sexta-feira, 25 de abril de 2014

A INVEJA E SEU PODER DE DESTRUIÇÃO.

A inveja está relacionada à tristeza que sentimos pelo bem alheio, ou seja, ficamos amargurados quando os outros se dão bem na vida.

Existe uma percepção muito básica nas pessoas: muitos dos males são produzidos pela inveja de outros. Por trás disso, há uma questão de superstição, mas não deixa de ter um fundo de verdade.
Apresento, a seguir, algumas reflexões a partir do pensamento de São Tomás de Aquino. Ele é muito realista em suas considerações e oferece exemplos bem práticos.

O que é a inveja?

A inveja tem a ver com a tristeza que o bem alheio produz, ou seja, ficamos amargurados quando os outros se dão bem na vida.
Pode haver dois tipos de situação. Por um lado, alguém com quem não simpatizamos assume um cargo de muita importância, por exemplo, ganhando as eleições. Então eu fico triste, porque tenho certeza de que isso me trará más consequências.
Isso não é inveja propriamente dita, e sim um temor ou medo dos danos que possam ser ocasionados a mim ou aos meus entes queridos, com o poder que tal pessoa adquiriu.

A inveja tem a ver com a questão de que alguém próximo a mim progrediu materialmente ou ganhou um cargo melhor em seu trabalho, por exemplo.
Então, esse fato bom que ocorreu, e que não tem necessariamente consequências negativas para mim, me dá tristeza. Esta tristeza é a inveja, que fez um ninho no meu coração.
Destes dois exemplos também podemos tirar uma consequência: a inveja se dá entre iguais. Eu não sinto inveja do governador porque ele ganhou as eleições, porque isso está muito acima das minhas aspirações. Mas posso sentir inveja do meu amigo, colega de trabalho, primo, vizinho, porque eles alcançaram algo que eu ainda não alcancei.

Por este motivo, é preciso estar muito atentos a este sentimento em nosso coração: ele não apenas amarga a própria vida, senão que nos leva a agir mal entre os que nos cercam, destruindo toda relação de confiança.

Às vezes, a inveja pode vir porque sonhamos com coisas que estão muito acima das nossas possibilidades. E não podemos alcançá-las porque não temos capacidade pessoal suficiente.
Quando percebemos que os sonhos são apenas sonhos, e vemos alguém perto de nós progredindo em algo, então nos entristecemos por isso, devido aos nossos complexos pessoais.
A inveja também pode se manifestar como alegria no coração. Mas esta alegria não é boa, senão que produz o mal padecido pela pessoa a quem invejamos.

A inveja produz algum efeito espiritual em nossa alma?

A inveja é um pecado mortal: mata a vida de Deus dentro de nós. Por quê? Porque é o contrário da caridade, do amor ao próximo – que é o centro da mensagem cristã.
A caridade busca o bem do próximo, procura não ofendê-lo, ajuda-o a crescer no bem. A inveja, ao contrário, se entristece quando ele se dá bem e se alegra quando ele se dá mal. Ser invejoso, portanto, não é próprio de cristãos maduros na fé.

Existe algum tipo de “inveja boa”?

Podemos sentir tristeza pelo bem alheio, não pelo fato de o outro o possuir, mas pelo fato de isso nos faltar. Se isso é sobre bens honestos, é até saudável sentir esta “inveja”, porque tal sentimento nos motivará a buscar crescer no bem.
É muito bom, por exemplo, “invejar” os santos, porque eles realizaram muitas obras boas; e, como fruto desta “inveja”, podemos procurar crescer nas virtudes. 

 

 

 

Padre Fabián

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