Que me desculpe os gramáticos de plantão, mas assim como
Rubem Alves sou não somente um educador, mas um contador de estórias, isso
mesmo, com E , não com H, um dia nos entenderão.
Hoje contarei a estória de um pequeno vilarejo da Serra da
Canastra em Minas Gerais. Aconteceu lá uma grande festa, muitos convidados, e o
seu Quinzinho não podia faltar. Seu Quinzinho tinha muita empatia com toda a
população do vilarejo e se não fosse convidado para a grandiosa festa poderia
haver uma revolta com o povo mais simples. Seu Quinzinho sempre gostou de
festas, pois era uma ótima oportunidade de poder partilhar as guloseimas com vossos irmãos.
Chegando lá na festa seu lugar já havia sido escolhido, um
local bem longe da mesa principal, é tão ruim quando deixamos as pessoas
escolherem para nós, parece que perdemos nossa identidade, é frustrante, mas o
sentimento de humildade falou mais alto e o Seu Quinzinho resolveu aceitar seu
lugar ali mesmo.
Começaram a servir os aperitivos e os coquetéis para os convidados,
chegava na mesa do Seu Quinzinho sempre
acabava propositalmente e nunca mais retornavam. Os convidados das mesas ao
lado começaram a caçoar do humilde homem e Seu Quinzinho foi ficando
envergonhado, constrangido, mas agüentou firme a mais essa provação.
Chega a tão esperada hora de servir o bolo da festa, todos
esperam o bolo, uns pegam mais e nem comem, deixam de lado, quando chega a vez
da mesa onde Seu Quinzinho estava sentado,o dono da festa com ar arrogante diz
que o bolo acabou. Seu Quinzinho engole a saliva, sua voz fica embargada, suas
pupilas dilatam, o rubor toma conta de sua face, acabará de ser fruto da
maldade humana, mas precisamente da inveja, invejavam um homem que não possuía
bens materiais algum, mas era sincero, transparente, honesto e da qual o povo
gostava muito. Seu Quinzinho lembra da maldade da qual Jesus Cristo foi
vitimado sem merecimento e isso lhe dá força para levantar dali e caminhar até
a viela do vilarejo onde ficava seu casebre.
Chegando em casa pôs-se em oração, nenhum conselho de um
amigo que estava na festa, ninguém veio procurá-lo , nenhuma testemunha a seu
favor naquele “julgamento injusto”. Seu Quinzinho perguntava-se por que jogaram
frutos da maldade e da inveja no meu quintal?
É preciso pedir ajuda ao Médico dos médicos , para tocar nas
feridas que sangram, nas seqüelas doloridas
de tanto açoite, tanta humilhação. Na oração Seu Quinzinho lembra de seu
falecido pai, que partiu quando ele era tão novo, queria naquele momento um
colo de pai que não possui mais, pois agora experimenta a eternidade, eu queria
ir na sua casa, gritar, chorar, falar muito, confessar seus medos, suas
perseguições, seus sofrimentos, mas ele não está mais aqui. Seu Quinzinho
aprendeu com seus sofrimentos a ser uma pessoa paciente , tem delegado ao tempo
o poder de apagar tudo que ele havia feito de errado e que fizeram com ele.
Seu Quinzinho confessa que se encontra num frio e solitário
labirinto, e que a cada virada pelos paredões do labirinto uma surpresa
desagradável , às vezes pensa em desistir, o desânimo o consome.
Na festa deixei que escolhesse o meu lugar, fiquei
passivamente aceitando aquilo, mas precisamos tomar cuidado com escolhas que
não estão embasadas no Amor de Cristo, como aquela, ela nos coloca num
emaranhado de difícil saída. Deixei que as pessoas entrassem pela “porta” da
minha vida , quando fui tentar fechar já haviam levado trinco, fechadura, chave
e porta, não sou mais dono de quem entra e quem sai da minha vida, reflete seu
Quinzinho em conversa íntima com o Pai.
Seu Quinzinho diz, resta-me agora reconstruir todo o estrago
causado na “porta” da minha vida novamente, e com mais esse dolorido
aprendizado, ser seu principal guardião, mas não esquecer que o carpinteiro da
minha porta será Jesus Cristo.
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