Refletir sobre a imensidade de Deus, sua majestade e seu poder infinito é sempre de grande proveito espiritual para os que têm fé. Leva a celebrar o brilho de seu santo nome. A Bíblia exalta sempre as maravilhas que o Onipotente Senhor espalhou universo todo. Claras as palavras de São Paulo no seu discurso no Areópagado de Atenas : “Dele recebemos a vida, o movimento e o ser” (Atos 17,28). Ele o Transcendente é onipresente numa imanência admirável pelo seu poder, pela sua essência. Não se acha, contudo, nas coisas como causa material e formal, segundo ensina erroneamente o panteísmo. A inteligência, porém, mostra que a ubiquidade de Deus é uma faustosa realidade.
O ser humano, dotado de razão deve, em consequência, proclamar suas grandezas e emprestar a sua voz às criaturas irracionais como se acha no belíssimo cântico de Daniel (Dn cap 3). O homem foi colocado à frente da natureza visível para ser o adorador da natureza invisível deste Deus que tudo vê (2 Mac 7,34) e contempla os bons e os maus (Pv 15,3). Indagava Davi: “Onde poderei subtrair-me de vosso espírito e para aonde fugirei da vossa presença? Se subisse aos céus, ali vos encontraria; se me ocultasse no abismo, estais presente. Mesmo que eu me agarrasse às orlas da aurora ou me fixasse no extremo ocidente, ainda lá me acompanharia a vossa mão, e a vossa destra me colheria. Se eu disser: “Envolver-me-ão ao menos as trevas, e se se fizesse noite em torno de mim”, nem mesmo as trevas têm para vós escuridão, e a note brilha como o dia e a escuridão como claridade! (Sl 139, 7-12).
O célebre poeta Metastásio com razão pode assim se expressar: “Para onde quer que o olhar eu volva / imenso, Deus, eu te vejo...” Nada pode, realmente, restringir, cingir as perfeições divinas, nada pode retê-las num determinado lugar, obstaculizando-lhes que estejam alhures. Com efeito, a essência de Deus é mais alta do que o céu, mais profunda do que o sheol, mais comprida do que a terra, mais ampla do que o mar. Diz o salmista “a sua grandeza é insondável” (Sl 145,3), como que imperscrutável, mesmo porque não tem limites, a sua sabedoria (Sl 147,5).
A grandeza imensa do Ser Supremo é um atributo absoluto, decorrente da natureza divina. Deus era incomensurável antes ainda da criação, quando nada existia. Continuaria a sê-lo mesmo se tudo fosse destruído. Ele o onisciente que conhece o passado com todas as suas circunstâncias, o presente com todas as suas manifestações, o futuro com todas as suas consequências. Ele possui conhecimento também das mínimas coisas como do fio de erva, do pássaro dos ares, dos cabelos da nossa cabeça (Mt 10,30). É o criador e conservador de tudo. Sua presença é ainda mais notável no ser racional, criado à sua imagem e semelhança e elevado por sua bondade à ordem sobrenatural. Pela graça santificante está presente no interior do homem: “Se alguém me ama, disse Jesus, meu Pai o amará, viremos a ele e faremos nele nossa morada” (Jo 14,23). No céu será possível vê-lo como Ele é (1 Cor 13,12). Por tudo isto cumpre viver na presença de Deus.
O homem não é um ser solitário, abandonado ao capricho do acaso. Seu Senhor é generoso e sempre pronto a amparar quem nele confia. É um Pai que ama ternamente e que deseja a felicidade completa de seus filhos, levando-os à perfeição. Ele preceituou a Abraão: “Eu sou o Deus Todo-poderoso. Anda em minha presença e sê íntegro; (Gn 17,1). Todas estas reflexões devem gerar no cristão uma convicção profunda como ocorreu com os grandes santos. Estes em todos os acontecimentos percebiam a ação da Providência Divina, que guia, às vezes por veredas obscuras, mas sempre envolvendo em segurança absoluta. Quem passa sua existência sob o olhar do Ser Supremo vence as tentações, encontra conforto nos momentos de tribulação. Possui uma fonte inesgotável de coragem, determinação e santa ousadia, repetindo com São Paulo: “Eu tudo posso naquele que é a minha fortaleza” (Fp 4,13). * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Local:Mariana (MG)
catolicanet.com
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