sábado, 26 de abril de 2014

COMO POSSO APRENDER A PERDOAR?

Entenda por que pedir perdão nos faz crescer como pessoas e nos torna maiores, mais valiosos.

 

 Como é difícil pedir perdão! Sentimos que perdemos algo, que deixamos de ter influência. Parece duro demais reconhecer nossa responsabilidade e nossa parte de culpa. Sentimos medo de ser rejeitados, ao mostrar-nos frágeis.
Mas o que ocorre é exatamente o contrário: pedir perdão nos faz crescer como pessoas, nos torna maiores, mais valiosos.

Vale a pena perguntar-se: A quem e por que coisa eu precisaria pedir perdão? Certamente, há pessoas que não simpatizam comigo, que evitam minha companhia, que se afastam quando eu chego.
Talvez haja pessoas com as quais convivemos e que em algum momento já ferimos, e não pedimos perdão. É difícil pedir perdão ao marido, à esposa, por exemplo. E às vezes o fazemos só para evitar mais problemas, mas não de coração.
Como é saudável aprender a pedir perdão! Ainda que possa nos parecer humilhante. Neste ato de generosidade e bondade, estaremos sendo grandes, estaremos plantando sementes de eternidade.
Ao pedir perdão, podemos também ter a felicidade de ser perdoados. O perdão nos faz muito bem, nos purifica, nos dignifica. Somos perdoados e podemos voltar a começar.
Quando recebemos o perdão, Deus faz uma festa no céu. Escutamos do mais alto: “Tu és o meu filho amado, meu predileto”. Quando aprendemos a pedir perdão às pessoas, torna-se mais fácil pedir perdão a Deus.
Atualmente, as pessoas sentem dificuldade para se confessar porque se acostumaram, em seus relacionamentos, a não pedir perdão, a não reconhecer o erro e a culpa. Por isso, é tão bom pedir perdão a Deus pelas nossas más atitudes, atos e omissões. Porque nos faz bem pedir perdão e receber este abraço de Deus na alma.
Mas é necessário, ao mesmo tempo, purificar a nossa memória, as lembranças da alma. Às vezes, vemos nossa história e pensamos que não temos nada contra ninguém, que estamos em paz com todos.
A realidade é que, ao longo da nossa vida, fomos ofendidos e feridos. Nossa memória está machucada. Basta olhar um pouco para o passado, para que as feridas e rancores venham à luz.
Faça silêncio no seu coração e pergunte-se: Quem já me ofendeu? Quem falou mal de mim? Quem me desprezou e evitou estar comigo? Por quem guardo rancor na alma? Quem me ofendeu com palavras e gestos? Quem não me agradeceu pelos favores que fiz?

Nossa memória guarda no coração tudo isso que aconteceu. E o guarda gravado com sangue e fogo. Por isso, quando subitamente deixamos aflorar o que há no mais profundo de nós, voltamos a sentir a frustração, a dor, a ofensa, como se aqueles fatos tivessem acabado de acontecer.

Sim, temos inimigos e eles têm rostos concretos. Talvez eles nem saibam que são nossos inimigos ou que nos machucaram; ou pensam que já esquecemos tudo e os perdoamos. Mas a verdade é que nossa alma ainda dói ao sentir-nos feridos e ao saber que outras pessoas também foram feridas pelas nossas palavras e atos.
Deus nos ensina a perdoar, mas não é tão fácil. Porque o coração grava essas lembranças com fogo na pele da alma. As feridas parecem não se apagar, o sangue não desaparece. A dor continua. Não é tão simples assim.
Será que o orgulho nos impede de virar a página? Temos medo de voltar a ser feridos e isso não nos permite esquecer totalmente o que aconteceu, como forma de proteção? Precisamos perdoar para voltar a percorrer os caminhos já trilhados. É o desafio de aprender a dar perdão e ser misericordiosos. E é um mistério.
Um gesto de perdão da nossa parte abre para nós o coração daquele que foi perdoado. Mas muitas vezes não somos capazes de perdoar e esquecer. Se não o fizermos, jamais poderemos voltar a viver com liberdade. Teremos medo da dor. Pensaremos na ferida e nos assustará a ideia de que ela possa voltar a ser aberta. Mas como se perdoa? Esta é uma graça que precisamos pedir, porque sozinhos não sabemos como fazê-lo.
É preciso recordar que o perdão de Deus nos cura, nos liberta, nos levanta. Deus perdoa sempre e esquece sempre. Ele acredita em nós, na bondade do nosso coração, e não se deixa confundir pelo nosso pecado. Isso é um mistério, um dom, uma graça que recebemos de joelhos. Sua misericórdia tem de nos ajudar a ser misericordiosos com os que nos ofendem.
  Mas como é difícil perdoar! Guardamos as ofensas. Dizemos que perdoamos e depois de pouco tempo jogamos as mágoas na cara das pessoas e não esquecemos. A ferida continua sangrando e não somos capazes de perdoar e esquecer, como Deus faz.

Deus sim nos perdoa e não guarda rancor, não o alimenta, simplesmente esquece. Ele sabe que somos muito mais valiosos que a ofensa que cometemos. Somos seus filhos. Feitos à sua imagem e semelhança. Deus nos perdoa para que nós aprendamos a perdoar com um coração alegre.
Às vezes, ao perdoar, queremos que a pessoa que os ofendeu faça algo a mais, que nos restitua algo, que cure a ferida causada. Queremos atos que restabeleçam a justiça e a paz. Queremos que nos dê algo em troca do nosso perdão.
E então, quando isso não acontece, não perdoamos, porque nos parece injusto, porque nos sentimos novamente ofendidos. Outras vezes, simplesmente queremos que aquele que nos ofendeu mude, melhore, não volte a cometer jamais o mesmo erro.
Mas o perdão nunca pode ser dado de maneira condicionada. Algo que pode ajudar a curar as feridas é o fato de orar por quem nos ofendeu e tentar colocar-nos no seu lugar. Ou perdoamos ou não perdoamos, mas não podemos perdoar com condições.

Quando nos pedem perdão, precisamos ser generosos e ajudar a outra pessoa a não se sentir mal. Sejamos amáveis, acolhedores. Nesse momento, quem pede perdão está em uma situação de inferioridade.

Por outro lado, quando nos pedem perdão, esta cicatriz que a ofensa deixou no nosso coração, às vezes pode ser apagada, e às vezes não. Ela pode permanecer e fazer parte da nossa vida.

De fato, nosso coração será um coração com cicatrizes, porque será um coração que amou e sofreu. Mostremos estas cicatrizes a Deus como expressão da nossa fragilidade. Em última instância, queremos aprender a perdoar como Deus perdoa.
Jesus não pediu ao bom ladrão que se arrependesse pelos seus maus atos. O pai da parábola do filho pródigo não exigiu do filho que se arrependesse e mudasse de atitude antes de oferecer-lhe uma festa pela sua volta.
Deus é assim, E assim nós estamos chamados a ser também. Ainda que nos pareça impossível, ou até injusto.
Mas como será que Maria perdoava as ofensas? Como Jesus perdoou os que o matavam e os que zombavam dele aos pés da cruz? Peçamos a graça de ser como eles.

O perdão é generoso, liberta, engrandece quem o oferece e cura quem o recebe.

Vale a pena tentar!

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