultivado o amor à verdade que os teria podido salvar” (2 Ts 2,9-10).
O espiritismo nega pelo menos 40 verdades da fé cristã:
1. Nega o mistério, e ensina que tudo pode ser comprendido e explicado.
2. Nega a inspiração divina da Bíblia.
3. Nega o milagre.
4. Nega a autoridade do Magistério da Igreja.
5. Nega a infalibilidade do Papa.
6. Nega a instituição divina da Igreja.
7. Nega a suficiência da Revelação.
8. Nega o mistério da Santíssima Trindade.
9. Nega a existência de um Deus Pessoal e distinto do mundo.
10. Nega a liberdade de Deus.
11. Nega a criação a partir do nada.
12. Nega a criação da alma humana por Deus.
13. Nega a criação do corpo humano.
14. Nega a união substancial entre o corpo e a alma.
15. Nega a espiritualidade da alma.
16. Nega a unidade do gênero humano.
17. Nega a existência dos anjos.
18. Nega a existência dos demônios.
19. Nega a divindade de Jesus.
20. Nega os milagres de Cristo.
21. Nega a humanidade de Cristo.
22. Nega os dogmas de Nossa Senhora (Imaculada Conceição, Virgindade perpétua, Assunção, Maternidade divina).
23. Nega nossa Redenção por Cristo (é o mais grave!).
24. Nega o pecado original.
25. Nega a graça divina.
26. Nega a possibilidade do perdão dos pecados.
27. Nega o valor da vida contemplativa e ascética.
28. Nega toda a doutrina cristã do sobrenatural.
29. Nega o valor dos Sacramentos.
30. Nega a eficácia redentora do Batismo.
31. Nega a presença real de Cristo na Eucaristia.
32. Nega o valor da Confissão.
33. Nega a indissolubilidade do Matrimônio.
34. Nega a unicidade da vida terrestre.
35. Nega o juízo particular depois da morte.
36. Nega a existência do Purgatório.
37. Nega a existência do Céu.
38. Nega a existência do Inferno.
39. Nega a ressurreição da carne.
40. Nega o juízo final.
Apesar de tudo isso muitos continuam a proclamar que “o espiritismo e o Cristianismo ensinam a mesma coisa...”
Na
verdade é o “joio no meio do trigo” (Mt 13,28), que o inimigo semeou na
messe do Senhor. Nada como o espiritismo nega tão radicalmente a
doutrina católica.
Ouçamos, finalmente, a palavra oficial da nossa Mãe Igreja, que tão bem nos ensina através do Catecismo:
”Todas
as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou
aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se
supõem “descobrir” o futuro. A consulta aos horóscopos, a astrologia, a
quiromancia (leitura das mãos), a interpretação de presságios e da
sorte, os fenômenos de visão (bolas de cristais), o recurso a médiuns
escondem uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e
finalmente sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para
si os poderes ocultos. Estas práticas contradizem a honra e o respeito
que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus” (N° 2116).
”O
espiritismo implica freqüentemente práticas de adivinhação ou de magia.
Por isso a Igreja adverte os fiéis a evitá´lo” (N° 2117).
Os
católicos que se deram a essas práticas condenadas pela Igreja podem e
devem abandona-las com urgência. Devem procurar um sacerdote, fazer uma
confissão clara dos seus pecados e prometer a Deus nunca mais se dar a
essas práticas.
É preciso também destruir todo material (livros, imagens, gravuras, vestes, etc) usadas e consagradas nesses cultos.
O
pecado dessas práticas é contra o primeiro mandamento da Lei de Deus:
“Amar a Deus sobre todas as coisas”. A gravidade está no fato da pessoa
ir buscar poder, fama, dinheiro, consolação, etc, num lugar e numa
prática não permitida por Deus e pela Igreja. Isto ofende a Deus.
Essas
práticas eram usadas na Mesopotâmia antiga, no Egito, entre os povos de
Canãa, enfim, entre os pagãos, e eram terminantemente proibidas por
Deus ao seu povo.
Parece
que hoje, grande parte do povo, volta ao paganismo e às suas práticas
idolátricas. Isto nega o Cristianismo. A Igreja, como Mãe bondosa e
cautelosa não quer que os seus filhos se percam.
Prof. Felipe Aquino
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