sábado, 12 de abril de 2014

DOMINGO DE RAMOS: JESUS ACLAMADO E DEPOIS CRUCIFICADO.

Entenda por que um dos piores inimigos da Igreja é a tentação do poder.


Não somente a antiga tradição das procissões da Semana Santa, mas inclusive o ancestral fenômeno social das manifestações e aclamações públicas têm seu principal paradigma na entrada de Jesus em Jerusalém. Ele entra com humildade, em um jumento.
 
Cristo é aclamado como rei, como o esperado de todos os tempos para satisfazer todas as expectativas do povo de Israel. A Missa do Domingo de Ramos nos recorda esta passagem no início, na procissão de entrada, mas, na Liturgia da Palavra, ouvimos o relato da Paixão.
 
Pouco depois de ser aclamado, as pessoas o insultam, Jesus é flagelado, torturado, recebe uma coroa de espinhos, cospem nele e zombam dele.
 
Igreja de Cristo vive permanentemente o mistério do seu Senhor. Somente quando seus filhos não são fiéis a Ele, conseguem se livrar do mesmo destino, mas também se livram da salvação. Seus filhos, suas instituições, suas obras, todas as suas empresas humanas.
 
Entrar em Jerusalém é fácil. Muitos o fazem. Mas Jesus, antes de entrar, advertiu seus discípulos: Vocês estão dispostos a beber do cálice que eu beberei? (cf. Mt 20, 22). O Evangelho não engana, nem à Igreja, nem ao mundo. Se nos aplaudem, cuidado: prelúdio de perseguição. E se a cruz não chega, vale a pena perguntar-se: será que realmente estamos seguindo Jesus?
 
A maior ameaça para a Igreja não vem de fora, de inimigos externos, mas do seu interior, dos pecados que existem nela, recordou várias vezes Bento XVI. E o Papa Francisco repete isso quase diariamente, quando nos fala da mundanização da Igreja. E um dos piores inimigos da Igreja está na tentação do poder.
 
Entrar hoje na Jerusalém deste mundo globalizado e dividido, descrente e interessado, adulador e trapaceiro, não é fácil. Nem um só compromisso com o poder, e muito menos cair na ilusão de acreditar que nos âmbitos do poder político, econômico ou cultural está a solução para a sórdida rejeição da fé.
 
O único caminho da Igreja é o ser humano, em sua radical pobreza, despojado de todo poder. O único caminho da Igreja está em um amor assim, como o daquele que foi aclamado e depois crucificado; daquele que acolhe, perdoa, que não pretende nada de ninguém, que não ensina partindo do poder, mas da fraqueza.

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