sábado, 19 de março de 2011

DEUS E AS CATÁSTROFES.


Padre José Fernandes de Oliveira, SCJ


Não entendemos e jamais entenderemos as enchentes, os morros que vêm abaixo, a erupções vulcânicas, os terremotos, os maremotos e as tsunamis que fazem 30, 200, 700, mil ou 250 mil mortos. Desde que o planeta Terra existe, os humanos e os animais lutam contra a natureza. Morrem as aves, morrem os peixes, morrem pequenos e grandes animais por contra de algum desastre. Morrem também as pessoas.

Há terras que salvam e nos alimentam e terras que matam, águas que salvam e águas que matam, frio que faz bem e frio que mata, calor que salva e calor que mata. Por isso, os crentes oram por água, frio e calor na dose certa. Quando demais, todos eles matam!

Aos olhos de alguns parece que Deus não vê, aos olhos de outros somos vidas que se desenvolveram num planeta que se mexe e que ainda não sossegou. A Terra continua em formação. Se roubamos a várzea ao rio ele a quer de volta; se vamos morar no morro, as chuvas o lavam, se desmatamos demais, o clima muda.

Sabemos disso, mas o pobre vai morar onde acha espaço, ainda que perigoso, e o rico constrói em lugar idílico, mas sujeito a enchentes e deslizamentos. Mais dia menos dia, podem sofrer morte previsível. E há os que morrem de queda de avião, de batidas de carro e de moto, de mal súbito ou de peste.

Deus deveria ter feito um planeta perfeito que funciona como relógio? Não fez. Dizemos que ele é perfeito e que a Deus nada falta para ser pleno, mas a criação não é perfeita nem plana, nem plena. Deus não criou outro Deus. Nem poderia! Ninguém sabe quando vai morrer e de que morrerá. E também não sabe por que o vizinho morreu e ele continua vivo. Deus quis levar o outro e deixá-lo?

Não conhecemos Deus, nem sua mente, nem seus projetos. Apenas cremos nele. Por isso, quando o pregador diz que sabe por que Deus quis salvar o pai e deixar morrer a esposa e os filhos, vai ter dificuldade de explicar como chegou àquela conclusão. Sexo é mistério, afeto é mistério, amor é mistério, vida é mistério e morte também é.

O planeta, o ser humano, a vida que nos cerca, tudo é imprevisível. Podemos prever um pouco, mas não o suficiente. O melhor que temos a fazer é prevenir-nos até onde for possível e ouvir os especialistas. Quanto à fé podemos crer, aceitar e tentar assimilar a vida, ou brigar com Deus e perguntar a ele se de fato ele existe e se importa conosco.

O furacão do qual cinco membros da família Smith escaparam e os dois bebês morreram levou dois dos seus membros a perderem a fé e dois outros a voltarem para Deus. Mistérios do coração humano! Cada qual achou o seu porquê. Um deles em palavras separadas e com um ponto de interrogação e o outro, numa só palavra, com ponto de exclamação. Os pontos e os acentos continuam. Vivemos de ,;?! “”><>




por
Padre Zezinho, SCJ

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