COMO VIVER UMA BOA SEMANA SANTA?
Entenda
a importância da Semana Santa e saiba como preparar seu coração para
acompanhar Jesus em sua Paixão, Morte e Ressurreição.
A vida é uma celebração. Tudo nela tem traços de alegria e festa, desde
que nascemos até que morremos – daí que diversas culturas acompanhem os
rituais de exéquias com danças. Os acontecimentos são acompanhados de
comida e bebida para todos os convidados, exaltando, com isso, o fato
que toca diretamente o coração. Ainda que tais momentos sejam
acompanhados de certos rituais e logísticas próprios, nunca podemos
esquecer o essencial, para não nos distrairmos com o acessório.
Por isso, independente da forma como se comemora, é importante conhecer
o que se está celebrando. Não pode existir uma verdadeira comemoração
quando não há conhecimento do fato celebrado.
Nestes dias, a
Igreja se prepara para celebrar o acontecimento que marcou a história do
início da sua evangelização: a Páscoa de Cristo, ou seja, a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Resumimos estes fatos em uma semana que costumamos chamar de “Semana Santa”.
Nela, fazemos um percurso pelos últimos acontecimentos vividos por Jesus
antes de morrer na cruz e ressuscitar para a nossa salvação.
Certamente, é um período utilizado por muitos para descansar e passear,
mas os que têm fé no Senhor Jesus são convidados a unir-se a Ele na contemplação do seu mistério redentor.
A razão pela qual muitas vezes não entendemos o caráter de uma
comemoração qualquer se deve a que não conhecemos o homenageado ou não
assimilamos, em nossa consciência emocional, o motivo que nos reúne para
celebrar.
Em outras palavras, às vezes sabemos o que se
comemora, mas nem sempre amamos o celebrado. Em uma festa qualquer, por
exemplo, existem os convidados e possivelmente alguns “convidados dos
convidados”, que talvez nem conheçam o homenageado.
Celebrar a Semana Santa
não é simplesmente reunir-nos como uma massa humana sem forma alguma,
na qual as pessoas se encontram por acaso para seguir, cada dia, certos
ritos que nem sempre são compreendidos por todos os presentes.
Para celebrar a Semana Santa, é preciso entender o que acontece nela. E, para entendê-la, é preciso amar Jesus: somente assim poderemos nos unir a Ele em um percurso de amor durante os últimos dias da sua vida mortal em nossa terra.
Quem não consegue entender este tipo de coisas só presta atenção nos
aspectos secundários, descuida do essencial e acaba esquecendo o mais
importante. Muitas vezes se considera que o que importa é a quantidade
de ramos que enfeitam a igreja ou que são usados pelas pessoas durante a
procissão do Domingo de Ramos. Alguns acham que, se não forem tocados
por alguma gotinha da água benta aspergida pelo padre, não estarão
recebendo a bênção.
Outros acreditam que é “necessário”
visitar sete monumentos na Quinta-Feira Santa como uma espécie de
“passeio religioso”, quando, na verdade, o que importa é velar em oração
diante da presença de Jesus sacramentado, recordando a
noite de Getsêmani, quando Ele nos convidou a velar e orar com Ele. É
importante permanecer na própria comunidade paroquial, orando em
comunidade junto a Jesus.
Pensamos que o
necessário é fazer uma representação teatral da Via Sacra, mostrando
feridas e sangue em um longo, longo caminho da cruz, para que esta possa
ter mais valor salvador. Achamos que a ornamentação das igrejas e a
qualidade artística dos arranjos florais do domingo de Páscoa são um dos
elementos mais importantes na hora de celebrar os mistérios da nossa
salvação.
Pior ainda é considerar que tudo tem seu final na sepultura de Cristo,
como quando todos voltam para casa depois de um enterro, lamentando-se
pela morte do inocente, e esquecendo que uma comemoração da Semana Santa é inconclusa quando não participamos da Vigília Pascal, que é quando
exaltamos e proclamamos que o Senhor está vivo e que sua presença é uma
realidade em nossas comunidades.
Mas de que adianta enfeitar
sem celebrar ou celebrar sem entender? Por que acentuar o sentido das
nossas celebrações no meramente exterior, como a procissão, as velas, o
coral...?
As grandes celebrações da Semana Santa
são, sem dúvida alguma: a Eucaristia da Última Ceia, na Quinta-Feira
Santa, quando recordamos a instituição da Eucaristia, a instituição do
mandamento do amor e a instituição do sacerdócio
católico; o Sábado Santo à noite, quando temos a monumental Vigília
Pascal (conhecida como a mãe de todas as celebrações litúrgicas); e isso
sem falar das celebrações do Domingo de Ramos e do domingo da
Ressureição, que, como se sabe, sempre contam como encontros aos quais
não podemos faltar.
Não enfatizemos a beleza dos monumentos,
nem a procissão da Via Sacra, nem a ornamentação do Santo Sepulcro, nem o
sermão das sete palavras. Todos estes encontros comunitários fazem
parte da piedade popular e enriquecem a vida espiritual, mas o que
verdadeiramente se celebra são os momentos antes mencionados.
Recordando a Morte de Jesus, celebramos o amor de Deus. Comemorando sua Ressurreição, exaltamos a divindade de Cristo.
Que a nossa Semana Santa
seja realmente “santa”, e que todas as atividades das quais
participemos nela nos tragam frutos de bênção e salvação. Quando a
entendemos, nós a celebramos; e quando a celebramos, nós as aproveitamos
melhor espiritualmente.
Juan Ávila Estrada
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