A
Festa de Pentecostes encerra o período pascal; foi o grande dom de
Cristo ressuscitado, que subiu ao Céu e assumiu seu lugar na glória de
Deus. Glorificado à direita do Pai – disse São Pedro – Ele enviou o
Espírito Santo para conduzir os Apóstolos e toda a Igreja (At 2).
Jesus havia prometido enviar o Espírito
Santo para ser a força e a luz da Igreja: “Quando vier o Paráclito, que
vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai,
ele dará testemunho de mim.” (Jo 15,26)
“Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai,
entretanto, permanecei na cidade [Jerusalém] até que sejais revestidos
da força do alto”. (Lc 24,29)
Jesus sabia que sem esta “força do alto”
os discípulos jamais seriam capazes de implantar o Reino de Deus neste
mundo através da Igreja. As perseguições seriam muitas em todos os
tempos, desde o primeiro século até hoje. E muitas seriam também as
heresias que ameaçariam destruir a verdade que salva. Só na força do
Espírito Santo isso seria possível; por isso Jesus, na sua Ascensão,
proibiu que os Apóstolos se afastassem do Cenáculo antes de serem
revestidos, batizados, no Espírito Santo.
“E comendo com eles, ordenou-lhes que
não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem o cumprimento da
promessa de seu Pai, que ouvistes, disse ele, da minha boca; porque
João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo daqui
há poucos dias. Assim reunidos, eles o interrogavam: Senhor, é
porventura agora que ides instaurar o reino de Israel? Respondeu-lhes
ele: Não pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou
em seu poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e
sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e
até os confins do mundo. “ (Atos 1, 4s)
Os Apóstolos, imbuídos ainda de um
messianismo terreno, esperavam que Jesus fosse um libertador político
que livrasse Israel do jugo de Roma: “…é porventura agora que ides
restaurar o reino de Israel?”. Jesus lhes mostra que não, que “seu Reino
não é deste mundo”, e que a salvação de cada um acontecerá pela
pregação do Evangelho em todo o mundo, no poder do Espírito Santo, poder
esse que vence todo obstáculo à evangelização.
A partir de Pentecostes os Apóstolos se
encheram de coragem, sabedoria e pregaram sem medo Jesus Cristo
ressuscitado, enfrentando toda perseguição dos judeus. E o Espírito
Santo estava com eles. É comum essa expressão nos Atos dos Apóstolos:
“pareceu bem ao Espírito Santo e a nós…”.
Jesus disse que: “Deus anseia dar a cada
um o Seu Espírito “sem medidas” (Jo 3,34); e, ainda antes da sua Paixão
e morte, mostrou a importância do Espírito Santo na festa das tendas em
Jerusalém:
“Se alguém tiver sede, venha a mim e
beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão
rios de água viva (Zc 14,8; Is 58,11). Dizia isso, referindo-se ao
Espírito Santo que haviam de receber os que cressem nele, pois ainda não
fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado”
(Jo 7,37-39).
Na santa Ceia, na despedida, Jesus prometeu enviar o Paráclito, o Espírito da Verdade, para conduzir a Igreja sempre à verdade.
“Se me amais, guardareis os meus
mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para
que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não
pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis,
porque permanecerá convosco e estará em vós”. (Jo 14, 15-17)
Este Paráclito veio em Pentecostes para
assistir e guiar a Igreja e ficar “eternamente convosco”. Por isso a
Igreja nunca errou o caminho da verdade que salva (cf. CIC §851).
“Disse-vos estas coisas enquanto estou
convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu
nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho
dito.” (Jo 14, 25-26)
O Espírito Santo veio em Pentecostes
para ficar para sempre com a Igreja e lhe ensinar “toda a verdade”. Essa
é a maior alegria de ser católico. Desde aquele dia no primeiro século
ele assiste e guia a Igreja na verdade; por isso a Igreja é infalível
quando ensina a doutrina católica (cf. CIC §889 a §891).
Jesus deixou o Espírito Santo como
Mestre da Igreja: “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as
podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade,
ensinar-vos-á toda a verdade…” (Jo 16,12-13). É impressionante que Jesus
repete essa expressão “ensinar-vos-á toda a verdade”, não apenas uma
parte da verdade, mas tudo.
Assim, desde Pentecostes – a
manifestação da Igreja ao mundo – ela continua sua caminhada feliz, como
disse santo Agostinho “entre as perseguições desse mundo e a
consolações de Deus”.
É o Espírito Santo quem assiste o
Magistério da Igreja na verdade que salva; Ele inspirou os escritores
sagrados da Bíblia, acompanhou toda a sagrada Tradição Apostólica, atua
na liturgia sacramental, nos carismas, nos ministérios da Igreja, na
oração pessoal dos fiéis, na vida apostólica e missionária, no
testemunho dos santos e em toda a obra da salvação (cf. CIC § 688).
Jesus foi concebido no poder do Espírito Santo e cumpriu sua missão na
força do mesmo Espírito.
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