O MELHOR LIVRO DE EDUCAÇÃO SEXUAL DO MUNDO.
Se vamos falar de sexo, vamos falar mesmo!
No ano que vem, o meu livro preferido de educação sexual completa 30 anos: “The Christian Meaning of Human Sexuality” [O sentido cristão da sexualidade humana], do pe. Paul Quay, SJ.
O padre Quay nasceu em Arkansas, nos Estados Unidos, em 1924. Entrou na
Companhia de Jesus em 1º de setembro de 1946 e foi ordenado sacerdote
em 11 de junho de 1961. Fez um ano de pesquisa de pós-doutorado em
Física na Case Institute of Technology e deu aula de Física e Teologia
na Universidade de St. Louis durante 14 anos. Em 1981 retornou a
Chicago, onde morreu, em 10 de outubro de 1994, aos 70 anos, na
Universidade de Loyola.
Os estudos do pe. Quay nas áreas da Teologia e da Física ajudam a explicar por que o seu livro sobre sexualidade
é tão poderoso. Apesar de ter pouco mais que uma centena de páginas,
ele contém tudo o que um cristão, ou qualquer pessoa racional, precisa
saber sobre a sexualidade humana.
Isto não quer dizer que não
há surpresas no livro. Quando eu o descobri, anos atrás, fiquei surpreso
com duas coisas: com o destemor do pe. Quay em afirmar o óbvio sobre o
corpo humano e seu simbolismo, e com a sua sabedoria quanto à conexão
entre o sexo e o divino. O capítulo "Relação sexual: o mundo natural do
amor" deveria ser leitura obrigatória em todos os colégios, católicos ou
não.
Os libertinos e laicistas estão sempre criticando quem fica envergonhado com a sexualidade humana. O corpo humano é belo e o sexo é natural, dizem eles: não devemos ter medo deles.
E não devemos mesmo, concorda o pe. Quay. Mas, se vamos falar de sexo,
vamos falar de verdade! O corpo humano tem algum simbolismo? Cada
movimento e cada gesto nosso indica que sim. O livro do pe. Quay é
lírico, mas é também contundente: os nossos órgãos genitais têm um
significado simbólico e espiritual.
Os órgãos genitais do
homem estão fora do seu corpo: são "externos e voltados para o
exterior", diz o texto. Esta realidade corresponde ao desejo do homem de
agir sobre o que é externo a ele próprio: "toda a sua vida manifesta a
sua necessidade interna de tomar a iniciativa". No entanto, essa
natureza do homem, voltada ao externo, implica que ele pode gerar filhos
com várias mulheres, até mesmo centenas. Em termos estritamente
biológicos, portanto, a sociedade não precisa do homem individual da
mesma forma como precisa de cada mulher individualmente. Sendo assim, um
ponto-chave do casamento é não apenas dar estabilidade aos filhos, mas
ensinar o altruísmo aos homens: essa natureza masculina, que tende ao
externo, eles têm de aprender a canalizar para o cuidado e carinho de
apenas uma pessoa, a esposa, e, quando vierem, aos filhos.
Ao
contrário do homem, a genitália feminina é interior. A mente da mulher
pode ser tão brilhante quanto a do homem, mas as suas respostas sexuais
são diferentes. Ela é mais lenta para a excitação, mais sensível ao
toque do que à visão. Ainda de modo diferente do homem, ela tem,
literalmente, um espaço vazio em seu interior, no qual uma criança pode
crescer: "ao ter na criança o desejado preenchimento desse vazio central
que, de outra sorte, deve permanecer como parte dela, a mulher é levada
a encontrar na família este ‘centro faltante’ e a achar a sua
realização na educação dos filhos, que serão dignos do seu amor".
As mulheres também são as primeiras e mais importantes transmissoras
dos valores culturais: "a preservação e transmissão da cultura parece
ser universalmente simbolizada pela criança nos braços da mãe, pela
criança em seu colo. Ela é chamada por natureza a nutri-los espiritual e
fisicamente. Assim como o seu corpo precisa de mais e melhores
alimentos quando amamenta, assim também os filhos levam a sua mente a
atrair todos os aspectos mais estáveis e contemplativos da cultura, de
modo a digeri-los e transmiti-los adequadamente aos filhos".
Eu tive a falta de sorte de estudar numa escola católica na década de
1980 e aprender tudo sobre o “sistema de encanamento” envolvido no sexo,
mas não o verdadeiro simbolismo do corpo nem o sentido divino da união
conjugal. Nenhum mapa, gráfico, panfleto feminista ou livro de biologia
poderia captar a realidade do jeito que o pe. Quay a captou.
Na relação sexual, a mulher demonstra uma capacidade de resposta, um
desdobramento, uma centralização da sua atenção no homem. Ela busca,
como uma atitude psicológica permanente, chamar o que há de melhor nele,
não apenas do seu corpo, mas de todos os níveis do seu ser. Da mesma
forma, quando o homem a penetra, ele concentra toda a sua atividade,
toda a sua substância, toda a sua responsabilidade, toda a sua
masculinidade nela. O aspecto mais óbvio da união sexual é o prazer que
ela dá. Mas mesmo esse prazer físico, embora tão intensamente sentido na
carne, simboliza algo que vai além dele mesmo.
Ele simboliza a
nossa desejada união com Deus. Até os pornógrafos clamam a Deus durante
o ato sexual. Mas a pornografia é idolatria: ela trata o sexo como algo
que pode arrancar uma pessoa da solidão própria de um coração que fica
inquieto sem Deus. Ironicamente, são os católicos que entendem isto, que
entendem o verdadeiro simbolismo do ato sexual, que são realistas,
enquanto os pornógrafos e os entusiastas de educação sexual vendem um
mundo de fantasia. O pe. Quay, mostrando mais uma vez a sua genialidade,
sabia disso trinta anos atrás.
Nenhum homem pode dar tudo de
si mesmo para a esposa. Mesmo que pudesse, não deveria: ele pertence a
Deus. Da mesma forma, nenhuma mulher pode dar tudo de si mesma ao
marido, nem é dona dele. Eles se amam, são vinculados um ao outro, mas
só Deus os possui realmente e pode reivindicar o amor total de cada um
deles. A união total com alguém que não é Deus é impossível. E, se
fosse, seria idolatria, dando à criatura o estado do divino. Por outro
lado, só Deus pode tomar posse plena de qualquer pessoa sem a destruir
ou degradar.
O livro do pe. Quay é desesperadamente necessário
em nossa cultura atual. A editora bem que poderia produzir uma edição
de aniversário...
Mark Judge
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