Quantas maravilhas fez conosco o Senhor! Quem poderia enumerar seus feitos? Shalom a todos! Eu sou natural de Belém do Pará (com muita alegria), e venho partilhar neste testemunho da glória de Deus em minha vida a partir de um propósito feito com o Senhor em uma quaresma.
Eu participava na ocasião deste acontecimento de uma pequena comunidade em minha paróquia, e estava nela há pouco tempo. Eu me sentia muito bem na mesma, e viria a passar vários anos engajada. Durante estes meus primeiros momentos nela, entrou lá um irmão de comunidade (que vou chamá-lo aqui apenas de “irmão de comunidade”) ao qual adquiri uma enorme repulsa para com o mesmo, e era algo muito forte. Isto se expressava nos nossos pensamentos serem muito diferentes, em eu não suportar suas idéias, não gostar de nada de seu jeito de ser. Eu o considerava um chato, antipático, chegando a me angustiar até mesmo em ouvir sua voz. Acho que se eu fosse homem teria provocado algumas brigas físicas com ele. É horrível passar por algo assim.
Isto era muito ruim para mim, eu me sentia mal em sentir isto por ele, todavia não podia fazer nada, às vezes isto acontece conosco, o problema era ser algo tão forte. Em alguns momentos, pensando em sair da comunidade, eu via ser uma das grandes vantagens o fato de não precisar mais estar perto dele. No dia a dia, ocorriam várias coisas incoerentes para irmãos em Cristo. Quando ele chegava, eu ia discreta ou indiscretamente pro outro lado da sala. Caso ele já estivesse na sala, eu buscaria um lugar distante. Ele percebia tudo isto, como veio me dizer mais tarde. Na verdade, muitos sentiam isto por ele. Ele era aquele irmão tachado de antipático no meio do grupo. Agora levando em conta que éramos ambos estagiários na comunidade (ela era divida em estagiários, aspirantes e militantes), tínhamos em comum todas as reuniões e trabalhos.
Foi quando a duas semanas para a Quaresma de mil novecentos e noventa e cinco, estando na pregação de preparação, o Senhor veio com mão forte me tocar sobre seu poder e sua vontade. Descobria ali esta sublime realidade da quaresma: um tempo de conversão, mudança de vida. Percebia que Deus utilizava para distribuir sua graça de todo o esforço para voltar até Ele, fossem jejuns, penitências, sacrifício, oração, violência de coração...
Eu já lia alguns livros sobre o assunto, aquela pregação veio então como uma forte experiência de Deus. Em um dado momento o pregador disse: “Veja aquilo que em sua vida você precisa modificar, entregar para Deus. O que é que não é coerente com sua vida de cristão, com seu desejo de santidade”. A primeira coisa que me veio em mente foi a minha situação com o irmãozinho citado. Eu então, acolhi esta inspiração como vontade de Deus: “Meu Deus, se isto é verdade, se o que sua palavra, seus pregadores estão dizendo é verdade, se você pode... então muda isto em mim!”.
Sabendo ser necessária a minha cooperação com a graça de Deus, comecei a lutar contra tudo o que se levantava de orgulho, desejos e vontade contrárias em mim. E Deus, que nunca nos deixa sozinhos, começou a agir me dando forças para todo o exercício de violência de coração necessário. É engraçado perceber que mesmo as ofertas que entregamos a Deus provém das graças que Ele mesmo nos dá. Forte foi sua graça, ainda assim isto não impediu toda a dificuldade e mal estar que era preciso passar para me educar ao amor.
E assim comecei a empreender. Quando chegava em um lugar e ele estava, procurava sentar ao lado dele. Passei a escutar o que ele tinha a falar, passava até bom tempo ouvindo-o. Seria tudo isto muito bom, se não fosse o que se passava dentro de mim. Sentia-me tão mal em sentar do lado dele, que ao sair de perto tinha vontade de sair batendo no que aparecesse à minha frente. Ao ficar ouvindo-o ficava enjoada, chegava em casa irritada sem querer falar com ninguém, respondendo mal quem quer que se reportasse a mim. Esta disciplina me dava irritação, náusea e dor de cabeça, afinal era contra o que eu achava, o que eu queria, o que eu gostava, era contra mim. Só o que podia fazer era “chorando” rezar, pedir a Deus a graça de cumprir o seu chamado.
As minhas amigas do grupo notaram este “estar perto”, e começaram a dizer-me: “Você quer dar uma de boazinha. Quer dar uma de santa”. Isto era muito chato, mas o que poderia fazer? Elas nem imaginavam e eu também não podia dizer. E isto prosseguiu a quaresma toda. Por providência de Deus, os trabalhos começaram a nos pôr lado a lado. Como por exemplo, já pelo fim da quaresma, fomos direcionados a coordenar uma das atividades apostólicas da comunidade. Juntos! “Ai, meu Deus”.
Neste tempo todo, ele praticamente nada mudou. Eu, porém, não podia dizer o mesmo de mim. Passou a quaresma, passou o ano inteiro, e o meu coração havia se transformado sem que eu percebesse. O que era feito por ascese passou a ser por graça, o que era violência de coração passou a ser algo agradável. “Como é que tu o agüentas?” E eu não mais sabia explicar, eu o tinha aceitado do jeito que ele era. Percebia-o como uma bênção, alguém com seus defeitos e suas virtudes, como todos nós temos.
Quando ele saiu da comunidade, no ano seguinte, o sentimento de perda de alguém querido me levou a refletir sobre os acontecimentos, e só então fui perceber o milagre que Deus fizera. Todo aquele meu pecado refletido naquela minha má ação, havia passado, e ele tornara-se alguém próximo, até caro. Alguém de muitas virtudes e qualidades que minha falta de acolhimento não me permitia descobrir. E quem diria, mesmo fora da comunidade continuávamos amigos, e quando nos encontrávamos conversávamos muito.
Neste feito eu não tinha mérito nenhum, nada havia sido heroísmo meu, tudo era graça de Deus. Mesmo sendo difíceis os propósitos que Deus nos dá, abrindo-nos à sua graça, à sua poderosa mão, Ele pode nos mudar, pode tirar de nós as ervas daninhas que há em nosso coração e fazer surgir árvores frondosas de muitos frutos de seu amor.
Deus veio nesta quaresma agora, lembrar-me deste milagre, acho que para neste restante de tempo para a páscoa eu ser fiel aos meus propósitos que ele hoje me chama. Ele a cada ano quer fazer coisas novas e maiores em nossa vida. E Deus ao encontrar abertura de coração agirá. A quaresma é este exercício forte, uma desculpa que Deus tem para nos fazer mergulhar mais forte em sua graça. Precisamos nos habituar a fazer estes exercícios para o amor, para nem precisar ser a quaresma o único tempo de amar, o único tempo de mudar.
Se você realmente quiser o que Deus quer para você, Ele vai lhe dá a graça. Peça e se abra. Este testemunho é a narração de uma história em que por cima dos exercícios de oferta de uma vontade fraca veio a graça de Deus agir retirando o que havia de trevas de vícios e fazendo brotar as graças de seu amor.
Hoje sou missionária consagrada ao meu amado Senhor na Comunidade Católica Shalom por graça e misericórdia de Deus. Peço que rezem por mim, pois houve vários chamados em minha vida que cumpri, mas há muito mais que preciso cumprir. Preciso me abrir mais, acho que em minha vida inteira preciso deste exercício para aceitar as pessoas, a vontade de Deus, a “Vida de Deus” em minha vida.
“Sim, Pai, não é fácil, mas eu desejo, eu quero, eu vou.”(RVSh)
Testemunho dado à Comunidade Shalom
Eu participava na ocasião deste acontecimento de uma pequena comunidade em minha paróquia, e estava nela há pouco tempo. Eu me sentia muito bem na mesma, e viria a passar vários anos engajada. Durante estes meus primeiros momentos nela, entrou lá um irmão de comunidade (que vou chamá-lo aqui apenas de “irmão de comunidade”) ao qual adquiri uma enorme repulsa para com o mesmo, e era algo muito forte. Isto se expressava nos nossos pensamentos serem muito diferentes, em eu não suportar suas idéias, não gostar de nada de seu jeito de ser. Eu o considerava um chato, antipático, chegando a me angustiar até mesmo em ouvir sua voz. Acho que se eu fosse homem teria provocado algumas brigas físicas com ele. É horrível passar por algo assim.
Isto era muito ruim para mim, eu me sentia mal em sentir isto por ele, todavia não podia fazer nada, às vezes isto acontece conosco, o problema era ser algo tão forte. Em alguns momentos, pensando em sair da comunidade, eu via ser uma das grandes vantagens o fato de não precisar mais estar perto dele. No dia a dia, ocorriam várias coisas incoerentes para irmãos em Cristo. Quando ele chegava, eu ia discreta ou indiscretamente pro outro lado da sala. Caso ele já estivesse na sala, eu buscaria um lugar distante. Ele percebia tudo isto, como veio me dizer mais tarde. Na verdade, muitos sentiam isto por ele. Ele era aquele irmão tachado de antipático no meio do grupo. Agora levando em conta que éramos ambos estagiários na comunidade (ela era divida em estagiários, aspirantes e militantes), tínhamos em comum todas as reuniões e trabalhos.
Foi quando a duas semanas para a Quaresma de mil novecentos e noventa e cinco, estando na pregação de preparação, o Senhor veio com mão forte me tocar sobre seu poder e sua vontade. Descobria ali esta sublime realidade da quaresma: um tempo de conversão, mudança de vida. Percebia que Deus utilizava para distribuir sua graça de todo o esforço para voltar até Ele, fossem jejuns, penitências, sacrifício, oração, violência de coração...
Eu já lia alguns livros sobre o assunto, aquela pregação veio então como uma forte experiência de Deus. Em um dado momento o pregador disse: “Veja aquilo que em sua vida você precisa modificar, entregar para Deus. O que é que não é coerente com sua vida de cristão, com seu desejo de santidade”. A primeira coisa que me veio em mente foi a minha situação com o irmãozinho citado. Eu então, acolhi esta inspiração como vontade de Deus: “Meu Deus, se isto é verdade, se o que sua palavra, seus pregadores estão dizendo é verdade, se você pode... então muda isto em mim!”.
Sabendo ser necessária a minha cooperação com a graça de Deus, comecei a lutar contra tudo o que se levantava de orgulho, desejos e vontade contrárias em mim. E Deus, que nunca nos deixa sozinhos, começou a agir me dando forças para todo o exercício de violência de coração necessário. É engraçado perceber que mesmo as ofertas que entregamos a Deus provém das graças que Ele mesmo nos dá. Forte foi sua graça, ainda assim isto não impediu toda a dificuldade e mal estar que era preciso passar para me educar ao amor.
E assim comecei a empreender. Quando chegava em um lugar e ele estava, procurava sentar ao lado dele. Passei a escutar o que ele tinha a falar, passava até bom tempo ouvindo-o. Seria tudo isto muito bom, se não fosse o que se passava dentro de mim. Sentia-me tão mal em sentar do lado dele, que ao sair de perto tinha vontade de sair batendo no que aparecesse à minha frente. Ao ficar ouvindo-o ficava enjoada, chegava em casa irritada sem querer falar com ninguém, respondendo mal quem quer que se reportasse a mim. Esta disciplina me dava irritação, náusea e dor de cabeça, afinal era contra o que eu achava, o que eu queria, o que eu gostava, era contra mim. Só o que podia fazer era “chorando” rezar, pedir a Deus a graça de cumprir o seu chamado.
As minhas amigas do grupo notaram este “estar perto”, e começaram a dizer-me: “Você quer dar uma de boazinha. Quer dar uma de santa”. Isto era muito chato, mas o que poderia fazer? Elas nem imaginavam e eu também não podia dizer. E isto prosseguiu a quaresma toda. Por providência de Deus, os trabalhos começaram a nos pôr lado a lado. Como por exemplo, já pelo fim da quaresma, fomos direcionados a coordenar uma das atividades apostólicas da comunidade. Juntos! “Ai, meu Deus”.
Neste tempo todo, ele praticamente nada mudou. Eu, porém, não podia dizer o mesmo de mim. Passou a quaresma, passou o ano inteiro, e o meu coração havia se transformado sem que eu percebesse. O que era feito por ascese passou a ser por graça, o que era violência de coração passou a ser algo agradável. “Como é que tu o agüentas?” E eu não mais sabia explicar, eu o tinha aceitado do jeito que ele era. Percebia-o como uma bênção, alguém com seus defeitos e suas virtudes, como todos nós temos.
Quando ele saiu da comunidade, no ano seguinte, o sentimento de perda de alguém querido me levou a refletir sobre os acontecimentos, e só então fui perceber o milagre que Deus fizera. Todo aquele meu pecado refletido naquela minha má ação, havia passado, e ele tornara-se alguém próximo, até caro. Alguém de muitas virtudes e qualidades que minha falta de acolhimento não me permitia descobrir. E quem diria, mesmo fora da comunidade continuávamos amigos, e quando nos encontrávamos conversávamos muito.
Neste feito eu não tinha mérito nenhum, nada havia sido heroísmo meu, tudo era graça de Deus. Mesmo sendo difíceis os propósitos que Deus nos dá, abrindo-nos à sua graça, à sua poderosa mão, Ele pode nos mudar, pode tirar de nós as ervas daninhas que há em nosso coração e fazer surgir árvores frondosas de muitos frutos de seu amor.
Deus veio nesta quaresma agora, lembrar-me deste milagre, acho que para neste restante de tempo para a páscoa eu ser fiel aos meus propósitos que ele hoje me chama. Ele a cada ano quer fazer coisas novas e maiores em nossa vida. E Deus ao encontrar abertura de coração agirá. A quaresma é este exercício forte, uma desculpa que Deus tem para nos fazer mergulhar mais forte em sua graça. Precisamos nos habituar a fazer estes exercícios para o amor, para nem precisar ser a quaresma o único tempo de amar, o único tempo de mudar.
Se você realmente quiser o que Deus quer para você, Ele vai lhe dá a graça. Peça e se abra. Este testemunho é a narração de uma história em que por cima dos exercícios de oferta de uma vontade fraca veio a graça de Deus agir retirando o que havia de trevas de vícios e fazendo brotar as graças de seu amor.
Hoje sou missionária consagrada ao meu amado Senhor na Comunidade Católica Shalom por graça e misericórdia de Deus. Peço que rezem por mim, pois houve vários chamados em minha vida que cumpri, mas há muito mais que preciso cumprir. Preciso me abrir mais, acho que em minha vida inteira preciso deste exercício para aceitar as pessoas, a vontade de Deus, a “Vida de Deus” em minha vida.
“Sim, Pai, não é fácil, mas eu desejo, eu quero, eu vou.”(RVSh)
Testemunho dado à Comunidade Shalom
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