COMO POSSO APRENDER A PERDOAR?
Entenda por que pedir perdão nos faz crescer como pessoas e nos torna maiores, mais valiosos.
Como é difícil pedir perdão! Sentimos que perdemos
algo, que deixamos de ter influência. Parece duro demais reconhecer
nossa responsabilidade e nossa parte de culpa. Sentimos medo de ser
rejeitados, ao mostrar-nos frágeis.
Mas o que ocorre é exatamente o contrário: pedir perdão nos faz crescer como pessoas, nos torna maiores, mais valiosos.
Vale a pena perguntar-se: A quem e por que coisa eu precisaria pedir perdão? Certamente, há pessoas que não simpatizam comigo, que evitam minha companhia, que se afastam quando eu chego.
Talvez haja pessoas com as quais convivemos e que em algum momento já ferimos, e não pedimos perdão. É difícil pedir perdão ao marido, à esposa, por exemplo. E às vezes o fazemos só para evitar mais problemas, mas não de coração.
Como é saudável aprender a pedir perdão!
Ainda que possa nos parecer humilhante. Neste ato de generosidade e
bondade, estaremos sendo grandes, estaremos plantando sementes de
eternidade.
Ao pedir perdão, podemos também ter a felicidade de ser perdoados. O perdão nos faz muito bem, nos purifica, nos dignifica. Somos perdoados e podemos voltar a começar.
Quando recebemos o perdão, Deus faz uma festa no céu. Escutamos do mais alto: “Tu és o meu filho amado, meu predileto”. Quando aprendemos a pedir perdão às pessoas, torna-se mais fácil pedir perdão a Deus.
Atualmente, as pessoas sentem dificuldade para se confessar porque se acostumaram, em seus relacionamentos, a não pedir perdão, a não reconhecer o erro e a culpa. Por isso, é tão bom pedir perdão a Deus pelas nossas más atitudes, atos e omissões. Porque nos faz bem pedir perdão e receber este abraço de Deus na alma.
Mas é necessário, ao mesmo tempo, purificar a nossa memória, as
lembranças da alma. Às vezes, vemos nossa história e pensamos que não
temos nada contra ninguém, que estamos em paz com todos.
A
realidade é que, ao longo da nossa vida, fomos ofendidos e feridos.
Nossa memória está machucada. Basta olhar um pouco para o passado, para
que as feridas e rancores venham à luz.
Faça silêncio no seu
coração e pergunte-se: Quem já me ofendeu? Quem falou mal de mim? Quem
me desprezou e evitou estar comigo? Por quem guardo rancor na alma? Quem
me ofendeu com palavras e gestos? Quem não me agradeceu pelos favores
que fiz?
Nossa memória guarda no coração tudo isso que
aconteceu. E o guarda gravado com sangue e fogo. Por isso, quando
subitamente deixamos aflorar o que há no mais profundo de nós, voltamos a
sentir a frustração, a dor, a ofensa, como se aqueles fatos tivessem
acabado de acontecer.
Sim, temos inimigos e eles têm rostos
concretos. Talvez eles nem saibam que são nossos inimigos ou que nos
machucaram; ou pensam que já esquecemos tudo e os perdoamos. Mas a
verdade é que nossa alma ainda dói ao sentir-nos feridos e ao saber que
outras pessoas também foram feridas pelas nossas palavras e atos.
Deus nos ensina a perdoar,
mas não é tão fácil. Porque o coração grava essas lembranças com fogo
na pele da alma. As feridas parecem não se apagar, o sangue não
desaparece. A dor continua. Não é tão simples assim.
Será que o
orgulho nos impede de virar a página? Temos medo de voltar a ser
feridos e isso não nos permite esquecer totalmente o que aconteceu, como
forma de proteção? Precisamos perdoar para voltar a percorrer os caminhos já trilhados. É o desafio de aprender a dar perdão e ser misericordiosos. E é um mistério.
Um gesto de perdão da nossa parte abre para nós o coração daquele que foi perdoado. Mas muitas vezes não somos capazes de perdoar e esquecer. Se não o fizermos, jamais poderemos voltar a viver com liberdade. Teremos medo da dor. Pensaremos na ferida e nos assustará a ideia de que
ela possa voltar a ser aberta. Mas como se perdoa? Esta é uma graça que
precisamos pedir, porque sozinhos não sabemos como fazê-lo.
É preciso recordar que o perdão
de Deus nos cura, nos liberta, nos levanta. Deus perdoa sempre e
esquece sempre. Ele acredita em nós, na bondade do nosso coração, e não
se deixa confundir pelo nosso pecado. Isso é um mistério, um dom, uma
graça que recebemos de joelhos. Sua misericórdia tem de nos ajudar a ser
misericordiosos com os que nos ofendem.
Mas como é difícil perdoar!
Guardamos as ofensas. Dizemos que perdoamos e depois de pouco tempo
jogamos as mágoas na cara das pessoas e não esquecemos. A ferida
continua sangrando e não somos capazes de perdoar e esquecer, como Deus faz.
Deus sim nos perdoa e não guarda rancor, não o alimenta, simplesmente
esquece. Ele sabe que somos muito mais valiosos que a ofensa que
cometemos. Somos seus filhos. Feitos à sua imagem e semelhança. Deus nos
perdoa para que nós aprendamos a perdoar com um coração alegre.
Às vezes, ao perdoar,
queremos que a pessoa que os ofendeu faça algo a mais, que nos restitua
algo, que cure a ferida causada. Queremos atos que restabeleçam a
justiça e a paz. Queremos que nos dê algo em troca do nosso perdão.
E então, quando isso não acontece, não perdoamos, porque nos parece
injusto, porque nos sentimos novamente ofendidos. Outras vezes,
simplesmente queremos que aquele que nos ofendeu mude, melhore, não
volte a cometer jamais o mesmo erro.
Mas o perdão
nunca pode ser dado de maneira condicionada. Algo que pode ajudar a
curar as feridas é o fato de orar por quem nos ofendeu e tentar
colocar-nos no seu lugar. Ou perdoamos ou não perdoamos, mas não podemos
perdoar com condições.
Quando nos pedem perdão, precisamos ser generosos e ajudar a outra pessoa a não se sentir mal. Sejamos amáveis, acolhedores. Nesse momento, quem pede perdão está em uma situação de inferioridade.
Por outro lado, quando nos pedem perdão,
esta cicatriz que a ofensa deixou no nosso coração, às vezes pode ser
apagada, e às vezes não. Ela pode permanecer e fazer parte da nossa
vida.
De fato, nosso coração será um coração com cicatrizes,
porque será um coração que amou e sofreu. Mostremos estas cicatrizes a
Deus como expressão da nossa fragilidade. Em última instância, queremos
aprender a perdoar como Deus perdoa.
Jesus
não pediu ao bom ladrão que se arrependesse pelos seus maus atos. O pai
da parábola do filho pródigo não exigiu do filho que se arrependesse e
mudasse de atitude antes de oferecer-lhe uma festa pela sua volta.
Deus é assim, E assim nós estamos chamados a ser também. Ainda que nos pareça impossível, ou até injusto.
Mas como será que Maria perdoava as ofensas? Como Jesus perdoou os que o
matavam e os que zombavam dele aos pés da cruz? Peçamos a graça de ser
como eles.
O perdão é generoso, liberta, engrandece quem o oferece e cura quem o recebe.
Vale a pena tentar!
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