Santo Tomás de Aquino, ao analisar a paixão de Cristo, o Seu
sofrimento, o Seu amor e tudo quanto Ele teve de suportar em Sua
humanidade, chega à conclusão de que Cristo sofreu mais por Sua
compaixão que por Sua paixão:
"A dor da compaixão foi maior que a da paixão e o motivo é que: 1. a caridade, com a qual ele sofria os nossos males, era preponderante sobre o equilíbrio do seu complexo psicofísico, com o qual sofria pela sua paixão; 2. além disto, para ele era mais preciosa a honra divina, que fora ofendida pelas nossas culpas, por quanto dependia de nós, do que a sua vida física; e, como sinal disto, suportou aquela dor a fim de eliminar esta [ofensa]." [1]
"A dor da compaixão foi maior que a da paixão", isto é, o sofrimento
que Ele experimentou em sua humanidade não foi tão grande quanto aquele
que sofreu movido pela caridade, pelo amor por nós. Jesus sofreu ao
ver-nos perdidos e abandonados no pecado. Por isso, em Sua compaixão
infinita, "desceu aos infernos" de nossa miséria; como Bom Pastor,
desceu conosco ao "vale da sombra da morte" [2].
Eis o grande dom da Páscoa. Cristo entra nos cenáculos de nossa vida e
deseja: "A paz esteja convosco!" [3]. Apaziguando os nossos corações,
Ele diz que não precisamos ter medo. O Bom Pastor deu a vida por suas
ovelhas, desceu ao vale tenebroso para resgatar-nos; em sua grande
compaixão, Ele – que não precisava – sofreu a paixão de suas ovelhas; e,
agora, Ele mesmo carrega-nos em seu regaço.
Eis a vitória da Páscoa, a paz que podemos encontrar no coração de
Cristo. "Se morremos com Cristo, cremos que viveremos também com ele
[4]": se com Ele descemos ao "vale da sombra da morte", agora temos a
esperança de estar com Ele, um dia, na glória do Céu.
Referências
Comentário sobre as Sentenças, Livro 3, Distinção 15, Explicação do texto
- Sl 22 (23), 4 - Lc 24, 36; Jo 20, 19 - Rm 6, 8
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