terça-feira, 17 de junho de 2014

NO SEU ABANDONO.




Que me desculpe os gramáticos de plantão, mas assim como Rubem Alves sou não somente um educador, mas um contador de estórias, isso mesmo, com E , não com H, um dia nos entenderão.
Hoje contarei a estória de um pequeno vilarejo da Serra da Canastra em Minas Gerais. Aconteceu lá uma grande festa, muitos convidados, e o seu Quinzinho não podia faltar. Seu Quinzinho tinha muita empatia com toda a população do vilarejo e se não fosse convidado para a grandiosa festa poderia haver uma revolta com o povo mais simples. Seu Quinzinho sempre gostou de festas, pois era uma ótima oportunidade de poder partilhar as guloseimas  com vossos irmãos.
Chegando lá na festa seu lugar já havia sido escolhido, um local bem longe da mesa principal, é tão ruim quando deixamos as pessoas escolherem para nós, parece que perdemos nossa identidade, é frustrante, mas o sentimento de humildade falou mais alto e o Seu Quinzinho resolveu aceitar seu lugar ali mesmo.
Começaram a servir os aperitivos e os coquetéis para os convidados, chegava na mesa do Seu Quinzinho  sempre acabava propositalmente e nunca mais retornavam. Os convidados das mesas ao lado começaram a caçoar do humilde homem e Seu Quinzinho foi ficando envergonhado, constrangido, mas agüentou firme a mais essa provação.
Chega a tão esperada hora de servir o bolo da festa, todos esperam o bolo, uns pegam mais e nem comem, deixam de lado, quando chega a vez da mesa onde Seu Quinzinho estava sentado,o dono da festa com ar arrogante diz que o bolo acabou. Seu Quinzinho engole a saliva, sua voz fica embargada, suas pupilas dilatam, o rubor toma conta de sua face, acabará de ser fruto da maldade humana, mas precisamente da inveja, invejavam um homem que não possuía bens materiais algum, mas era sincero, transparente, honesto e da qual o povo gostava muito. Seu Quinzinho lembra da maldade da qual Jesus Cristo foi vitimado sem merecimento e isso lhe dá força para levantar dali e caminhar até a viela do vilarejo onde ficava seu casebre.
Chegando em casa pôs-se em oração, nenhum conselho de um amigo que estava na festa, ninguém veio procurá-lo , nenhuma testemunha a seu favor naquele “julgamento injusto”. Seu Quinzinho perguntava-se por que jogaram frutos da maldade e da inveja no meu quintal?
É preciso pedir ajuda ao Médico dos médicos , para tocar nas feridas que sangram, nas seqüelas doloridas  de tanto açoite, tanta humilhação. Na oração Seu Quinzinho lembra de seu falecido pai, que partiu quando ele era tão novo, queria naquele momento um colo de pai que não possui mais, pois agora experimenta a eternidade, eu queria ir na sua casa, gritar, chorar, falar muito, confessar seus medos, suas perseguições, seus sofrimentos, mas ele não está mais aqui. Seu Quinzinho aprendeu com seus sofrimentos a ser uma pessoa paciente , tem delegado ao tempo o poder de apagar tudo que ele havia feito de errado e que fizeram com ele.
Seu Quinzinho confessa que se encontra num frio e solitário labirinto, e que a cada virada pelos paredões do labirinto uma surpresa desagradável , às vezes pensa em desistir, o desânimo o consome.
Na festa deixei que escolhesse o meu lugar, fiquei passivamente aceitando aquilo, mas precisamos tomar cuidado com escolhas que não estão embasadas no Amor de Cristo, como aquela, ela nos coloca num emaranhado de difícil saída. Deixei que as pessoas entrassem pela “porta” da minha vida , quando fui tentar fechar já haviam levado trinco, fechadura, chave e porta, não sou mais dono de quem entra e quem sai da minha vida, reflete seu Quinzinho em conversa íntima  com o Pai.
Seu Quinzinho diz, resta-me agora reconstruir todo o estrago causado na “porta” da minha vida novamente, e com mais esse dolorido aprendizado, ser seu principal guardião, mas não esquecer que o carpinteiro da minha porta será Jesus Cristo.

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